O RETORNO
CAPÍTULO SEIS
No entanto, quando tudo parecia
perdido e Lorena já se considerava uma namorada abandonada, eis que aparece o
Anselmo querendo conversar com ela. Ele estava ansioso, porém cheio de atenções
para com a moça, até lhe trouxera uma caixa de bombons.
Os
dois saíram para conversar em uma lanchonete; queria um ambiente neutro, pediu
Anselmo.
-A
conversa será longa e definitiva, disse o rapaz. Lorena estremeceu;
-
O que ele queria dizer com aquilo? Será que ele a dispensaria educadamente,
como sempre fora o seu jeito de ser?
Pediram
sucos e uma porção a moda da casa e, enquanto beliscavam ele se pôs a falar.
Havia recebido uma carta de seu superior de quando atuava na obra humanitária
dos Médicos Sem Fronteiras. E, este o chamava para completar o serviço, pois,
ali havia muito a fazer por tantas pessoas carentes e desabrigadas. Depois de sua saída,
houvera um surto de diarreia bacilar por falta de saneamento básico; muitas
crianças estavam morrendo de desidratação.
A
moça começou a chorar. Entre soluços dizia que não queria que ele fosse embora
novamente. Então para sua surpresa, Anselmo a pediu em casamento; estava
cansado de ficar só naquele lugar. Ele a queria junto dele. E, para seu espanto
lhe disse:
- Eu te amo Lorena e quero que vá comigo para
eu cumprir essa missão. A moça, agora já formada em psicologia, poderia
ajuda-lo em seu trabalho
Uma
sineta tocou dentro do seu coração, ela mal podia acreditar no que ele acabara
de lhe dizer. Anselmo a amava e ela o seguiria para onde ele fosse, nunca mais o
deixaria ir sozinho novamente.
Ele
pegou suas mãos e a puxou, beijando seus lábios. Naquele momento Lorena entrou
em alfa, amava aquele homem e a resposta era sim.
Chegando a sua casa estava alegre e
esbanjando felicidade. Então, pegou os cacos da galinha e tentou colar os
pedaços, sentia-se culpada por atribuir a ela a distância que o rapaz lhe
impusera. Ela nada influenciara nas atitudes de Anselmo, ele queria aproveitar
aquelas férias para se divertir um pouco. Quando pressionado para terminar sua
missão, pensara nela e acabara por confessar o seu amor.
Durante uma semana o casal se
preparou para a viagem e o casamento antes da partida. Todos estavam felizes
naquela casa, Lorena seguiria o seu amor independente de qualquer magia ou
simpatia. A galinha estava quebrada e fora jogada na lata do lixo.
Em um domingo de manhã o casal
seguiu para o aeroporto com destino a África; estavam muito felizes. A viagem
transcorreu sem nenhuma novidade e quando desceram no aeroporto, a moça
adentrou ao salão de desembarque e para sua surpresa deu de cara com a banca de
lembranças e simpatias para promoção de casamentos.
Ela parou em frente, enquanto o
Anselmo apanhava suas malas e um pensamento lhe ocorreu:
- Será que a galinha está querendo me dizer
para eu comprar outra, já que estou tão feliz?
Anselmo se aproximou e sorrindo disse
a ela que comprasse outra galinha senão o feitiço não vingaria; todos
acreditavam nisso naquela terra.
Lorena sentiu um arrepio pelo corpo
e ao invés de comprar uma galinha ela comprou quatro, cada uma de uma raça
diferente. Com isso ela queria fortalecer os laços dela com a simpatia africana
para não ter surpresas no futuro. Chegou exultante à nova casa e colocou as
quatro galinhas na estante de Anselmo e quando saiu dali piscou para elas, que
eram suas aliadas em se tratando de magias para prender marido.
Termina aqui a história das galinhas africanas, que tem poder de promover casamentos, segundo a crença popular do norte da áfrica.
Um texto de Eva Ibrahim