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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" - PADRE MARCELO ROSSI- "(...) ESCUTE: OH! OH! DEUS TE TROUXE AQUI, PARA ALIVIAR O SEU SOFRIMENTO. OH! OH! É ELE O AUTOR DA FÉ, DO PRINCÍPIO AO FIM EM TODOS OS SEUS TORMENTOS. E AINDA SE VIER NOITES TRAIÇOEIRAS, SE A CRUZ PESADA FOR, CRISTO ESTARÁ CONTIGO. (...)".

O MANTO DA VIRGEM

CAPÍTULO CINCO.

            A cidade estava cheia de turistas, que se amontoavam nas lojas, hotéis, bares, restaurantes e feiras; havia muita gente comprando e consumindo, fazendo a alegria do comércio local. Parecia uma festa permanente, muitos sorrisos e manifestações de contentamento. Estar ali, era a realização de um sonho para muitas pessoas.

             Uma festa religiosa que alimenta a esperança de devotos e demonstra o agradecimento da massa popular, pelos milagres e graças recebidas. A maioria tem algum pedido que foi atendido, para contar aos amigos e parentes.

             Edileusa estava ali porque era devota da virgem e precisava ser agraciada pela cura da doença, que se desenhava em seu corpo. Colocou a mão sobre o seio direito, na esperança do caroço ter sumido. No entanto, ele continuava lá, e parecia ter aumentado de tamanho. Uma ruga profunda vincou em sua testa:

              - Será que está piorando? Fez essa pergunta ao seu coração e imediatamente voltou seus olhos para o céu. Então, suplicou por misericórdia:

               - Não permita Mãe Santíssima, que essa pedra permaneça em meu caminho. Imploro que me conceda a graça da libertação dessa doença. E duas lágrimas rolaram pelo seu rosto.

             A semana passou rápido e quando chegou a quinta-feira, havia uma expectativa na maioria da população local e nos turistas também. Helena explicou para sua filha e o namorado dela, que durante a missa das dezoito horas, na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, seria apresentado o Manto da Virgem para o ano de dois mil e dezenove.

            Confeccionado com fidelidade ao tema do ano, estabelecido pela Diocese do lugar, o Manto era uma verdadeira joia, que envolveria a imagem da Virgem nas procissões e atos religiosos.

            Todos os anos, um novo Manto é confeccionado para cobrir a imagem, nas celebrações das festas do Círio de Nazaré. A peça é desenhada e confeccionada por profissionais especializados, que doam seu tempo e seu trabalho para agraciar a virgem com todo esplendor, que ela merece. É custeado por doações de fiéis, alguns, que já receberam um milagre da Santa.

              O Manto deve ter como características, o simples e o belo. Os elementos de destaque do ano de dois mil e dezenove são: as flores das sumaumeiras, a cruz e o broche.

          A sumaumeira é considerada, entre os povos da região amazônica, como a rainha das árvores, que representa a vida entre nós. Á delicadeza da virgem é representada por pequenas flores da árvore, distribuídas harmonicamente ao redor do manto. A cruz foi confeccionada na parte de trás do Manto e trabalhada com pedrarias sobre uma base reluzente. E fechando a frente do Manto, temos o broche dourado, que homenageia os trezentos anos da Diocese de Belém.

             Como o tema daquele ano foi: “Maria, Mãe da Igreja”, havia toda uma celebração para expressar o valor da vida cristã, ancorada no mistério da cruz e na defensora dos oprimidos, a mãe do redentor.

             Edileusa estava animada para ir à missa na Basílica, queria ver a apresentação do Manto da Virgem. Caetano e Helena iriam acompanhar a moça, todos estavam curiosos para ver a nova peça do vestuário da Santa.

            A certa altura da missa, as luzes foram apagadas para a apresentação do Manto da Virgem Peregrina, que seria usado na festa daquele ano. Em meio a escuridão podia-se ouvir o som da floresta, pássaros com seus cânticos e animais noturnos com pios e sons diversos. Mas, logo se fez silêncio, aguçando a percepção do público.

           Nesse momento, apareceu a Virgem com seu Manto reluzente de pedrarias e no fundo uma voz feminina cantando a “Ave Maria”. Diante do silêncio da Basílica lotada de fiéis, cada um prestou sua homenagem particular.  

            Muitos choraram de emoção, alguns permaneceram mudos e outros se ajoelharam. Na verdade, todos se renderam àquele momento mágico. Um Manto esplendoroso, com sua beleza majestosa, enfeitava a Mãe da Igreja.

          Nas mãos do religioso, ela pode ser filmada e fotografada pelos profissionais que ali estavam e pelos fiéis, que se acotovelavam para garantir um melhor ângulo. A imagem foi conduzida por entre os bancos e colunas da Basílica e os fiéis aplaudiam, fervorosamente, sua passagem.

           Edileusa parecia estar em transe, com seus olhos pregados na Santa, não se cansava de pedir sua misericórdia. Helena nada percebeu em meio a todo aquele burburinho. Caetano se mantinha ao lado da moça, queria protege-la a qualquer custo. No templo havia muitas esperanças e energia de amor ao próximo; um momento de paz entre os seres humanos.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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