AMOR SEM MEDIDA
CAPÍTULO SEIS
Em clima de festa, o casal
foi recebido pelos pais, que procuraram ajudar a suprir as necessidades da nova
casa. Sila e Alcir irradiavam alegria, parecia que a felicidade se instalara
naquele local para ficar brincando de amor. Arrumaram a casa, guardaram os
presentes e com eles uma parte da magia do casamento ficou suspensa no ar; era hora
de se conhecerem melhor.
Entre beijos e abraços a
rotina foi se instalando naquela casa, não dá para viver só de amor, essa é a
grande verdade. Sila e Alcir voltaram ao trabalho, tinham muitos projetos em
mente e precisavam de dinheiro. Alcir vendeu a moto e comprou um automóvel,
pensava em ter filhos e a moto não era apropriada.
Sila não se pronunciou a
respeito da conversa sobre ter filhos, não queria desiludir o marido, pois,
filho estava fora de questão naquele momento. Teriam tempo para conversar e
decidir sobre muita coisa a respeito do futuro, pensou a moça com uma pitada de
preocupação.
Com o passar dos dias foram
surgindo às divergências, Alcir não queria que sua mulher estudasse à noite;
tinha ciúmes. Entretanto ele sabia que ela não deixaria a Escola. Era um sonho
antigo terminar a faculdade para arrumar um emprego melhor. Seus pais sempre a
incentivaram para concluir os estudos e ela queria dar esse gosto a eles.
Em
apenas um mês, o casal já havia discutido seriamente por duas vezes. Ambos
tinham gênio forte e não abriam mão de suas ideias. As aulas tinham data
marcada para começar e Alcir já estava sofrendo por antecipação. Na verdade,
ele queria que sua mulher ficasse em casa cuidando dele, porém, ela não
deixaria o trabalho e muito menos a escola. Ele sabia disso e temia a própria
reação.
Ele odiava a ideia de ficar
em casa sozinho esperando por seu amor; Alcir sabia que estava em seu limite,
tinha o pavio curto. Foi se aconselhar com sua mãe, que tentou amenizar a situação
mostrando a ele que a moça tinha razão, precisava terminar os estudos.
Quando ela chegava do serviço, os dois se abraçavam e ele ficava alegre; depois do jantar ele se aninhava naqueles braços tão queridos e dormia feliz. Bastava à presença de sua mulher para Alcir se esquecer de seus temores; tentava se acalmar para Sila não perceber o drama que estava vivendo.
Quando ela chegava do serviço, os dois se abraçavam e ele ficava alegre; depois do jantar ele se aninhava naqueles braços tão queridos e dormia feliz. Bastava à presença de sua mulher para Alcir se esquecer de seus temores; tentava se acalmar para Sila não perceber o drama que estava vivendo.
Depois de alguns dias, ela
chegou contente, trazia nos braços os cadernos que comprara para voltar às
aulas na faculdade. Uma campainha disparou
dentro dele; sua saga iria começar. Deu um sorriso amarelo e mal correspondeu
ao beijo que recebeu; tinha uma faca, chamada faculdade, cravada em seu peito.
Alcir lutava contra seu
sentimento de revolta enquanto Sila tomava banho. Pela primeira vez pensou em
impedir sua mulher de sair, porém, ela poderia não gostar e até abandoná-lo. Teria
que usar de diplomacia e pensar em uma estratégia para prendê-la em casa.
Precisava agir rápido ou teria que leva-la ao ponto do ônibus.
Abriu o freezer e pegou um
peixe congelado, depois o colocou sobre a tábua de cortar carne e sem titubear
pegou a faca mais afiada que havia ali e mandou sobre seu próprio dedo. O grito
foi lancinante e verdadeiro; a dor foi insuportável.
Quando Sila ouviu o grito saiu
do banheiro só de toalha, o marido estava encostado na pia da cozinha. Alcir ficara pálido, em meio a uma poça de sangue. O rapaz segurava a mão enrolada em um
guardanapo branco, sujo de sangue, parecia que iria desfalecer a qualquer momento.
A moça parou estarrecida, deixando a toalha cair no chão e ficou olhando aquela cena dantesca. Não sabia se gritava, corria ou vestia sua
roupa, estava nua e impotente.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.