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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" -PADRE MARCELO ROSSI- "(...) E AINDA SE VIER NOITE TRAIÇOEIRA, SE A CRUZ PESADA FOR, CRISTO ESTARÁ CONTIGO". O MUNDO PODE ATÉ FAZER VOCÊ CHORAR, MAS DEUS TE QUER SORRINDO".

                            UM BUQUÊ DE ROSAS

CAPÍTULO SEIS

           Na manhã de sexta-feira, começa o translado da imagem da Virgem Peregrina. Bem cedo é rezada a missa na Basílica da Virgem de Nazaré e as oito horas da manhã, acontece a procissão do Círio, que é o translado até a cidade de Ananindeua.

              A saída ocorre em frente a Basílica e percorre cerca de cinquenta quilômetros, até chegar à Igreja de Nossa senhora das Graças, na cidade vizinha. A caminhada dura dez horas, chegando ao destino as dezoito horas. Durante o trajeto, essa procissão deve envolver mais de um milhão de pessoas.

              Edileusa e Caetano estavam prontos, para acompanhar a imagem da Santa até Ananindeua. Ela queria cumprir sua promessa, que consistia em rezar um rosário inteiro, durante a romaria. Com muita fé no coração, os dois seguiam a multidão, da qual emanava muita energia positiva. Milhares de pessoas em oração são agradáveis aos olhos dos céus e ali, não havia nenhuma nuvem no horizonte de Belém do Pará, era um dia perfeito.

              O religioso que celebrou a missa pela manhã, seria o mesmo que celebraria a missa vespertina, antes de iniciar a vigília noturna. Durante toda a noite, milhares de devotos permaneceram em frente à igreja de Nossa Senhora das Graças. Assim, aconteceu o translado da imagem da Virgem Peregrina.

            No sábado de manhã, a romaria rodoviária saiu em direção a cidade de Icoaraci. Durante o trajeto, a imagem da Santa recebeu homenagens dos devotos em bares, restaurantes, postos de combustíveis, condomínios e vilas a beira da estrada. Por onde passou, em carro aberto, foi aplaudida e reverenciada.

          Caetano e Edileusa pegaram carona em uma caminhonete de conhecidos e fervorosamente acompanhavam a procissão de milhares de veículos. A moça tinha o pensamento fixo no rosário, que trazia nas mãos. Ela procurou em diversas lojas de produtos religiosos, para encontrar um rosário. Diferente do terço, o rosário tem vinte dezenas e duzentas Ave-Marias, que correspondem a quatro terços.

           “Segundo a tradição católica, o nome de Rosário foi dado, pois a cada Ave-Maria que rezamos é como se entregássemos uma rosa à Nossa Senhora. No final de duzentas rezas, entregamos um lindo buquê de rosas à Virgem Santíssima”.

              Edileusa continuava suas orações em voz baixa e concentrada, era a sua promessa para a Virgem de Nazaré. Sentada no fundo da carroceria do veículo, nada a dispersava. Caetano se mantinha próximo para protege-la de solavancos, que poderiam machucá-la.

             Chegando a Icoaraci iniciou-se o posicionamento da comitiva da imagem da Santa, para começar a romaria do Círio fluvial. A imagem seguiu de barco pela baia de Guajará de Icoaraci, até o porto de Belém. Formou-se uma procissão de barcos pesqueiros, jet Skis, canoas, iates enfeitados e outros, para homenagear a santa.

             O casal continuava firme no propósito de acompanhar a imagem, até sua chegada à Basílica. Edileusa continuava com o Rosário nas mãos, em uma súplica contínua. Quando o barco em que o casal se encontrava passou pela embarcação, em que a Santa estava, a moça jogou uma rosa, com seu pedido de socorro.

           Ela não percebeu, mas a rosa ficou enroscada no barco entre outras flores. A romaria seguiu em frente até o porto de Belém e a partir da Estação das Docas iniciou-se a moto-romaria. Era composta de muitas motocicletas enfeitadas, que partiram buzinando freneticamente em homenagem a Virgem, até o Colégio Gentil Bitencourt. Por todo o trajeto anunciavam a passagem da Imagem da Santa.

          Então, na noite do sábado ocorreu a transladação, que é realizada a pé.  A Imagem peregrina é colocada em uma berlinda, que é atrelada a uma corda de 400 metros e puxada pelos devotos até a Catedral da Sé. A corda é feita de sisal e é disputada pelos fiéis, que querem segurá-la para ficar bem perto da berlinda, onde está a imagem, formando assim, um cordão humano ao longo da corda.

               Além dos carros de promessas, onde pode-se observar velas do tamanho das pessoas, existem os membros humanos em cera, esculturas de partes do corpo, casas, barcos e outros bens em miniaturas, oferecidos pelos devotos, em agradecimento aos milagres recebidos. Vale tudo para demonstrar agradecimentos, os fiéis vão descalços, com crucifixos, com imagens da santa e outros objetos relacionados aos milagres recebidos. Pode-se observar crianças vestidas de anjos, para cumprir promessas de seus pais, que vão acompanhando a romaria.

            A procissão do Círio reúne cerca de dois milhões de pessoas e é o ponto alto da festa, que sai da Catedral da Sé até a Basílica de Nazaré.

             Edileusa e Caetano, também, estavam segurando na corda, que tinha quatrocentos metros e pesava setecentos quilos. E, ao chegar ao destino, a romaria se concentrou em frente à Basílica e os devotos atacaram a corda, cortando-a, para cada um levar um pedaço para casa, pois acreditam dar sorte.

            A moça saiu com um palmo da corda, que o seu namorado conseguiu cortar com um canivete. Ambos estavam orgulhosos pelo feito, a corda lhes passava a certeza da promessa cumprida.

          O rosário foi dependurado na parede da sala de sua mãe, com a recomendação de deixa-lo ali para sempre. Edileusa estava serena, entregara o buquê de rosas prometido à Virgem de Nazaré e tinha consigo o pedaço da corda, que para ela era uma relíquia.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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