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quarta-feira, 27 de junho de 2018

"E, QUANDO OLHEI EM SEUS OLHOS, O AMOR NASCEU EM MIM E MEUS DIAS SE TORNARAM CHEIOS DE TERNURA. O MEU CORAÇÃO NUNCA MAIS FOI O MESMO, VIVE PULSANDO APAIXONADO". IRMA JARDIM


COM OLHOS DE AMOR

CAPÍTULO DOIS
           O rapaz não pregou o olho a noite toda, estava ansioso; precisava saber mais a respeito da moça, que o instigava tanto. Muitas vezes, foi até a janela para ver se conseguia alguma pista, mas era impossível; o prédio tinha dez andares e todos, em algum momento, estavam acesos.

          No dia seguinte, Otávio foi conversar com o porteiro do prédio em frente ao seu. Cordialmente, usou algumas desculpas e sem grande esforço, conseguiu que o homem falasse da moça e das crianças. Disse que ela se chamava Milena, morava com os filhos no segundo andar, Clara a menina adolescente e Rafael, o irmão mais novo. E, que a mãe trabalhava em uma universidade.

Otávio estava satisfeito, era o que ele precisava saber; saiu cheio de esperanças. Nos seus mais remotos sonhos nunca pensou em se apaixonar novamente, mas, sentia-se queimar por dentro, quando pensava em Milena.

Ele passara a vigiar o prédio em frente, para saber os horários que a moça saia e voltava do trabalho. Descobriu que ela saia muito cedo e deixava as crianças prontas, esperando a perua para a escola. Ele podia vê-las da janela, todos os dias.

Do apartamento dele, no terceiro andar, ele via quando ela acendia a luz, as quatro e trinta horas da manhã. Às vezes, ele cochilava e acordava assustado, quando percebia que ela já havia saído para o trabalho. Otávio descobrira que ela saia as seis e trinta horas e retornava à sua casa, quase sempre, por volta das quatorze horas.

            Ele fez tudo para adequar seu trabalho aos horários de Milena. Chegava a sua casa a tempo de vê-la chegar do trabalho. E o dia em que ela demorava, ele ficava angustiado e de olho na janela. Sossegava quando ouvia o automóvel entrar na garagem, então, ia descansar um pouco.

            A janela tornou-se a parte mais importante da casa, o local onde ele passava grande parte do tempo. Ele conseguia ver a sala de Milena e quando a janela estava aberta, ele podia ver a moça assistindo televisão. Então, mantinha as luzes apagadas para não ser descoberto. Ficava embevecido olhando para ela, estava apaixonado.

            A cada dia ele ficava mais tempo olhando Milena chegar e sair, sentia ciúmes quando percebia que estava arrumada para alguma festa. Ficava nervoso, tinha insônia e só ia se deitar quando ela chegava. Sentia-se traído e ficava imaginando quem seria o objeto da traição; queria mata-lo com muitos socos e pontapés.

          Algumas vezes, ela percebeu que ele estava olhando para ela, no entanto, olhou como se ele estivesse sempre ali. Nem se tocou que ele estava ali para vê-la. Otávio debruçado na janela fazia parte do cotidiano, logo, Milena desviava o olhar e seguia em frente.

Aquela história já se alongava por três meses e o rapaz queria uma definição. O dia dos namorados se aproximava e ele queria fazer uma surpresa para Milena, mas temia ser rejeitado. Pensou em como chegar e falar com ela, sem parecer grosseiro ou intrometido. Passava o tempo todo imaginando como iria se aproximar dela.

               Certa manhã, ele foi até a padaria para comprar pães e ouviu um rapaz pedir um bolo de chocolate confeitado e com morangos em cima. Completou dizendo, que era para comemorar o aniversário de sua namorada. Depois, disse sorrindo:

          - Esse é o melhor jeito de agradá-la, um bolo de chocolate e um ramalhete de rosas vermelhas, não tem como errar. Todas as mulheres do mundo se comovem com essa atitude.

           Então, Otávio pensou nas crianças e decidiu, que levaria bolo para Milena, no dia dos namorados.

           – Vou agradar à mãe e os filhos de uma só vez, perfeito.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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