MAU CARÁTER
CAPÍTULO CINCO
Rui estava furioso, sabia que a filha também
era culpada, mas o rapaz era muito mais esperto do que ela e poderia ter
evitado aquela situação. Alda tentava amenizar a culpa de Cesane, porém o
marido havia pedido inúmeras vezes para ela deixar aquele rapaz, que iria lhe
trazer problemas futuros. Teria que ser rígido e definitivo com aquele mau
caráter.
O pai exigiu que Cesane ligasse para Roger marcando
um encontro em sua casa, dizendo que já tinha uma resposta para resolver aquela
situação. E, quando o rapaz chegou foi convidado a entrar e se deparou com Rui
a sua espera.
-
Eu quero ouvir de você, o que está acontecendo entre você e minha filha.
– Qual
é tio, isso é coisa de marido e mulher, resmungou o indivíduo.
– E desde quando você é casado com Cesane, que
é menor de idade?
- Eu tinha a intenção de me casar com ela, mas
ela me aplicou o golpe da barriga e eu não tenho nenhuma responsabilidade. Não
quero ter filhos para sustentar; o problema é dela, que não soube se cuidar.
-
É isso que você tem para me dizer, seu moleque?
- Eu disse que pago o aborto e
acabamos com essa situação, mas ela quer ter a criança, então que se vire com tudo.
- Sou muito
novo para criar filho, vou curtir a vida, se quiser cuide você da criança, seu
velho bobo.
Rui
ficou pálido, queria avançar no rapaz, mas certamente não teria forças para abatê-lo.
Então, levantou-se e apontando a porta da rua, disse-lhe:
- Fora da minha casa e nunca mais apareça aqui
ou chamo a polícia para prendê-lo, como um verme asqueroso que você é.
-
Roger levantou-se com um sorriso nos lábios, sabia da sua superioridade física
e foi logo dizendo:
- Cuida bem da criança seu babaca. E, saiu
batendo a porta.
Cesane ouviu a conversa e ficou chorando
baixinho, sentindo-se culpada, estava envergonhada por ter provocado a
humilhação de seu pai diante daquele homem, que a iludira e desonrara.
Estava
só, grávida e com um futuro incerto. Rui e Alda se abraçaram com os olhos
cheios de lágrimas, a filha precisava deles. Cesane chorou até adormecer, estava
aliviada, pelo menos agora, já não carregava aquele segredo sozinha.
Um
texto de Eva Ibrahim.