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quarta-feira, 25 de abril de 2018

"LUA DE CRISTAL"- XUXA- "...VAMOS COM VOCÊ, NÓS SOMOS INVENCÍVEIS, PODE CRER. O SONHO ESTÁ NO AR. O AMOR ME FAZ CANTAR. LUA DE CRISTAL, QUE ME FAZ SONHAR..." MICHEL SULLIVAN E PAULO MASSADAS


DE OLHOS NA LUA

CAPÍTULO QUATRO 
          Maria Alcina e as outras meninas adolescentes, também foram atingidas pela história do lobisomem. Quando a lua aparecia grande e brilhante, elas ficavam com medo e temiam que aparecesse um lobisomem, então, não saiam de suas casas. Fechavam as portas, janelas e mantinham um terço pendurado na guarda de cada cama, para afastar o coisa ruim. E, debaixo das cobertas rezavam ao anjo da guarda, pedindo proteção.

            As histórias do jagunço Raimundo correram as redondezas e mudou o hábito das pessoas simples do lugarejo. Era um povo crédulo e temente a Deus, mas lá no fundo, eram muito supersticiosos.

          Logo chegou a luz elétrica naquela região e, em seguida a televisão em algumas casas. Assim, a solidariedade e a amizade juntavam os vizinhos para assistir ao cinema em casa; aquela novidade encantava a todos. Havia muito menos crianças nas ruas, ficavam mais tempo dentro das casas.

         Tempos de medos e muitos sonhos; havia um romantismo herdado dos anos cinquenta, que eram tidos como anos dourados. A década de sessenta foi de muitas mudanças políticas no país e na sociedade brasileira. Com a tomada do poder pelos militares em 1964, houve repressão e a censura a liberdade de expressão foi sentida por todos.

           O medo estava no olhar das pessoas. A resistência atuava na clandestinidade das grandes cidades e a repressão era cruel. Os professores se mantinham em silêncio sobre questões políticas, pois temiam represálias. As pessoas tidas como suspeitas eram retiradas de suas casas, presas e muitas vezes desapareciam. Todos viviam calados, pensavam antes de falar qualquer coisa; desconfiavam de qualquer pessoa conhecida ou não.

           Decorria o ano de 1967 e foi nessa época que apareceram as músicas de protesto. Surgiram os festivais de música popular brasileira, MPB, que ficaram famosos por seu valor musical, com participantes de grandes talentos. A televisão já fazia parte do dia a dia das pessoas; tornara-se indispensável.

       O povo se reunia para assistir os grandes eventos pela televisão nos bares e clubes. A censura estava presente nos meios de comunicação, então, passava somente o que fora aprovado previamente, tais como: Jogos de futebol, competições importantes, festivais e programas variados na televisão.

           As músicas, que foram vencedoras nos festivais, tornaram-se famosas e são lembradas até hoje, por sua qualidade e mensagens políticas veladas em suas letras. Fazem parte do acervo de uma época de repressão e intensa produção de músicas populares no país, com destaque para suas letras de impacto político. O sucesso se repetiu no ano seguinte, mas decaiu no posterior.

              E, para fechar a década, em 1969 todos assistiram boquiabertos a descida do primeiro homem na lua. As meninas olhavam atentas para ver se o astronauta americano se encontraria com São Jorge. Esperavam ver o santo empunhando a lança montado em seu cavalo branco, aguardando o dragão surgir para abatê-lo.

           Elas temiam que o dragão avançasse no astronauta e São Jorge ficasse indeciso diante daquela roupa estranha, que para ele seria muito esquisita. Mas, quando viram o astronauta planando suavemente na lua, elas tiveram uma grande decepção e a lua perdeu parte de seu encanto. Assim, uma pergunta ficou no ar:

           - Será que o santo e o dragão ficaram com medo do astronauta, por isso não apareceram? Mas não importa, o sonho não acabou, a lua continua lá, esplêndida como sempre. Disse Maria Alcina em voz alta com tom de desabafo.

             Nesse contexto repressivo, precisava haver um meio de promover a alegria como válvula de escape. Era tempo dos grandes bailes com orquestras ao vivo e dos bailinhos nas garagens e salas das casas dos jovens adolescentes. Surgiu, nessa época, o movimento da Jovem Guarda, que embalou a juventude daquele final de década.

          Aconteceu em um bailinho na casa da Sandra, foi onde a Maria Alcina conheceu o Frederico. Foi paixão à primeira vista; sentiram uma atração instantânea. Trocaram olhares e promessas veladas, depois dançaram de rosto colado durante uma tarde inteira. Em seguida, saíram cada um com um amigo e foram para suas casas. Era muito cedo para se mostrarem em público.

         Com a chegada do primeiro amor, Fred se tornou o centro da vida da menina. Maria Alcina estava com dezesseis anos e tinha muitos sonhos para realizar. Queria conhecer seu príncipe encantado e viver um grande amor. Era tempo de sonhar de mãos dadas a luz do luar.

         Desde pequena estava sendo preparada para o casamento. As meninas aprendiam com suas mães como se comportar depois de casadas, cuidar da casa e do marido.
Um texto de Eva Ibrahim

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