ESPERANÇA
CAPÍTULO
CINCO
Vinte dias se passaram e Gabriel
estava sendo submetido a terceira cirurgia em sua perna esquerda. O médico
dissera que na fratura exposta, ele havia perdido parte do osso da perna. Sendo
assim, teria que receber o fixador em forma de arco na perna fraturada; era um
recurso para permitir que o osso se recuperasse. Gabriel deveria movimentar os
parafusos do aparelho diariamente, até o osso crescer e preencher o vácuo
deixado com o acidente.
Depois de dois meses, o rapaz começou
a sair de casa para se distrair um pouco. Sempre estava acompanhado dos amigos,
pois, dependia deles para ir e vir. Mas,
com tantas idas e vindas, os pinos do aparelho introduzidos na perna inflamaram
e, ele ficou dias internado no Hospital, parecia que nunca mais ficaria bom.
O paciente perdeu massa muscular e
estava magro e pálido, depois da internação prolongada. Seus amigos já não
apareciam como antes, foram se dispersando diante da incapacidade que ele tinha
em acompanha-los em suas andanças. As muletas eram um transtorno em bares
apertados. Gabriel parecia uma sombra do que fora antes do acidente, triste e
desolado; não queria se alimentar mais.
Entretanto, um novo fato ocorreu e
reavivou suas esperanças. Certo dia, Gabriel estava aguardando o Ortopedista,
na sala de espera do Hospital, quando chegou uma paciente idosa gritando de
dor, estava acompanhada da nora. Todos deram passagem a mulher que parecia
desesperada.
Logo que a mulher foi acolhida na
sala de urgência, outras duas mulheres adentraram ao recinto; era Rosana e sua
mãe. As duas seguiram imediatamente para a sala de emergência, a senhora em
questão era a avó da moça. Rosana entrou e logo saiu, pois, a sua mãe
permaneceu ao lado da paciente; ela precisou sair a pedido da enfermeira. E, ao
sair deu de cara com Gabriel, que a estava observando avidamente.
Com o coração disparado, o rapaz
perguntou o que estava acontecendo e ela, sem jeito, lhe disse que sua avó
quebrara a perna. Depois a moça ficou parada, parecia comovida em vê-lo, então,
lhe perguntou como estava. Ele sorriu e disse:
- Estou melhorando, porém, está
muito difícil continuar esperando os dias passarem lentamente.
- Eu pensei que você já houvesse
se recuperado, não sabia da gravidade de seus ferimentos, respondeu a moça
complacente. Em seguida, sentou-se ao lado de Gabriel, enquanto aguardava o
desenrolar dos fatos na sala de emergência.
O rapaz não se cansava em olhar a
mulher de seus sonhos; estavam unidos, naquele momento, pela preocupação com
fraturas ósseas. Ela apertava as mãos com visível nervosismo e, em dado momento
fixou o olhar em Gabriel e sorriu, como nos velhos tempos.
Um
texto de Eva Ibrahim
Continua na próxima semana.