A VIDA CONTINUA
CAPÍTULO NOVE
O
dia do casamento do filho do sócio de Marcos chegou; um dia lindo de Sol. Havia
euforia no ar. Clara e os filhos estavam impecáveis quando seu marido foi busca-los.
Formavam uma família perfeita, nada denunciava a situação em que o casal estava
inserido. Há algum tempo, Marcos vivia com sua antiga secretária e sua esposa
ficara na casa com os filhos adolescentes; estavam separados.
As
bodas do novo casal foram realizadas com tranquilidade e quando a família de
Clara regressou a casa, Marcos desceu do automóvel e entrou com sua esposa e os
filhos. Seus olhos brilhavam quando
fitava Clara, que estava linda em seu vestido vermelho. Uma mulher bonita e
sedutora, que ele abandonara. Ficaram sozinhos e ele tentou beijá-la. A mulher
não se conteve e o empurrou bruscamente. O homem caiu sentado no sofá e
levantou-se enfurecido, agarrando seus pulsos. Com os olhos querendo saltar das
órbitas, ele perguntou se ela estava com outro homem.
Ela
o enfrentou dizendo que não o queria mais, ficaria com os filhos e ele que a
deixasse em paz. João e Renata apareceram na sala, espantados com os gritos do
casal. Marcos, ao ver os filhos, largou
os braços da mulher e saiu batendo a porta.
A mãe conversou com os adolescentes,
acalmando-os e depois de algum tempo, todos foram dormir. Clara teve muitos
pesadelos; precisava resolver aquela situação ou não teria mais paz. Sentia-se
acuada, precisava trabalhar para se sustentar. Definitivamente ela não tinha
vocação para ser amante do próprio marido, sentia repulsa quando pensava nele
com Selma, sua atual companheira.
Clara, por diversas vezes, compareceu às
reuniões de artesanato da comunidade; gostava de estar ali. Sara sempre a
acompanhava. Sentia atração por aquele lugar e passava horas conversando com
aquelas mulheres. Eram pessoas de pouca instrução, porém, habilidosas e
comprometidas com o trabalho.
Certo dia sentou-se perto de Joelma, que pintava
tecidos de seda; uma beleza. A moça tinha muito em comum com Clara; estava
separada há pouco tempo, tinha dois filhos e estava tentando sobreviver. O
marido de Joelma desapareceu, estava envolvido com drogas. E, ela tornara-se
mais uma mulher de papel, não tinha notícias do marido. O trabalho realizado
ali era muito interessante e valioso, pois, era artesanal. Poderia ser aproveitado
de outras maneiras e render muito dinheiro; era uma mina bruta, pensou Clara.
Joelma apresentou o Tiago à Clara; os dois ficaram um bom tempo conversando. Interação ou simpatia mútua; qualquer coisa para definir a conversa dos dois. O rapaz era professor de educação física e trabalhava em uma escola perto da comunidade. Tiago conhecia a maioria das pessoas daquele lugar e procurava ajudar seus alunos apoiando o trabalho das mães. Esbanjava alegria, era bonito e muito inteligente; a amizade prometia ser duradoura.
Joelma apresentou o Tiago à Clara; os dois ficaram um bom tempo conversando. Interação ou simpatia mútua; qualquer coisa para definir a conversa dos dois. O rapaz era professor de educação física e trabalhava em uma escola perto da comunidade. Tiago conhecia a maioria das pessoas daquele lugar e procurava ajudar seus alunos apoiando o trabalho das mães. Esbanjava alegria, era bonito e muito inteligente; a amizade prometia ser duradoura.
Fazia tempo que Clara não conversava com um homem
tão interessante e carismático. Perguntou a Sara se ele era casado e a resposta
a surpreendeu. Tiago era viúvo; sua esposa falecera de câncer a cerca de três
anos. Não tiveram filhos e ele passara a se dedicar aos seus alunos. Era muito
querido por todos, estava sempre disponível para ajudar quem precisasse. Tiago
morava sozinho em uma casa modesta naquele bairro; um excelente rapaz, concluiu
Sara.
Dois
meses se passaram e Marcos vivia rondando sua esposa usando de desculpas para
entrar em sua casa. Clara não se importava que ele visse as crianças, porém,
não lhe dava muita atenção. Ele parecia arrependido de ter saído de casa.
Entretanto, sua esposa fazia planos de futuro onde incluía o Tiago; o marido
estava fora de sua vida. Ela precisava encontrar uma maneira de ganhar
independência financeira.
A
mãe de Clara lhe telefonou pedindo que ela fosse a sua cidade para assinar o
inventário; a herança do pai lhe renderia um bom dinheiro. A mulher ficou
feliz, teria que aproveitar para montar uma loja. Precisava pensar muito e nada
diria ao marido. O dinheiro era só seu e ela o usaria como quisesse. Procurou
um advogado e este a aconselhou a pedir o divórcio, antes de receber sua
herança. Seria mais fácil tornar-se independente se estivesse separada
legalmente.
A mulher surpreendeu o marido com o pedido de divórcio, ele nunca imaginara
que ela não o quisesse mais. Marcos não teve argumentos para não aceitar a
separação, uma vez que foi ele quem saiu de casa. Aquela contenda durou um ano
inteiro e finalmente saiu à decisão do Juiz. Ela ficaria com a casa e o seu
automóvel e o marido com o apartamento, a empresa e a casa da praia. Marcos
deveria pagar pensão aos filhos e prover a casa, até ela encontrar um trabalho
e poder sustentar-se.
Clara estava apaixonada por Tiago e muito feliz
com a decisão do tribunal. Com sua herança começaria uma nova vida ao lado de
seu novo amor. O casal tinha planos para promover os trabalhos das artesãs da
comunidade, que quando se tornaram mulheres de papel, viraram guerreiras
incansáveis.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima
semana.