INACEITÁVEL
CAPÍTULO
DOZE
O homem fechou a cara e tratou de
tirar a mulher dali; depois conversariam, disse Antônio para Olívia. Ela
percebeu que ele não aceitaria sua gravidez como sendo dele; pairava muita
desconfiança no ar. Olívia sentiu medo, o marido poderia agir com violência
quando soubesse quem era o pai da criança.
Durante
o trajeto até a residência do casal, Antônio não disse uma única palavra,
apenas olhava de rabo de olhos para sua mulher, que chorava baixinho. A
situação já demonstrava que o marido tinha razão em sua desconfiança; porém,
ele queria ouvir da boca de Olívia sobre sua gravidez.
- Ele era um homem curtido pela vida, um velho
“lobo” da estrada e ninguém o enganaria sobre uma possível traição de sua
mulher. Até então, ele pensava que Olívia era uma dona de casa exemplar. Antônio precisava pensar em tudo o que estava
acontecendo, pois, sua mulher quase não saia de casa e vivia fugindo de seus
carinhos, como ficara grávida?
O
médico dissera que na menopausa é possível engravidar, entretanto, tiveram tão
poucas relações nos últimos meses, que aquele filho não poderia ser dele. Sua
esposa, com certeza, havia arrumado um amante.
Olhou para Olívia e sentiu ódio,
mataria o amante dela e depois a poria na rua; que se virasse sozinha. Não iria
criar filho bastardo de ninguém, então, pensou em Renato e Raquel. Os filhos
dele sentiriam vergonha da mãe e do pai se ele fosse para a cadeia. Devia
pensar melhor, afastou a ideia de matar o pai da criança; cadeia não era lugar
bom.
Chegaram
a residência e entraram na sala, então ele pegou os dois punhos de Olívia e a
sentou rispidamente no sofá. Era a hora da verdade, que ela falasse tudo que
estava acontecendo ali.
-De
quem era aquele filho? Em seguida lhe acertou um tapa no rosto, que ardeu feito
fogo. Ela começou a chorar e gaguejou o nome de João Paulo; então, levou outro
tapa no outro lado do rosto. Ele não estava para brincadeiras e queria toda a
verdade; sentou-se em sua frente e ficou esperando a explicação de sua mulher.
Entre lágrimas ela contou a história de amor que estava vivendo com o filho da
vizinha.
O
homem perdeu a paciência e abriu a porta mandando ela ir embora daquela casa,
sem levar nada, somente a roupa do corpo. Que ela não voltasse aquela casa ou
ele mataria os dois, sua mulher e seu amante. Os filhos não estavam em casa e
Olívia saiu para se abrigar na casa de D. Estela. Nada mais poderia fazer,
teria que aceitar a decisão de Antônio e esperar seu amor sair da cadeia para
refazer sua vida. Seus filhos não quiseram saber dela. Olívia foi condenada por
todos, família, amigos e vizinhos; todos diziam que ela errou e deveria pagar
por isso.
Para
sua sorte havia ficado em sua bolsa a chave de sua casa e ela pode pegar roupas
e objetos pessoais, quando não havia ninguém na casa. Ela ficou morando com D.
Estela, que a acolheu como filha. Queria ver a felicidade de seu filho quando
ganhasse a liberdade. O tempo corria e ela soube que Antônio estava morando com
outra mulher na cidade vizinha e vinha uma vez por mês para ver os filhos, que
moravam sozinhos na antiga casa de Olívia.
Essa
era sua história, tinha o bebê nos braços e aguardava ansiosamente a saída de
João Paulo da cadeia para viver aquele amor tardio. Amor de mulher madura é
cheio de paixão, pois ela está na idade da loba e tudo pode acontecer.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Capítulo
doze
Aqui termina a história de Olívia e seu amor tardio.
Iniciaremos uma nova história na próxima semana.