VIDA INCERTA
CAPÍTULO
DEZ
As férias acabaram e Fernando voltou
ao seu trabalho no Banco, parecia que estava bem de saúde. Entretanto, ele
tomava uma porção de remédios para poder trabalhar e quando chegava em sua casa
se jogava na cama exausto. Celina perdera a paz, vivia preocupada com o marido;
ele parecia distante, passava horas olhando o teto do quarto.
Quando Fernando saia dirigindo o seu
automóvel ela ficava rezando; temia que ele tivesse uma crise ao volante e
sofresse um acidente. Porém, se calava para não aborrecer o marido e saia para
o seu trabalho na escola com o coração na mão.
Fernando andava triste e não queria
conversa, estava emagrecendo e não queria trabalhar; andara faltando do serviço
sem que Celina soubesse. Ficava muito tempo no quarto e quando ela perguntava o
motivo, ele dizia estar cansado.
Fernando não quis nem ouvir o que ela
dizia e se trancou no quarto. Diante da recusa do rapaz, Celina precisou da
ajuda dos sogros para convencê-lo a voltar ao médico. E, ele foi categórico, o rapaz estava
com depressão e o afastou do serviço.
- Apesar da
gravidade da doença, que está associada a epilepsia, existem tratamentos
eficazes atualmente. Os mais comuns envolvem psicoterapia e medicamentos e,
para que haja o desaparecimento completo dos sintomas, é preciso que seja
aplicado um tratamento rígido, explicou o médico para a esposa e o pai do
rapaz.
A
vida de Celina estava um caos, ela precisava preparar as aulas da escola e
devia ajudar e ficar de olho no marido, pois, ele poderia fazer uma besteira;
estava muito esquisito. Ela pressentia que alguma coisa muito ruim poderia
acontecer, se ele continuasse daquela maneira.
Os pacientes com
depressão devem também ser encorajados a modificar seus hábitos diários:
realizar atividades físicas regulares, manter um período satisfatório de sono
diário, ter uma boa alimentação e evitar ficar muito tempo sozinho.
Celina pediu um afastamento temporário da
escola para cuidar do marido. Ela não o deixava sozinho e o incentivava a sair,
no entanto, ele sempre arrumava uma desculpa para ficar no quarto. Não gostava
de visitas e mal falava com a esposa, também não aceitava seus carinhos.
Depois
de alguns dias internado, Fernando voltou para casa; estava pálido, fraco e mal
conseguia andar. Celina também estava enfraquecida, depois de muitas noites mal
dormidas, ela queria cair na cama.
Naquela noite, a moça tomou um banho quente,
um comprimido para dor de cabeça e foi dormir; estava exausta. E, quando
acordou olhou o lugar vago na cama e de um salto levantou-se.
Um
texto de Eva Ibrahim
Continua na próxima semana.