CAPÍTULO TRÊS
Anselmo trouxera a galinha como
falta de opção, pois, não tinha comprado nada para Lorena e, no aeroporto ele
se deparou com um quiosque de lembrancinhas; então, optou por comprar a galinha
para ela. Era uma lembrança que a maioria das moças africanas gostavam de
ganhar; era um amuleto da sorte para as moças que queriam se casar.
Ele pensou que seria apropriado levar
alguma coisa para sua namorada, que lembrasse o lugar onde estivera aquele tempo todo. Em nenhum
momento ele se preocupou com o que ela iria pensar, apenas agiu por impulso e
nunca poderia imaginar o efeito que o presente teria sobre ela.
A
galinha ganhara um lugar especial no criado mudo da moça, ficava sobre o rádio
relógio e era objeto de beijos, afagos e pedidos inusitados de conquista
amorosa e até casamento. Claro que o desejado e conquistado era o Anselmo, que
não imaginava estar sendo assediado através de uma galinha.
A
galinha tornara-se o objeto mais precioso do mundo para Lorena, ele era o seu
amuleto da sorte. O que a tornara confiante e poderosa em relação ao seu
namoro. A partir desse dia ela começara a se preparar para o casamento, pois,
acreditava que a galinha fora o sinal tão esperado do amor de Anselmo por ela.
A
sensação que ela tinha era de que o seu corpo estava fechado com relação ao
amor de Anselmo. Tudo estava escrito e nada poderia interferir em sua vida.
Sentia-se poderosa e determinada; nada faria Anselmo se afastar dela.
Começara a comprar seu enxoval e acumular
coisas para o grande dia; vivia em estado de graça e não percebeu que o
namorado já não lhe dava tanta atenção; vivia rodeado de amigos farristas.
Sempre em meio a um grupo descompromissado com as convenções sociais; o rapaz
estava resgatando o tempo em que estivera se preparando para sua carreira.
Ela ligava e combinavam sair, então, se
encontravam como namorados que eram. E, logo o rapaz tratava de ir embora, mas
ela estava envolvida com a situação, e não percebia a falta de interesse do
namorado. Quando ele dizia estar cansado, ela achava normal e nada questionava.
Assim os meses foram passando e quando
chegou o mês de junho ela queria ficar noiva no dia dos namorados, porém
Anselmo não pensava em se amarrar com ninguém. Tinha outros planos, no entanto
precisava ser claro com Lorena ou estaria em uma situação crítica, da qual não
conseguiria se desvencilhar.
No
entanto, não teve jeito, a situação se agravou quando ele disse que não queria ficar
noivo, que tinha outros planos, ela se pôs a chorar desesperadamente gritando:
-
Eu te amo e quero casar com você.
Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima
semana.