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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

"...QUANDO TU DISSESTE: BUSCAI O MEU ROSTO; O MEU CORAÇÃO DISSE A TI: O TEU ROSTO, SENHOR, BUSCAREI" SALMO 27. 8

O TEU ROSTO SENHOR, BUSCAREI.

CAPÍTULO DOIS
Cesane nem percebeu que a missa havia terminado, estava concentrada pedindo ajuda à virgem Maria e a seu filho menino, que ela trazia nos braços. A imagem da Santa era o consolo da menina, que rogava ajuda ajoelhada aos seus pés. A fita de cetim que pendia da mão da virgem, já estava molhada com tantas lágrimas recebidas.

No entanto, alguém a observava fazia algum tempo e aproximou-se para uma conversa amiga. Era o padre Chico, uma boa alma apaziguadora. O pároco percebeu que ali havia um drama enorme, que exigia mais que uma palavra amiga, mas, um apoio divino.

O homem, a serviço da igreja e em nome de Deus, aproximou-se da moça e colocou sua mão sobre seu ombro. Imediatamente ela virou-se e ficou em pé; parecia assustada. Quando viu o padre, ela começou a soluçar, então, ele lhe mostrou o caminho para sentarem-se e conversar. Era uma figura que inspirava a paz e confiança e Cesane sentiu que poderia confiar seu segredo a ele.

             Sentada na sacristia e em frente ao bom homem Cesane, com as mãos cobrindo o rosto, disse que estava esperando um filho, mas o pior de tudo estava por vir.

        - Roger, o pai da criança quer que eu pratique o aborto, já disse que não vai assumir e não quer ter nenhum filho. Ou faço o aborto ou ele me mata, porque não vai ficar preso a mim pagando pensão para nenhum bastardo. É assim que se refere ao próprio filho padre.

             - Calma minha filha, precisamos de calma para resolver essa situação. Confia em mim e em Deus, juntos tomaremos suas dores para chegar à uma solução.

             A moça, pela primeira vez, tirou as mãos do rosto e olhou para o pároco com esperança.

             - Padre, ele ameaçou matar meus pais se eu contar a eles.

             - Esse homem é um covarde e está ameaçando quem não pode se defender, quero ver se enfrenta um homem de verdade.

             Padre Chico levantou-se e foi apanhar um copo com água oferecendo à moça. Cesane tomou a água de virada e sentiu-se um pouco melhor. Em seguida, ele pediu a moça que fosse ao banheiro lavar seu rosto para continuarem a conversa. Lá no seu íntimo pediu inspiração a Deus, iria precisar de sua ajuda.

             Depois, calmamente ele disse a ela que precisavam de uma aliada, que a amava acima de todas as dores, que certamente seriam provocadas pela situação.

             Cesane arregalou os olhos e disse:

           - De quem está falando padre?

             - De sua mãe minha filha; com a ajuda dela e da virgem, que também é mãe, venceremos qualquer situação por pior que possa parecer.

             - Agora vá para sua casa e amanhã traga sua mãe aqui, para conversarmos sobre esse assunto tão delicado. Amanhã,  daremos a notícia de sua gravidez à sua mãe e, por favor traga o exame que comprova isso.
             - Pelo amor de Deus padre, eles vão me matar!


             Um texto de Eva Ibrahim

sábado, 16 de setembro de 2017

"...PORTANTO, TOMAI TODA A ARMADURA DE DEUS, PARA QUE POSSAIS RESISTIR NO DIA MAU E, HAVENDO FEITO TUDO, FICAR FIRMES." EFÉSIOS 13

PELO AMOR DE DEUS

UMA PRECE

CAPÍTULO UM
         O dia amanheceu limpo, claro e com um Sol brilhante, bem diferente do dia anterior, que choveu o tempo todo. Cesane levantou-se cedo, embora fosse domingo, queria ir à missa, justificou-se para sua mãe. Parecia preocupada e tinha um olhar esquivo. Alda percebeu que alguma coisa estava errada, conhecia a filha muito bem.

