FESTA NA FLORESTA
CAPÍTULO NOVE
O domingo amanheceu com um Sol forte e um céu azul, anunciando um grande dia. A cidade de Parintins estava vivendo
mais um dia especial, muitos turistas entre as duas torcidas. A cidade acolhia
gente de todas as partes do país e até do estrangeiro. Os Caprichosos e os
Garantidos se respeitavam, contudo, os dois queriam ganhar e gritar bem alto:
- Campeão! Campeão! Campeão! E correr para o
abraço.
Depois, virar a noite comemorando o esforço de um ano inteiro, de muito
trabalho. Mas a regra deve ser seguida, no quesito respeitar o adversário,
mesmo porque são todos moradores da mesma comunidade e a convivência é
necessária. Então, haverá louros para quem vencer e aplausos para o perdedor.
Celina e Lorena acordaram quando
o Sol já estava alto e foi necessário bater na janela de Rodolfo, para que ele
se levantasse. Era o dia da grande final e todos estavam motivados. Os donos da
casa continuavam torcendo para o Caprichoso, enquanto os três amigos se
apaixonaram pelo boi do Garantido. Entretanto, iriam de roupas neutras, porque
queriam torcer para os dois.
-
Que vença o melhor! Afirmou Rodolfo. E todos concordaram.
Chegaram
cedo ao Bumbódromo e foram para um lugar, onde podiam assistir à apresentação
perto da arena. Rapidamente o público tomou seus lugares e os montadores da
estrutura do carro alegórico principal davam os últimos ajustes
.
Era
um carro gigante, representando os povos da floresta e outros três carros com
aves e índios para completar o cenário. Nos fundos havia mil brincantes, para
manter vivo o cenário, enquanto em primeiro plano variavam as apresentações e
destaques. Em dado momento, o boi foi brincar em meio a sua plateia, que
enlouquecida gritava, cantava e dançava alegremente.
Em
seguida entrou, para sua performance, a sinhazinha da fazenda. Uma linda morena
com um luxuoso vestido de plumas verdes, pedrarias e muitas borboletas
coloridas, que chacoalhavam com seus movimentos dançantes. Na cabeça trazia um
cocar de plumas e pedrarias coloridas. E para completar os enfeites, dois brincos
brilhantes nas orelhas e um pequeno estandarte na mão esquerda; com a mão
direita ela acenava para o público. Lorena pregou os olhos naquele vestido e
foi logo dizendo:
- Esse vestido é um verdadeiro sonho, eu
gostaria de estar dentro daqueles espartilhos. Rodolfo riu e disse:
- Eu não saio com você vestida com uma roupa
dessas.
– Por quê? Retrucou a moça desapontada.
- Porque eu teria que ficar a, pelo menos,
dois metros de distância de você, mal conseguiria pegar em suas mãos. E, riu
dizendo:
- Ainda bem que você não é nenhuma sinhazinha,
apenas a minha garota. Afirmou o rapaz.
Em
seguida a abraçou, estava contente em estar junto dela.
Dando sequência as apresentações,
entraram dez cavaleiros com estandartes, que traziam em seu mastro garças
brancas com bicos vermelhos. Depois, mais dez cavaleiros com grandes borboletas
coloridas, fitas verdes brilhantes e douradas, nas pontas dos estandartes.
A festa tomava corpo, então entrou a
cunhã-poranga para se apresentar. Trazia um belíssimo traje indígena com muitas
plumas, cocares e um estandarte com a figura do boi branco, com um coração vermelho
na testa. A festa seguia alegre e cheia de vida ao som da toada motivadora. Milhares
de pessoas aplaudindo e ovacionando o desenrolar da história, encenada na arena
do Bumbódromo.
Novos personagens se juntaram à dança. Mais
dez cavaleiros com araras vermelhas nos estandartes e outros dez com papagaios
nos mastros. Todos formaram uma grande roda, que se movimentava formando
desenhos circulares, tendo no centro o boi dançarino fazendo evoluções.
Paralelo
a essas rodas, havia muitos personagens indígenas e figuras de arbustos, fazendo passos de danças e coreografias ensaiadas. Para se integrar a eles, chegaram os animais da floresta.
A onça pintada, o mico-leão dourado, o gavião, os macacos, o tamanduá, o porco
do mato, a raposa, o boto cor de rosa, as araras, os tucanos e os papagaios
chegaram para abrilhantar a festa.
Para essa festa foi formada uma
roda com três anéis, que se moviam formando caracóis e dentro delas estava o
pajé, com seus galhos de ervas dançando e benzendo ao mesmo tempo.
Nesse momento, na roda principal,
entraram o boi branco com um coração vermelho na testa, ao lado da sinhazinha
da fazenda para apresentarem a evolução principal. A grande festa da floresta
tomava conta da arena do Bumbódromo e a alegria estava presente na plateia do
boi Garantido. Enquanto isso, a torcida do Caprichoso mantinha-se calada no
escuro.
O tempo voou e quando perceberam estava
encerrada aquela apresentação; logo após, viria a apresentação do boi
Caprichoso. Os três amigos e o irmão de Celina acompanhado da esposa, saíram para
comer alguma coisa no intervalo e Rodolfo observou:
- O boi Garantido já ganhou, nada poderá
superar essa apresentação.
Foi simplesmente fantástica! Disse Lorena
e Celina completou:
- Vamos assistir à apresentação do
adversário, mas também acho que o boi Garantido será o campeão. Então, voltaram
para as arquibancadas, outra festa estava começando.
.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa
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