INSPIRAÇÃO
Os meses foram passando e Serena foi
ganhando peso. Cada dia descobria uma emoção diferente, sentia-se plena como
mulher. O pequeno ser crescia forte em seu ventre, modificando seu corpo e deixando-a
mais e mais apaixonada pela criança. Ela não via a hora de pegar seu bebê nos
braços.
A gestante já estava com o enxoval da
filha praticamente pronto. Ela e sua mãe trataram de comprar todas as coisas,
que um recém-nascido poderia precisar. O berço e o carrinho foram presentes dos
avós paternos.
Vitor não se conformava em não poder
participar da gestação da filha. Mas, foi a carreira que escolheu, então, nada
tinha a reclamar. Além do que, amava o que fazia e não poderia imaginar como
seria sua vida fora do exército.
Serena mandava fotos para ele
acompanhar o desenvolvimento da bebezinha. Vitor tinha um verdadeiro álbum de
fotografias, que ficava olhando todas as noites. Eram fotos da barriga de
Serena, que crescia volumosa a cada mês. Mesmo estando longe, formaram uma
família, onde havia muito amor para ser usufruído juntos.
Depois de muitas conversas e
pesquisas chegaram a um acordo, a filha receberia o nome de Cristal. Uma pedra
preciosa que surgira como um presente de Deus. Uma inspiração para a vida dos
dois e a consolidação do amor, que sentiam um pelo outro.
A gestação foi tranquila, um
pré-natal impecável. Serena chegou a trinta e nove semanas, estava pesada, com
os pés inchados e uma leve, mas persistente dor lombar. O médico dissera que o
bebê estava pesando em seu ventre, por isso ela sentia dores nas costas.
Na
quinta feira da primeira semana de dezembro, Serena não conseguiu dormir, pois
passara a noite no banheiro, estava com diarreia. Ligou para o médico e ele
disse que poderia ser um sinal de que seu corpo se preparava para o parto. Disse também, que deveria se hidratar bastante
e manter repouso; era hora de observar e manter a calma.
Serena
já estava usufruindo da licença maternidade e com as malas prontas para seguir
para o hospital, assim que começassem as contrações. Na sexta feira a noite,
ela acordou toda molhada e sua cama estava com um cheiro diferente. Ficou
assustada, então levantou-se e foi chamar sua mãe. Esta ao verificar o ocorrido
assustou-se e exclamou:
- É a bolsa das águas que estourou, está na
hora de irmos para o hospital.
Porém,
a moça sentia-se suja com todo aquele líquido escorrendo por suas pernas e
entrou embaixo do chuveiro, precisava tomar banho. No entanto, sua mãe ficou
pedindo para ela sair, tinha medo que o bebê nascesse no banheiro. Ela queria
proteger a filha, ainda mais que o pai da criança estava tão longe e nada
poderia fazer.
A futura mamãe com uma toalha no
meio das pernas andava igual a um robô, a água continuava a escorrer por suas
pernas. Sua mãe apanhou as malas e ela se encarregou da bolsa com os documentos.
Antes de sair, olhou para o berço e com um suspiro desejou estar de volta com
sua filha nos braços.
O pai tirou o automóvel e estacionou
em frente à casa para leva-las ao hospital. Mas já avisara, que ele ficaria do
lado de fora do hospital, tinha pressão alta e não poderia se emocionar. Enquanto
as duas mulheres tomavam assento, o pai olhou no relógio e exclamou:
- São cinco horas da manhã, este será um longo
dia. Espero que minha neta nasça logo, para podermos relaxar um pouco. Estavam
muito tensos, era inevitável.
Um
texto de Eva Ibrahim