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sexta-feira, 14 de abril de 2017

"EU GOSTO DE OLHOS QUE SORRIEM, DE GESTOS QUE SE DESCULPAM, DE TOQUES QUE SAIBAM CONVERSAR E DE SILÊNCIOS QUE SE DECLARAM". MACHADO DE ASSIS


EU TE AMO
CAPÍTULO CINCO
            Eloisa estava enraivecida e decidida a não mais falar com aquele homem grosso. Ele se mostrara ríspido e mandão, deixando ela sozinha em frente ao computador. Na noite seguinte ela ouviu quando o Skype chamou, no entanto ignorou; não iria atender Benjamim.
                Ele a chamou na segunda feira, na terça e também na quarta feira, então ela resolveu atender.
              - Que você tenha uma boa explicação, para ter-me deixado sozinha na noite de domingo.
                Benjamim abriu o sorriso ao ver sua amada, mas ela queria uma explicação. E, ele tentou se explicar.
            - Eu fiquei tão emocionado ao vê-la que passei mal, fechei a câmera e fui me deitar com o coração disparado; me perdoe, isso não vai mais acontecer.
                Eloisa aquiesceu;
            - Tudo bem, mas se fizer isso novamente, não haverá mais conversas no Skype.
                Com a situação amenizada a conversa fluiu branda. Ela queria saber muitas coisas de sua vida e costumes.

             –Quem cuida de você? Existe outra mulher em sua vida?
                -Minha filha cuida de mim, afirmou o general.
                - Não tenho tempo para outras mulheres, sou muito ocupado e a amo muito; só tenho você.
                - Então, vamos fazer um trato de amor, fidelidade de ambas as partes, sugeriu Eloisa. O velho turrão concordou:
               - Fiel até a morte!

             A moça não gostou muito, até a morte era muito tempo, mas concordou, afinal fora ela quem sugerira o pacto. No entanto, não pretendia cumprir; era muito jovem; estava com quarenta e cinco anos e esperava viver outros tantos. Tinha dois filhos casados e três netos, trabalhava e era independente. Mas, a magia do local e a situação criada a deixavam extasiada, também queria aquele homem.

             - Se eu for encontra-lo em sua terra, terei que usar a burca? Eu serei aceita como sua esposa?

            -Você não pode vir aqui, pois é muito perigoso, mas se viesse como turista, poderia andar com um lenço na cabeça, roupas discretas e de cores neutras. Para eu me casar com você sendo ocidental, terá que aceitar a minha religião e aderir aos costumes da minha terra, afirmou Benjamim.

Eloisa percebeu que seria muito difícil aquele relacionamento dar certo, mas gostava de ser cobiçada por ele e deixaria o amor fluir. Para tanto começou a ler sobre a religião muçulmana e os costumes da região. Era um mundo novo, cheio de rituais e crenças fortíssimas, que o tornava um homem diferente dos que ela conhecia; um enigma a ser decifrado.

Um general de guerra, que comandava suas tropas rigidamente, que também acatava as ordens superiores cegamente. No entanto, trazia no peito uma semente de amor plantada em seu coração árido. Amava as filhas e netos fraternalmente e Eloisa apaixonadamente.

Quem convivia com ele não imaginava o amor que trazia dentro do peito, que chegava a doer só em pensar em rever sua amada. Eloisa não ficava indiferente ao seu amor. Gostava dele como uma novidade que massageava seu ego, porém, não levava aquele relacionamento muito a sério. Saíra de um casamento complicado e agora era livre e solta para cuidar de sua vida. E, ele representava uma vida contida e servil; teria que pensar muito em tudo aquilo.

Benjamim enchia a boca e dizia: eu te amo.

Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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