          - Você parece ansiosa, está com algum problema? A mãe aguardava a resposta com um olhar incisivo para Cesane.

          - Não mãe, problema nenhum, apenas quero me aproximar de Deus, por isso vou à missa hoje.

Alda olhou para a filha, que já estava uma moça e pensou no dia em que ela nasceu. A mãe tinha certeza de que seria um menino e seu nome seria Cesar, igual o avô paterno. Quando fez o ultrassom, o médico não pode visualizar o sexo do bebê, que estava sentado. Então, seria uma surpresa para todos. E, realmente foi um espanto, quando o médico disse que era uma menina linda.

Não tinham escolhido nomes para menina e depois de alguns dias, Alda resolveu manter o nome escolhido, apenas elevando-o ao gênero feminino. Juntaram o nome do avô paterno e da avó materna, Cesar e Ane e acabou formando Cesane. A menina cresceu bonita e inteligente; tinha grandes olhos negros e carregava um nome diferente; era muito popular na escola.

 Estava com dezesseis anos e andava de namorico com um rapaz mais velho do que ela, de nome Roger. Seus pais não aprovavam, o rapaz se dizia músico e tinha uma porção de tatuagens. Aquele relacionamento trouxera muitos desgostos para a família. Brigas entre os pais e a filha, que não obedecia à ordem que seu pai dera, para deixar aquele rapaz. E, também não aceitava conselhos de ninguém, pois todos diziam que Roger a faria sofrer.

Cesane era teimosa, estava apaixonada e justamente por um rapaz pouco recomendável para uma menina ingênua como ela. Roger tinha dez anos a mais que a moça, uma motocicleta enorme onde ela andava na garupa, agarrada a ele.

Alda perdera o sossego com toda aquela história e estava desconfiada da atitude da filha; levantar cedo para ir à missa, não era rotina para ela.

Arrumou o café e esperou a filha sair para segui-la de longe. Ficou na espreita até ela entrar na igreja; estava desconfiada.

- Havia alguma coisa errada em tudo aquilo. Olhou para o céu implorando ajuda e depois voltou para casa rezando para Deus proteger Cesane.

A missa terminou e a moça permaneceu ajoelhada, parecia em transe de tão concentrada que estava. Realmente ela precisava conectar-se com Deus, estava em apuros. Elevou os olhos para a imagem da virgem e balbuciou uma prece; enquanto isso, uma lágrima corria pelo seu rosto.


 Um texto de Eva Ibrahim

domingo, 10 de setembro de 2017

“Que as mãos da vida te conduzam pelo melhor caminho. Que a vida acaricie os teus cabelos. Que a terra beije os teus pés. Que o sol te abrace. Que a chuva lave as tuas angústias. Que as estrelas mimem o teu sono. Que a paz sopre para longe as tuas dificuldades. Que a fé fortifique as tuas metas. Que a felicidade seja tua parceira. Que o amor te leve no colo. Que a tua obra seja maior que o teu sonho. Que tu sejas luz no mundo." Lígia Guerra

CAMINHONEIRO, SIM SENHOR

         Juvenal era mecânico de caminhões e trabalhava na oficina há muitos anos; estava casado com Ana, com quem teve quatro filhos. Com o passar do tempo, seu casamento caiu na rotina e perdeu o encanto; a mulher já não o atraia como antes. Ele permanecia junto dela somente pelos filhos adolescentes. Seu maior sonho era comprar um caminhão e sair pelo mundo, sentindo o vento no rosto e a tão almejada liberdade.

As desavenças com a mulher aumentavam a cada dia. Sua vida estava uma droga. Ficava até tarde na oficina e quando chegava a casa, Ana vinha com problemas escolares, familiares e cobranças conjugais. Juvenal já não sentia desejos pela mulher, queria sair fora do casamento de qualquer jeito. Na verdade, queria sair do estado de Minas Gerais, se possível.

Certo dia apareceu um caminhoneiro que estava precisando de seus serviços. O veículo estava com um barulho estranho na roda esquerda. O mecânico resolveu o problema rapidamente, mas o homem permaneceu ali por algum tempo, conversando sobre suas andanças pelas estradas. Conversa vai conversa vem, Juvenal se abriu com o desconhecido contando seu sonho e ambos iniciaram uma amizade, que seria duradoura.

Celso, o caminhoneiro e agora amigo de Juvenal, sempre que viajava por aquelas bandas fazia uma visita ao amigo para contar as novidades e novos casos das estradas. O mecânico ficava extasiado e aguardava ansiosamente a chegada daquele homem, que veio trazer um pouco de luz à sua vida.

Por dois anos seguidos, Celso visitou regularmente o novo amigo. Mas, de repente deixou de aparecer. Juvenal ficou preocupado, queria notícias. O homem morava no sul e ele não poderia ir procura-lo. No entanto, não o esquecera. Ao chegar a casa, sua mulher o avisou que havia chegado uma carta.

Ao abrir, Juvenal percebeu que era de Celso. Dizia que tinha sofrido um derrame e não mais voltaria às estradas. Estava entrevado na cama. Muito triste, o mecânico respondeu que sentia falta do amigo e lhe desejava melhoras.

No mês seguinte, surpreendeu-se quando o caminhão do amigo estacionou em frente à sua oficina. Da boleia saltou um jovem com cerca de trinta anos de idade; forte e parecido com o Celso. Veio em direção ao mecânico lhe estendendo a mão e dizendo que o pai o havia mandado ali.

Com os olhos cheios de lágrimas, contou que seu pai havia falecido fazia uma semana. Antes de sua passagem, ele pediu que o procurasse; queria trocar o caminhão pela oficina mecânica. Trocar sem ver preço, elas por elas. Ana protestou, mas, Juvenal conseguiu convencê-la e o negócio foi feito. Recebeu todas as instruções sobre cargas e perigos da estrada, em uma nova carta deixada pelo amigo; Juvenal leu muitas vezes, até decorá-la.

Morava no interior de Minas Gerais e, em sua primeira viagem levava uma carga para o porto de Santos no litoral paulista. Levantou-se às três horas da manhã, colocou a imagem de são Cristóvão, que ganhara de Ana, sobre o painel e em seguida fez uma oração pedindo proteção. Depois subiu na boleia; estava feliz como nunca estivera antes.

Com o rádio ligado em músicas sertanejas, o homem partiu para sua nova vida. Desceu a rodovia dos Imigrantes cantarolando.  Quando ele voltasse seria outro homem, mais feliz, pensava sorrindo.

Entregou a carga e foi conhecer a praia. Andou na areia, pegou conchinhas para levar para casa e deu um mergulho no mar. Quando a fome chegou, abriu o almoço que Ana havia preparado e comeu ali mesmo, em frente ao mar. Ficou um bom tempo olhando o horizonte onde havia um navio ancorado. Juvenal nunca tinha visto um navio de verdade; - era majestoso e lindo, diria mais tarde para seus filhos. 

               Subiu no caminhão e voltou para a estrada. O homem não cabia em si de tanta felicidade, lembrava-se de Celso em todos os momentos. Onde quer que ele fosse, certamente, o amigo estaria olhando por ele, tinha essa certeza dentro de si. Juvenal fez outras viagens curtas. Em uma delas parou em Aparecida do Norte para conhecer a Basílica e pedir proteção à santa.

           Era outro homem, as coisas em casa andavam melhores e sua relação com Ana voltou ao normal. De vez em quando passava na oficina para ver se o novo dono precisava de alguma coisa. Queria ajudar o filho do amigo.

Depois de seis meses, Juvenal conseguiu uma viagem mais longa; iria para o nordeste. Preparou-se muito bem, seguindo as instruções de Celso. Arrumou um ajudante, pois o trabalho demoraria uma semana, seria necessário ter um ajudante e também companhia para a longa jornada.

Saíram felizes. Dois dias na estrada e começou a chover forte. Tiveram que parar e esperar o tempo melhorar, pois as estradas estavam péssimas. Ficariam no posto de gasolina, seria mais seguro, poderiam fazer comida no fogareiro e dormir no caminhão. De vez em quando Juvenal ligava para Ana, estava com saudades de casa. A vida de caminhoneiro era dura, mas não desistiria nunca, tinha essa convicção.

No terceiro dia conseguiram deixar o posto de gasolina. Seguiam lentamente pelas estradas esburacadas da Bahia. Tiveram que parar novamente, havia um acidente e um congestionamento que durou horas. Então, ele conheceu a solidariedade dos homens das estradas. Tudo eles repartiam: comida, água e informações. Sentiu, então, que um caminhoneiro nunca está sozinho nas estradas. Seguiram em frente. Já estava escuro quando avistaram um carro parado no acostamento.

                Juvenal diminuiu a velocidade, queria parar para prestar socorro. Quando, de repente, apareceu a figura de Celso em frente ao caminhão acenando para ele prosseguir. Assustado e com medo, o homem pisou no acelerador. Sem dizer uma única palavra parou no primeiro posto que avistou.

                Tremendo muito, desceu do caminhão junto com o ajudante, que nada tinha visto. De repente ouviu um barulho que vinha do banheiro. Entrou empurrando a porta e viu todos amarrados num canto. Ele e o ajudante livraram as amarras.

                Soltas, as pessoas informaram que ali houvera um assalto e descreveram os bandidos. Com um frio percorrendo sua espinha, ele constatou que eram os mesmos do carro parado na estrada. Por pouco eles não foram às próximas vítimas. Seu amigo os salvou. Juvenal fez uma oração e, assustados passaram a noite ali mesmo.

         Partiram ao amanhecer contemplando as paisagens, que eram lindas. Muitas montanhas brilhando a luz do Sol, mas na cabeça do homem não saia à imagem do amigo; embora o ajudante insistisse que não havia visto nada.

Retornaram para casa com uma semana de atraso. Juvenal foi logo, procurar o novo mecânico. Contou-lhe o ocorrido e, o rapaz disse que o pai havia sido assaltado naquele local, algum tempo atrás.

Juvenal esperava nova carga e, enquanto isso desfrutava da vida em família, que agora lhe parecia aconchegante. Um porto seguro onde sempre poderia voltar. Antes da próxima viagem iria à igreja para encomendar uma missa ao amigo falecido, mas nunca esquecido.

               Sentia-se um caminhoneiro de verdade, batizado pelas estradas. Em uma de suas paradas encontrou um conhecido, que o chamou pelo nome. Juvenal atendeu ao chamado e o colega perguntou o que ele fazia ali com um caminhão.

               Sou um novo homem. Um caminhoneiro, sim senhor.


Um texto de Eva Ibrahim

domingo, 3 de setembro de 2017

"DAQUI PARA A FRENTE VOU ME AFASTAR DE TUDO QUE ROUBE O MEU SOSSEGO E MINHA PAZ...QUERO LUZ NO MEU CAMINHO E ESTOU CORRENDO DAS SOMBRAS". GEOVANA GOMES

FELIZES PARA SEMPRE

CAPÍTULO SETE
          A família, os amigos e parentes uniram-se para fazer um agrado à Alice. A moça havia sofrido muito e todos queriam vê-la feliz. Promoveram uma reunião no aniversário de Renato, para a despedida de solteiro de ambos. Entre muitas brincadeiras demonstraram a amizade e cumplicidade que havia entre eles.

