CAPÍTULO
OITO
O rapaz amparou a namorada e a
ajudou a sentar-se na cadeira. Ela precisava se acalmar, estava diante do
médico e a hora da verdade havia chegado. Caetano apanhou uma revista e começou
a abanar a moça. Aos poucos ela voltou a si, estava muito abalada.
- O que o médico quis dizer com fazer
a cirurgia? Ela sussurrou para Caetano, precisava de uma explicação, estava
aguardando que ele dissesse o resultado do exame. No entanto, ele fez uma cara
estranha e falou em cirurgia.
O mastologista que observava tudo, se
manifestou:
- Minha senhora, eu disse que irá
para a cirurgia remover esse nódulo, mas ele deu negativo para o câncer. Será
um procedimento necessário para que seu seio volte ao normal. Deverá tomar
alguns medicamentos e tudo isso poderá ser esquecido. Não irá tomar
quimioterapia e nem perderá seus cabelos.
Edileusa começou a chorar e balbuciar:
-É verdade? A Virgem aceitou a minha
promessa e me livrou de um câncer perigoso?
- A senhora teve muita sorte,
apesar da aparência de malignidade do nódulo, o exame não acusou nenhum câncer.
Mas, apenas um nódulo benigno, que precisa ser retirado. O médico afirmou e continuou
escrevendo na pasta da paciente, parecia satisfeito com o resultado obtido na
biópsia. Depois completou:
-Vamos marcar para a sexta-feira bem cedo, a
retirada do nódulo. Esteja aqui, as sete horas da manhã em jejum, que iremos
resolver isso. Levantou-se e foi até a
moça, entregando-lhe o agendamento da cirurgia. Ele parecia bastante otimista.
Depois se retirou da sala, deixando o casal estupefato.
A moça demorou para se recompor,
estava emocionada. Em seguida, Caetano a abraçou e saiu conduzindo-a para fora.
O ar puro batendo em seu rosto a fez sentir-se melhor, estava salva daquela
sentença de morte. Era quarta-feira e ela teria mais um dia antes da cirurgia,
precisava agradecer à Virgem de Nazaré.
O casal seguiu para a Catedral, lá
era o santuário de todas as versões da Virgem Maria. Edileusa se ajoelhou em
frente ao altar e chorou copiosamente, agradeceu e rezou para a Santa. Então,
seguiram para casa, estavam aliviados, iriam se preparar para a internação na
sexta-feira.
O dia amanheceu ensolarado e
encontrou a moça pronta para ir ao hospital. O rapaz a acompanhou até a
recepção, onde ela foi atendida e encaminhada para o consultório. Dalí seguiu
para a enfermaria, na qual iria aguardar ser conduzida para o centro cirúrgico.
A cirurgia demorou quatro horas e
depois de mais duas horas na sala de recuperação, Caetano foi liberado para ver
sua namorada. Edileusa estava sonolenta, mas feliz como uma criança. Sorriu
para o companheiro e continuou dormindo, estava em paz.
Recebera um milagre da Santa e agora teria uma vida inteira pela frente. O fantasma da doença fora afastado, queria
viver e ser feliz ao lado de Caetano, que nunca a abandonara.
Para sua mãe, nunca diria nada, não queria que
se preocupasse com aquele problema, que a estivera rondando. Seguiria sua vida agradecida à Santa e nos
anos seguintes voltaria à Basílica Da Virgem de Nazaré para agradecer. Teria a
vida inteira para reverenciar, aquela que lhe concedera a graça de um milagre
valioso.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa