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quarta-feira, 24 de abril de 2019

"ROMARIA" (...) SOU CAIPIRA PIRAPORA NOSSA SENHORA DE APARECIDA, ILUMINA A MINA ESCURA E FUNDA O TREM DA MINHA VIDA. SOU CAIPIRA PIRAPORA NOSSA SENHORA DE APARECIDA, ILUMINA A MINA ESCURA E FUNDA O TREM DA MINHA VIDA." (...) RENATO TEIXEIRA

DE MÃOS DADAS

CAPÍTULO DOIS
              Instintivamente, Marcelo estendeu a mão para Angel e, esta retribuiu o gesto segurando na mão do rapaz, que começou a rezar uma Ave Maria, para a Santa de sua devoção. Foi acompanhado pela jovem em sua oração e depois, juntos agradeceram pelo livramento recebido. Em seguida, ele explicou que todo peão de boiadeiro tem devoção à Nossa Senhora Aparecida, que é a protetora de todos eles. E, pelo menos uma vez na vida, devem visitar a Basílica, no Santuário de Aparecida do Norte, no Estado de São Paulo.

        Logo em seguida, outro médico adentrou ao recinto se apresentando e dizendo que os deixaria novos em folha. Olhou os ferimentos e fez uma avaliação preliminar, então deu o veredito. Primeiro a moça, cujo ferimento era menor e mais superficial, enquanto o rapaz teria que ter uma atenção maior, pela gravidade da ferida.

          Trinta minutos e Angel estava liberada e com a receita na mão.  Levantou-se meio zonza e desejou boa sorte ao rapaz, que segundo o médico, ficaria internado no hospital para observação e medicações necessárias. 

            O ferimento de Angel foi suturado com dez pontos, pois foi decorrente do atrito com a quina do muro de cimento. Olga amparou a filha e foram conversando até o táxi.

             – Mãe, o Marcelo levou um coice do seu próprio cavalo e poderia ter morrido. Ele disse que foi a Santa que o salvou, Nossa Senhora Aparecida. Contou a menina, comovida.

            - Sim, dizem que os peões fazem uma oração para a Santa antes de entrarem na arena, em dias de rodeios. Afirmou sua mãe.

             Angel tinha muitas dores nas escoriações sofridas ao cair. Sua cabeça latejava, pois, a anestesia havia passado e parecia ter um coração na testa. Olga deu um analgésico para a filha e apagou a luz do quarto, queria que ela dormisse um pouco.

             Embalada pelo sono provocado pelo remédio forte, dormiu e sonhou com um rodeio, no qual o Marcelo estava no lombo de um touro bravo, que corcoveava sem parar. Em dado momento, ele foi atirado ao chão e o seu chapéu voou longe. Ela correu e o apanhou do chão, então, viu a medalha de nossa senhora pregada no chapéu de Marcelo. Enquanto a plateia aplaudia, o peão era socorrido pelos ajudantes de arena.

            Foi levado à enfermaria do posto médico, ele tinha caído de mal jeito e Angel ficou tremendo de medo que ele tivesse se machucado. A menina acordou assustada, aquilo tudo parecia ser muito real; precisava ver o rapaz.

           Logo pela manhã, ela ligou no hospital para saber se ele estava bem e quando teria alta.

              - Ele ainda está internado e o restante somente o médico poderá lhe responder. O horário de visitas se dará a partir das catorze horas e terá duração de uma hora. Em seguida, a atendente desligou.

            A menina ficou pensativa. Mal conhecia o rapaz e já se importava com ele a ponto de ficar trêmula e preocupada com sua situação. Iria visita-lo para saber se estava bem, ou não poderia relaxar enquanto se recuperava. Não parava de pensar nas mãos quentes do rapaz e na sua devoção à Nossa Senhora Aparecida. 

            Angel precisava vê-lo novamente, disso ela tinha certeza.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

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