MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

quarta-feira, 20 de maio de 2020

"(...) MAS É PAIXÃO E ESSAS COISAS DE PAIXÃO, NÃO TEM EXPLICAÇÃO. É SIMPLESMENTE SE ENTREGAR, DEIXAR ACONTECER. EU SEMPRE ACABO ME ENVOLVENDO COM VOCÊ." "(...)"COMPOSITORES: PAULO SÉRGIO KOSTENB / NELSON DE MORAIS FILHO. CANTORES: ZEZÉ DI CAMARGO E LUCIANO

      UM FIO DE ESPERANÇA

                               CAPÍTULO QUATRO
             O marido estava exausto, as notícias eram péssimas e seu coração estava escuro. Deprimido, ele deitou e dormiu um sono agitado, teve uma porção de pesadelos, estava ansioso demais para relaxar. Em meio a madrugada, ele se levantou, a cama parecia conter espinhos. Então, Saulo precisava de uma bebida quente e foi fazer um café, era a única coisa que dominava na cozinha.

            Levou o café amargo a boca e sentiu seu gosto ruim, na realidade ele não sabia fazer café, mais parecia um remédio. Sorveu aquele líquido, como se fosse uma xícara de fel e, entre caretas trocou suas roupas para sair. Precisava ir ao hospital para saber de Alana, não davam informação por telefone.

           Chegou cedo e ficou andando de um lado para outro, depois juntou-se a outras pessoas. Era um grupo que tinha parentes internados no hospital e também aguardava notícias. As pessoas se apresentavam nervosas e apreensivas, com medo das informações que iriam receber.

Passado algum tempo, que parecia uma eternidade, o médico apareceu acompanhado por dois colegas. Todos com semblante de preocupação e cansaço. Aproximaram-se do grupo e começaram a falar da situação calamitosa, que estavam vivendo.

Muitos pacientes graves e poucos respiradores, tornavam o trabalho deles penoso e pouco eficiente. Pareciam cansados da luta incessante contra um inimigo desconhecido e letal. Depois do desabafo, atenderam uma pessoa de cada vez, para dar notícias dos enfermos.

Um dos médicos se aproximou de Saulo, que aguardava ansioso para saber de Alana. Ele olhou com ternura para o homem, cuja mulher estava em uma situação muito ruim. Então ele disse:

- Alana foi colocada em um respirador, que vagou hoje, não dava para ela esperar mais. Agora está sedada e o aparelho a mantém viva.

Saulo queria perguntar mais sobre o estado de sua esposa, mas sua voz não saia, tinha um nó na garganta. O médico percebeu a emoção do rapaz e falou:

 - Tenha calma, sua esposa é jovem e poderá se recuperar, assim que a febre ceder e os remédios começarem a fazer efeito. Vá para sua casa e peça auxílio para Deus. Amanhã daremos novas notícias, estamos cuidando dela para você.

 Em seguida se afastou, carregava as esperanças de um homem aflito, em meio a enorme carga de responsabilidades, que acumulava naquele momento difícil. Fazia dias que ele não voltava para sua casa, tinha muito trabalho pela frente.

O marido saiu dali e foi respirar ar puro lá fora, parecia que iria sufocar. Precisava passar no escritório e avisar que não tinha condições para trabalhar. Parecia perdido, não conseguia se concentrar em nada. Ligou para sua irmã e perguntou das filhas, que estavam bem, para seu alívio.

No escritório, ele chorou, não pode se conter a tamanha carga de emoções, estava aniquilado. Recebeu o apoio dos colegas, que se preparavam para trabalhar em casa, pois deveriam fazer o isolamento social. Quanto a ele, se pudesse também poderia trabalhar em casa, assim que Alana melhorasse.

Saulo sentia-se perdido e entrou em uma igreja, precisava conversar com Deus. Ajoelhado diante do altar, expôs todo o seu temor de perder a mulher e pediu clemência. Apresentava-se com a alma desnudada, pedindo a cura de sua esposa. De seus olhos corriam lágrimas de dor, que iam morrer em sua boca, deixando um gosto salgado em seus lábios.

Depois, ele saiu dali e foi para casa, precisava tomar banho, sentia-se sujo. Levava no peito um fio de esperança, acreditava na ciência e sobretudo na oração feita com sinceridade.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.