                Naquela noite caiu a última barreira que a deixava triste, quando  lembrava-se que ainda mancava um pouco. Diante de tantos amigos, nada poderia dar errado e ela resolveu curtir toda a felicidade que tinha direito. A partir desse dia, ela se dedicou a tudo que dizia respeito ao seu casamento; Alice estava feliz como nunca estivera antes.

                O grande dia chegou e quando ela adentrou a igreja, pelos braços de seu pai, estava radiante. Renato, com um sorriso, aguardava a sua amada e a recebeu com um beijo na testa. Em seguida a conduziu até o padre e, de joelhos receberam o sacramento do casamento. O noivo beijou a noiva, estavam casados e seriam felizes para sempre; acreditavam nisso.

                Receberam os cumprimentos na entrada da igreja, onde posicionaram-se entre os pais de ambos. Estavam alegres e felizes por terem realizado o sonho de amor, que um dia haviam sonhado. Depois seguiram para a recepção, que durou até tarde. E, para finalizar a festa, ela jogou o buquê para as mulheres, que estavam sozinhas na festa. Entre brincadeiras e risos o casal saiu de mansinho e foram curtir a noite de núpcias.

                Quando chegaram à casa nova para passar a noite, antes de seguir para a lua de mel, havia um ramalhete de rosas vermelhas sobre a mesa. Alice pegou o cartão e lá estava escrito:

                - “Flores para Alice”. O amor da minha vida.
                 Do seu marido, Renato.


Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

"O QUE SINTO POR VOCÊ É MAIOR QUE QUALQUER COISA, QUE JÁ FOI CAPAZ DE SER EXPLICADO. É A CERTEZA, A RAZÃO,O MOTIVO; É PRA VIDA TODA. É SIMPLESMENTE O AMOR". AUTOR DESCONHECIDO

SIMPLESMENTE O AMOR

CAPÍTULO SEIS
            Os pais de Alice, suas primas e amigas fizeram uma verdadeira campanha em prol do casamento da moça. Todos os dias alguém a estava incentivando e mostrando revistas relacionadas a casamentos; Igrejas enfeitadas, salões de festas e viagens de lua de mel. Com tanta pressão Alice acabou concordando.

            – Quero me casar com Renato, apesar da minha perna não estar completamente curada. Concluiu a moça preocupada.

              Os preparativos para o casamento foram iniciados e após um mês já estavam adiantados. O vestido de noiva estava sendo confeccionado do jeito que Alice queria; com bastante volume nas saias para esconder a cicatriz, que havia em sua coxa. Ela se preocupava muito com a perna, que ainda puxava um pouco ao andar. O braço já não a incomodava muito, estava quase perfeito.

               Renato a abraçava e dizia que estava tudo certo, nada o separaria dela; aquela cicatriz os aproximava ainda mais. Ele amava aquela mulher de qualquer jeito; não importava se ela tinha cicatriz ou não. Alice fazia fisioterapia para melhorar a postura e eliminar a pequena diferença que apresentava ao andar.

            Desde que ocorrera o acidente, a moça passou a mancar com a perna suturada. 

            - Ela encontrou uma forma de proteção da perna ferida, desenvolveu involuntariamente uma defesa. Explicou o médico ao indicar a fisioterapia. Ela tinha medo que a sutura abrisse ou demorasse mais para sarar, então poupava aquela perna.

               Por diversas vezes Renato tocou no assunto, queria que ela se abrisse com ele, no entanto ela se esquivava. Não queria falar sobre coisas passadas, estava cansada e saia de fininho. No entanto, o trauma sofrido deixava uma nuvem em seu olhar toda vez que alguém tocava no assunto do casamento, todos podiam perceber.

           Fazia seis meses que ocorrera o acidente e ainda estava vivo na lembrança de Alice. Ela perdia o sono e ficava chorando a noite toda, sua mãe ficava muito preocupada. Foi, então, encaminhada a um psicólogo e posteriormente ao psiquiatra, para ser medicada com calmantes controlados para dormir.

