EU QUERO COLO
CAPÍTULO DOZE
Alguns
dias se passaram e nada mudou. Murilo sentia-se só, precisava ir até a casa de
Lívia, queria ver seus filhos. Tomou banho, passou uma colônia, que ele sabia
que sua esposa gostava e partiu rumo à sua família. Iria começar a provocação,
para tentar reatar seu casamento.
Estava
ansioso, sentia-se envergonhado e arrependido, ainda assim, teria que tentar
reaver o amor de sua mulher. Seria difícil, mas faria tudo para voltar atrás e
tentar apagar seus erros. Lívia estava resistente, não queria saber dele;
andava quieta e introspectiva, o que o deixava preocupado.
Era
sexta-feira à noite e ele foi visitar os filhos, iria se manter alheio à
presença de sua mulher. Quem sabe assim, ela veria o homem que estava perdendo,
era um jogo arriscado, mas Murilo teria que tentar tudo.
As
crianças acolheram o pai com alegria, sentiam sua falta, pensavam que ele
estava trabalhando longe de casa. Não percebiam a situação grave da separação
dos pais. Lívia jamais colocaria os filhos contra Murilo, ele sempre fora um
ótimo pai e marido também.
A
mulher ficou sem jeito, não sabia onde ficar, se na sala junto deles, ou no
quarto sozinha. Ainda guardava mágoa do marido, mas já conseguia olhar para ele
sem ódio no coração. O pai ficou duas horas com as crianças, trouxera doces, chocolates
e sorvetes. Os pequenos, depois de se fartarem, saíram para brincar e o casal
ficou sozinho.
Os dois estavam completamente
sem saber como agir. Murilo tomou a iniciativa, tirou um maço de dinheiro do
bolso e disse:
- Aqui está o dinheiro para as
despesas da casa e um extra para você comprar um presente para o seu
aniversário, que será na semana que vem.
Lívia
hesitou em pegar, mas precisava pagar as contas da casa, então suspirou e apanhou
o dinheiro, que ele depositara sobre a mesinha da sala. Ficara surpresa por ele
ter se lembrado do aniversário dela, que estava próximo. Em seguida, ela se
levantou, estava desarmada e disse:
-
Obrigada, vou comprar um vestido novo. E, saiu da sala com o dinheiro na mão,
Murilo sempre fora generoso e ela foi verificar quanto havia ali.
Ela ficou surpresa, era uma bela
quantia em dinheiro. As crianças voltaram e o marido foi embora. A noite foi
longa, a visita do marido mexera com ela. Lembrou-se das coisas boas que haviam
passado juntos, depois chorou até pegar no sono. Murilo ainda estava vivo em
seu coração, no entanto, ela estava ferida pela traição e nunca mais poderia
confiar nele.
Mais alguns dias se passaram e o
aniversário de Lívia chegou. Já era noite e ele nem sequer telefonara para lhe
desejar felicidades. Era o primeiro aniversário dela, que o marido não estava
presente. Ela chorou, várias vezes, durante o dia, que foi difícil. As
lembranças povoavam seus pensamentos e quando a noite caiu, ela sentiu-se
abandonada.
Já passava das vinte horas,
quando um veículo parou em frente à sua casa. Ela foi ver quem era e seu
coração disparou, era Murilo descendo do automóvel com algumas caixas nas mãos.
E, com um largo sorriso, se aproximou dela. Em seguida, deu um beijo em sua
face dizendo:
- Parabéns querida, eu lhe desejo
todas as felicidades do mundo, ao meu lado.
Lívia ficou sem jeito, percebeu
que ele insinuara uma volta para casa. Seu coração disparou, estava fragilizada
e ele a surpreendeu com aquelas palavras.
As crianças receberam o pai com muita
alegria e todos foram abrir os pacotes. Lívia arrumou a mesa e com a família
reunida, puderam cantar parabéns, foi um momento de paz. Murilo não tirava os
olhos de sua mulher, que estava muito bonita, um pouco mais magra, mas atraente
como sempre.
Depois de recolher a louça na pia, foram
para a sala. Sentaram-se no sofá, ficaram lado a lado e então, o marido a puxou
para si e disse:
- Bandeira branca, amor, eu quero colo. E, a
beijou ardentemente.
Lívia ficou mole em seus braços,
aquele era o seu lugar, não poderia resistir mais. Murilo ficou até as crianças
dormirem, então sua mulher disse:
- Vem, vamos dormir, seu lugar é
aqui.
- Sim querida, eu te amo, me perdoa
por favor.
Dentro de um abraço, seguiram para
o quarto. Era um recomeço, estavam felizes.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa