DIAS DIFÍCEIS
CAPÍTULO TRÊS
O
dia seguinte surgiu e encontrou o casal dormindo sentados na poltrona da
recepção do Hospital. Clara e Rui estavam exaustos de tanto chorar e, acabaram
caindo no sono abraçados, tentando se consolar. A recepcionista, que rendeu a
sua colega do noturno, foi acordá-los pois, já estavam chegando pacientes para
serem atendidos.
-
Por favor, vão para casa descansar, comer alguma coisa, que não adianta ficar
aqui. A paciente está sendo bem cuidada, mais tarde podem retornar, que os
deixarei entrar. Afirmou a moça com pena dos pais de Valentina.
Ambos
ficaram em pé, estavam assustados e quando se lembraram do motivo pelo qual
estavam ali, o desespero ficou estampado em seus rostos. Eles queriam informações
sobre a filha, antes de irem para casa.
A
enfermeira veio e lhes disse calmamente, que a paciente estava se recuperando
lentamente, mas teriam que aguardar a evolução do quadro. Rui parecia desolado
e abraçando sua esposa saiu em busca de um pouco de ar puro. Fora uma noite de
puro pesadelo, seu corpo parecia moído; as dores estavam por toda parte.
Clara
se agarrou ao marido chorando baixinho, precisava de apoio emocional; seu mundo
estava de cabeça para baixo. E, ela não via saída; seu futuro estava irremediavelmente
comprometido.
- Como será minha vida daqui para a frente?
Nunca mais terei paz, o medo da desgraça viverá como um fantasma me assombrando.
Disse ao marido engolindo os soluços. Rui a abraçou com força, sentia o mesmo
que ela.
Vários dias se passaram e Valentina
permanecia em coma para desespero da família. Depois de uma semana de tortura,
a menina acordou e deu sinais de recuperação. Em três dias ela teve alta
hospitalar e foi para casa. Estava emagrecida, mas o maior problema estava na
cabeça; parecia dispersa e não queria conversar sobre o assunto. Estava
deprimida; queria ficar no escuro e sozinha.
Os irmãos mal conversam com ela,
tinham medo de agravar a situação. Clara perdera o sossego, não saia de casa
com medo que a filha fizesse outra loucura. O pai parecia perdido, tinha medo
de retornar a casa e receber outra notícia ruim. A família estava em pânico.
Um texto de Eva Ibrahim
Continua
na próxima semana.