- Ela precisa desse suporte para descansar e voltar à normalidade, dizia o médico psiquiatra para os pais de moça.

             Foi assim que em quatro meses a moça se recuperou emocionalmente. Estava mais alegre e aceitando tranquilamente fazer planos para seu casamento com Renato. Os dois se amavam e já era hora de viver o futuro planejado.

           O novo casal foi escolher a igreja, o local da recepção e todos os detalhes para a festa acontecer. Em pouco tempo estava tudo pronto, os convites, a igreja, o salão de festas, a casa onde iriam morar e principalmente, o amor continuava vivo entre eles.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

"O AMOR SÓ É LINDO QUANDO ENCONTRAMOS ALGUÉM QUE NOS TRANSFORME NO MELHOR QUE PODEMOS SER" MÁRIO QUINTANA.

AMORES ENTRE DORES
CAPÍTULO CINCO
            A recuperação de Alice acontecia lentamente, pois ela nunca ficara doente acamada e, agora tinha uma sutura de vinte e cinco pontos na coxa e um braço quebrado; coisas demais para ela. Estava manhosa e choramingava de dores o tempo todo. Sua mãe tentava acalmá-la ficando ao seu lado a maior parte do tempo.

           - Uma paciente difícil, disse a enfermeira que a atendia todos os dias.

           Renato lhe fazia companhia sempre que tinha uma folga da clínica; ele revezava com a mãe dela. Procurava satisfazer a todos os seus desejos comestíveis. Ora um chocolate, ora sorvetes, um lanche diferente ou outra coisa qualquer.

             - O que fizesse voltar um sorriso naquele rosto, já valia a pena, dizia o rapaz preocupado.

Para piorar a situação da paciente, sua perna estava inchada com partes arroxeadas e outras avermelhadas. Apresentava sinais flogísticos dolorosos nos pontos da sutura. Teria que ficar internada para controlar os sinais de infecção com antibióticos, dizia o médico para a moça chorosa.

– Quantos dias? Perguntou a mãe da moça.

- Pelo menos, dez dias deverá ficar internada, estimava o médico, para depois terminar a recuperação em casa. Alice escondeu a cabeça sob o travesseiro; estava desolada.

Naquele dia, Alice chorou muito, dizendo que nunca poderia se casar, pois não conseguia andar. O braço imobilizado na tipoia, limitava seus movimentos, mas a perna inchada e dolorosa a impedia de andar.

- Estou horrível, toda arrebentada, se lastimava a moça choramingando. Renato a abraçava e tentava acalmá-la até ela adormecer; depois ia embora. Essa era a rotina de todas as noites naquele quarto de Hospital.

Os dias se arrastavam e Alice se recuperava lentamente. Finalmente chegou o dia de voltar para sua casa; estava emagrecida, pálida e andava apoiada em Renato. A família a esperava com flores e alegria pela sua volta; pai, mãe, avós, tios e primos. Ela precisava de todos e muito carinho para superar aquele trauma, pensou Renato enquanto a ajudava a deitar-se no sofá.

               Com o apoio da família a situação melhorava a cada dia; sua perna estava cicatrizando e voltando ao normal. O braço a incomodava, mas já não tinha muitas dores.

            - É uma questão de tempo sua recuperação completa. Ficará com uma cicatriz na perna, mas é somente uma questão de estética. Quanto ao braço precisa de fisioterapia para ficar bom. Disse o médico em seu retorno ao hospital.

               Alice passava o tempo na clínica, colaborando no atendimento para recepcionar novos clientes, enquanto Renato se ocupava das consultas e tratamentos dos animais. O empreendimento seguia crescendo e conquistando espaços. Renato estava feliz.

              – Já podemos nos casar, posso arcar com as despesas de minha casa, dizia o rapaz sorrindo.

            Alice olhava para a cicatriz em sua perna e chorava se lamentando.

 Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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