NO
LIMITE DA DOR
CAPÍTULO
SEIS
Maura deitou-se na maca e dois
enfermeiros, tipo guarda-roupas, altos, morenos fortes se aproximaram. O que
usava bigode, segurou um lençol e passou pela axila do braço luxado da paciente.
Enquanto o médico puxava o braço, ele puxava o ombro com força. Faziam força
contrária para conduzir o braço ao seu leito natural. No entanto, parecia que o
braço não entrava no devido lugar, então, o outro enfermeiro, alto e forte
também, passou a pressionar o nervo sob a clavícula da moça, que doía mais do
que o braço.
Depois de várias tentativas e a
ajuda de um outro médico de plantão, a moça relaxou e disse que a dor estava
passando. Maura, então, sentiu um alívio animador e diante da surpresa do
médico, que disse não ter sentido quando o braço entrou em seu leito natural,
sorriu e seu semblante amenizou, voltando a vida. E, para tirar a dúvida, a
paciente foi encaminhada ao Raio X novamente.
Em meio a tantas pressões, puxões e
ansiedade as duas primas respiraram aliviadas. Maura estava pálida e
fragilizada, mas, agora a dor era fraca e suportável; nunca imaginara passar
por toda aquela situação de desespero e dor. Confirmado o sucesso da redução, a
moça foi liberada com uma receita de anti-inflamatório e analgésicos.
O gerente do supermercado ligou várias
vezes se prontificando a pagar as despesas; estava com muito medo de sofrer um
processo por negligência. A moça poderia ter morrido se tivesse batido com a
cabeça ao invés do braço.
A volta para casa foi mais
tranquila, as duas primas pouco conversaram, estavam exaustas. Érica atendeu ao
telefonema do marido, que estava preocupado e logo chegaram à casa.
Depois de descansar um pouco, Maura pediu à
Érica para fazer, na internet, o chek in do seu voo para retornar à sua casa na
manhã seguinte. No entanto, para sua surpresa, seu voo havia sido transferido para a
madrugada, o que deixou a moça irada. Érica entrou em contato com a companhia
aérea e conseguiu transferir o voo do dia 14 para o dia 15, dando a moça mais
um dia na casa da prima.
Foi
a pior noite de sua vida; ela viu todas as horas no relógio de cabeceira. Entre
um analgésico e outro, cochilava um pouco. Era uma dor intermitente do ombro
até a mão, que estava dormente e formigando; o braço parecia que pesava uma
tonelada.
O
dia amanheceu e ela tomou um banho para ver se melhorava um pouco. Estava viva,
mas um mal-estar generalizado e muita dor, que só acalmava com muitos
analgésicos. Suas férias terminaram ali, não havia mais condição para nada;
queria voltar para sua casa.
Era um feriado nacional, dia da proclamação da
República do Brasil. E, Maura foi conduzida pela prima e o marido até o
aeroporto para retornar a sua casa. Com o braço disfarçado por uma blusa de
manga, a moça adentrou a aeronave. Ela teve que deixar suas compras em BH e seguir somente com a bolsa
de mão; não poderia carregar pesos.
Depois de uma hora e meia o avião aterrissou na capital paulista e Maura
desceu preocupada; estava com uma dor latejante no braço esquerdo.
Um
texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.