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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

"RENDA-SE, COMO EU ME RENDI. MERGULHE NO QUE VOCÊ CONHECE COMO EU MERGULHEI. NÃO SE PREOCUPE EM ENTENDER, VIVER ULTRAPASSA QUALQUER ENTENDIMENTO". CLARICE LISPECTOR. --- A VIDA CONTINUA. EVA IBRAHIM


        INACEITÁVEL

                              CAPÍTULO DOZE

            O homem fechou a cara e tratou de tirar a mulher dali; depois conversariam, disse Antônio para Olívia. Ela percebeu que ele não aceitaria sua gravidez como sendo dele; pairava muita desconfiança no ar. Olívia sentiu medo, o marido poderia agir com violência quando soubesse quem era o pai da criança.

Durante o trajeto até a residência do casal, Antônio não disse uma única palavra, apenas olhava de rabo de olhos para sua mulher, que chorava baixinho. A situação já demonstrava que o marido tinha razão em sua desconfiança; porém, ele queria ouvir da boca de Olívia sobre sua gravidez.

 - Ele era um homem curtido pela vida, um velho “lobo” da estrada e ninguém o enganaria sobre uma possível traição de sua mulher. Até então, ele pensava que Olívia era uma dona de casa exemplar.  Antônio precisava pensar em tudo o que estava acontecendo, pois, sua mulher quase não saia de casa e vivia fugindo de seus carinhos, como ficara grávida?

O médico dissera que na menopausa é possível engravidar, entretanto, tiveram tão poucas relações nos últimos meses, que aquele filho não poderia ser dele. Sua esposa, com certeza, havia arrumado um amante.

         Olhou para Olívia e sentiu ódio, mataria o amante dela e depois a poria na rua; que se virasse sozinha. Não iria criar filho bastardo de ninguém, então, pensou em Renato e Raquel. Os filhos dele sentiriam vergonha da mãe e do pai se ele fosse para a cadeia. Devia pensar melhor, afastou a ideia de matar o pai da criança; cadeia não era lugar bom.

Chegaram a residência e entraram na sala, então ele pegou os dois punhos de Olívia e a sentou rispidamente no sofá. Era a hora da verdade, que ela falasse tudo que estava acontecendo ali.

-De quem era aquele filho? Em seguida lhe acertou um tapa no rosto, que ardeu feito fogo. Ela começou a chorar e gaguejou o nome de João Paulo; então, levou outro tapa no outro lado do rosto. Ele não estava para brincadeiras e queria toda a verdade; sentou-se em sua frente e ficou esperando a explicação de sua mulher. Entre lágrimas ela contou a história de amor que estava vivendo com o filho da vizinha.

O homem perdeu a paciência e abriu a porta mandando ela ir embora daquela casa, sem levar nada, somente a roupa do corpo. Que ela não voltasse aquela casa ou ele mataria os dois, sua mulher e seu amante. Os filhos não estavam em casa e Olívia saiu para se abrigar na casa de D. Estela. Nada mais poderia fazer, teria que aceitar a decisão de Antônio e esperar seu amor sair da cadeia para refazer sua vida. Seus filhos não quiseram saber dela. Olívia foi condenada por todos, família, amigos e vizinhos; todos diziam que ela errou e deveria pagar por isso.

Para sua sorte havia ficado em sua bolsa a chave de sua casa e ela pode pegar roupas e objetos pessoais, quando não havia ninguém na casa. Ela ficou morando com D. Estela, que a acolheu como filha. Queria ver a felicidade de seu filho quando ganhasse a liberdade. O tempo corria e ela soube que Antônio estava morando com outra mulher na cidade vizinha e vinha uma vez por mês para ver os filhos, que moravam sozinhos na antiga casa de Olívia.

Essa era sua história, tinha o bebê nos braços e aguardava ansiosamente a saída de João Paulo da cadeia para viver aquele amor tardio. Amor de mulher madura é cheio de paixão, pois ela está na idade da loba e tudo pode acontecer.

Um texto de Eva Ibrahim.

Capítulo doze
Aqui termina a história de Olívia e seu amor tardio.
Iniciaremos uma nova história na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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