NÃO SE
VÁ
CAPITULO
ONZE
O ano passou sem grandes novidades,
no entanto, no final de novembro, Alceu pegou uma gripe forte, que não
melhorava por nada. O mês de dezembro passou com um homem arfante, sempre muito
cansado e com dificuldades para respirar. Estava, quase todos os dias, no
Pronto Socorro fazendo inalações, que melhoravam, mas não curavam.
Depois de esgotar os antibióticos por via
oral, o médico disse que o paciente precisava ser internado, para tomar
antibióticos por via intravenosa. Alceu se rendeu, estava realmente muito fraco
e precisava de ajuda. No último Raio x foi constatada uma pneumonia, o que
deixou o médico muito preocupado.
Em uma anamnese mais apurada, seguindo
as queixas do rapaz, foram encontrados dois gânglios infartados na axila
esquerda do paciente. E, com o passar dos dias, apareceram mais gânglios inchados
na virilha e pescoço. Depois de vários exames, o médico fechou o diagnóstico,
Alceu estava com leucemia.
O paciente decaia a olhos vistos,
pálido e enfraquecido, mal conseguia se locomover. A família se revezava para
que ele não ficasse sozinho, a mãe e a esposa se empenhavam ao máximo. Além das
orações diárias, elas insistiam para que ele comesse e mantivesse sua
autoestima, apesar da situação. Ele precisava de apoio, ou definharia até a
morte.
Embora Alceu tivesse o empenho dos
profissionais da saúde e o apoio da família, seu quadro só piorava. Mais exames
e uma junta médica chegou à conclusão, de que ele estava com linfoma não Hodgkins.
Os familiares do paciente entraram em
desespero, quando souberam que somente um transplante de medula poderia dar
alguma chance de vida ao rapaz. Os irmãos, amigos e conhecidos se dispuseram a
fazer o teste de compatibilidade para doar medula ao paciente.
Nessa busca ficou claro, que
somente seu irmão André poderia ser seu doador. Em seguida, houve a preparação
para o paciente receber a doação do irmão. Ainda restava uma esperança,
carregada de incertezas.
A cirurgia ocorreu normalmente e
Alceu começou a se recuperar lentamente. A medida em que o paciente recuperava
as forças, ele passava a ter muitos sonhos estranhos e recorrentes. E, um deles
foi a visita a “CASA DO CARINHO”, que ele dizia se ver lá, todos os dias.
Foram seis meses de muitas dores
e desesperanças, que agora pareciam ter chegado ao fim. A família estava muito
feliz e, empenhada em fazer tudo para a recuperação total de Alceu.
Certo dia, seu irmão lhe
perguntou se não voltara a ouvir vozes ou perceber presenças ao seu lado. Então,
Alceu lhe respondeu:
- O meu anjo da guarda está sempre
por aqui, eu percebo suas vibrações, mas não o vejo. Eu estava tão fraco, que
não poderia perder nenhuma energia ou poderia apagar de vez. Outro dia ele
falou assim:
- Não se vá, ainda não
acabou. A sua missão está por começar.
André arregalava os olhos e mantinha-se
calado. As vezes duvidava do irmão, mas não queria contrariá-lo e acabava
concordando com tudo. Alceu falava dormindo e André ouviu seu irmão falando da
tal casa de assistência espiritual. Parecia uma obsessão, que assustava seus
familiares.
Sendo tão importante para ele,
ninguém poderia ignorar a insistência, com que Alceu falava de seus sonhos com
a instituição, que não conhecia. Então, André se pôs a pesquisar para localizar
a casa dos sonhos do irmão. E ficou surpreendido quando descobriu, que a casa
existia realmente. Então, tomou nota do endereço e foi comunicar a todos a sua
descoberta.
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Assim,
chegamos ao primeiro capítulo dessa história e prosseguimos quando ele relata
que as cadeiras estão cheias de pessoas sentadas, mas, visivelmente vazias para
todos.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa.