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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

"PLANTE HOJE A SEMENTE DA FLOR QUE VOCÊ DESEJA COLHER AMANHÃ". MAYARA BENATTI

                                      AH! O AMOR

                                            CAPÍTULO TRÊS

             Laura estava motivada e resolvida a preparar a ceia de Natal, chamaria os filhos e netos. Estava viva e queria ser feliz com seus familiares, assim, ela armou a árvore, colocou luzes brilhantes e uma guirlanda na porta de entrada. A casa ganhou vida, do ar de abandono e tristeza, agora exalava esperança; estava limpa, arrumada, colorida e festiva.

              Na quarta-feira ela foi ao supermercado e comprou os mantimentos para a ceia. No dia seguinte seria a véspera do Natal e ela passaria o dia todo cozinhando os assados e doces, para servir aos seus familiares. Durante muitos anos, a ceia de Natal foi realizada em sua casa, uma alegria para todos.

             As compras que foram feitas no supermercado, seriam entregues somente no período da tarde, então, ela tinha tempo para descansar na praça. Alguma coisa a atraia para aquele lugar, ali ela se conectava com seu passado e acalmava seu coração.

              Sentou-se mais uma vez embaixo da árvore, que para ela representava a volta à vida. Ficou algum tempo olhando as formigas cortadeiras, que continuavam na mesma labuta, cadenciada e constante.

                - O formigueiro deve estar cheio de folhas das árvores desse jardim, mas, elas não descansam. E, se alguém não as pararem, o futuro do jardim será um deserto. Ela pensou e mentalmente vislumbrou um deserto naquele lugar e fechou o semblante.

              – Não, isso não pode acontecer! Esse lugar não pode acabar.

            Em seguida, Laura fechou os olhos e voltou ao passado novamente. Sentiu seu amor crescer por Luís Carlos, ele a tratava com carinho e amor. O namoro acontecia em locais escondidos, até que seu pai tomou conhecimento e os chamou para uma conversa. Desse modo foi colocada a necessidade de uma atitude mais séria do rapaz.

             - Ou namora em casa ou não tem mais nenhum encontro às escondidas. O pai foi taxativo.

              O consentimento para o noivado foi cheio de recomendações. Ela se lembrava perfeitamente das palavras, que ele disse ao aprovar o noivado:

              - Laura é uma boa moça e lembre-se do que vou dizer. Ela tem família que a ama muito, portanto nunca a maltrate ou terá que responder por isso.

          Foi um jantar animado, o casal parecia feliz. E, na hora da despedida rolou um forte abraço e um beijo intenso e profundo. A moça entrou correndo para seu quarto, foi naquele momento que ela percebeu todo o desejo do homem, contido por seu amor.

               Um barulho a despertou de seu devaneio, abriu os olhos e viu que não havia nada ao seu redor, foi uma motocicleta que passou rapidamente por ali. Então, mergulhou em seus pensamentos novamente; era um lugar confortável, que afagava sua alma inquieta.

           A senhora abriu os olhos, ainda podia sentir um arrepio na espinha, estava viva. Todas as lembranças eram boas e ela não queria sair dali, estava extasiada.

             Nos meses seguintes houve a preparação do casamento, tudo feito com muito capricho pelas duas famílias. Quanto ao noivo, aumentava suas investidas com palavras e atos mais picantes, ele sussurrava em seus ouvidos palavras de amor e desejo. Era um tempo de controvérsias, o sangue queimava em suas veias, também queria se entregar ao amor nos momentos da despedida.

             Mas tinha muito medo de uma gravidez inoportuna, que envergonharia seus pais. Assim, Luís Carlos e Laura se despediam e continuavam a espera da noite de núpcias. O ano demorou a passar, havia pressa em se entregarem ao amor pleno.

           O casamento foi marcado para um sábado, dia vinte de dezembro de um mil novecentos e sessenta e nove. As lembranças estavam vivas em seu pensamento, havia um sentimento mágico que envolvia aquele dia especial. Com um sorriso nos lábios ela retornou para o dia do seu casamento.

 

 Um texto de Eva Ibrahim 
MEU MUNDO REINVENTADO.

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