TRAGÉDIA
CAPÍTULO
OITO
Quando Samuel acordou sentia muita
dor, seu corpo parecia ter sido atropelado por uma britadeira; suas pernas doíam
e sua cabeça latejava. Olhou ao redor e viu que estava num ambiente Hospitalar.
Várias enfermeiras estavam no local e logo vieram vê-lo.
O rapaz estava na Unidade de Terapia
Intensiva em um boxe rodeado de vidros, de onde ele podia ver outras pessoas
acamadas; sentiu-se desesperado. Esticou o pescoço e viu que suas duas pernas estavam
enfaixadas e imobilizadas.
Então, lembrou-se do acidente e uma
angustia tomou conta do seu coração. Quando conseguiu lembrar-se do que
acontecera, perguntou por Celi e as enfermeiras desconversaram, dizendo que não
sabiam.
Ele fora trazido pelos Bombeiros, que o retiraram das ferragens e tivera
que ser operado, pois havia fratura nas duas pernas, disse à enfermeira que se
aproximara.
- Tudo isso irá passar, porém, você
deve descansar e manter-se calmo. Enfatizou a outra moça, que se aproximara,
parecia ser a médica de plantão.
-
Preciso saber da minha esposa, ela estava debruçada no volante depois da batida
na árvore. Estava sangrando na testa e foi a última vez que a vi. Por que não a
trouxeram para cá também?
- Não sabemos, mas podemos chamar a
Assistente Social para conversar com você e esclarecer a situação. Agora é hora
da medicação, depois veremos o que fazer.
Samuel tomou a injeção na veia e
apagou; em alguns minutos estava dormindo profundamente. A enfermeira olhou
para o médico, que acabara de entrar, e este disse que Celi, a esposa de
Samuel, estava morrendo; seus ferimentos foram fatais.
A
família fora chamada e quando o rapaz acordou sua mãe estava ao seu lado com os
olhos cheios de lágrimas. A situação era trágica e ela fora encarregada de dar
a notícia da morte da nora para o filho.
Delicadamente
ela pegou em suas mãos e começou falando que Luana iria precisar muito dele,
pois, agora eram apenas dois pai e filha e ambos teriam ajuda de toda a
família. Samuel arregalou os olhos e perguntou de Celi. Sua mãe, então, lhe
disse que Celi estava morta, seus ferimentos foram muito graves e ela não
resistira.
O
rapaz chorou e precisou ser sedado; estava realmente abalado com a notícia. Ele
amara muito sua esposa antes dela apresentar a depressão, depois não soube
entende-la e se afastou. No entanto, ele desejava estar com ela como antes; lá
no fundo ele sentia muitas saudades de um passado recente.
Samuel
foi conduzido em sua cadeira de rodas até o local em que estava o ataúde de
Celi e em frente aos amigos, não conseguiu se controlar e chorou
desesperadamente. Muitos presentes também choraram; foi comovente a despedida
do viúvo.
Fizera
tudo para impedir o acidente e não conseguira, então começou a gritar:
- Por que isso foi acontecer conosco? O que eu
faço com essas imensas saudades que eu sinto de você?
E,
enquanto levavam o corpo de sua esposa para ser sepultado, ele retornava ao
Hospital, onde deveria ficar por mais algum tempo.
Termina aqui a história de Celi e sua depressão pós-parto. Um texto de Eva Ibrahim.