DESESPERO
CAPÍTULO DOIS
Ao adentrar ao seu quarto Valentina
tropeçou no tapete, que estava na porta e caiu batendo a cabeça na parede; o
barulho foi ensurdecedor. E, todos se levantaram para ver o acontecido. A mãe,
o pai, Ana e Celso olhavam atônitos para Valentina, que já estava meio tonta; sofrendo
o efeito dos medicamentos. Clara tentou levantar a filha, mas ela estava
largada e seu corpo mole, parecia desmaiada.
O pai e a mãe arrastaram a menina
para a cama chamando pelo seu nome, mas não houve resposta. Ansiosos,
estranharam quando ela começou a espumar pela boca. Clara desesperada,
desconfiou que havia algo errado e correu para a cozinha. Assustada, ela viu as
cartelas de remédio de pressão da avó vazias e jogadas sobre a pia.
A mulher gritou para o pai e ambos
se entreolharam apavorados. Clara pegou a chave do carro e deu ao marido. Em
seguida, todos arrastaram Valentina até o automóvel, que precisou da ajuda do
vizinho para colocá-la no carro, que saiu em desabalada carreira.
Quando adentraram ao Pronto Socorro a
menina estava pálida e desacordada. Clara começou a chorar enquanto os médicos
e enfermeiros corriam com a maca até a sala de emergência. E, quando ela tentou
adentrar a sala de emergência foi barrada e teve a porta fechada na cara;
então, ela se desesperou com a gravidade da situação.
Duas
horas se passaram sem que tivessem notícias da filha e o casal continuava ali,
estarrecidos com a situação. Os dois irmãos se mantinham calados ao ver o
sofrimento dos pais, nunca os tinham visto tão desesperados. Os avós chegaram e
ficaram sentados calados, a espera de alguma notícia de Valentina. Podia-se
ouvir os soluços de Clara, tão grande era o silêncio que reinava ali.
Então, a porta se abriu e um médico paramentado
de cirurgião entrou se dirigindo ao casal, que mal podia falar de tão nervosos
que estavam.
- A paciente está estável no momento, foram
feitas lavagens estomacais e aplicados todos os recursos disponíveis na área de
emergência, pois o estado da paciente é muito grave. Ela está na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), onde deverá permanecer até segunda ordem.
Em seguida ele saiu silenciosamente,
enquanto todos se olhavam assustados e perdidos. Então, apareceu uma enfermeira
convidando os pais para verem a menina, um de cada vez. Depois todos deveriam
deixar o local, pois, na UTI não pode ficar acompanhante. A moça foi categórica
em sua colocação.
Os familiares se retiraram levando
Ana e Celso e no local permaneceram os pais de Valentina, que se perguntavam o
motivo daquilo tudo. Quando saíssem daquela situação teriam que descobrir a
causa que levou à filha a tomar uma atitude tão radical contra a própria vida.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.