VEJO AMOR NO SEU OLHAR
UM
PEDACINHO DO CÉU
CAPÍTULO
UM
Cirilo Artur sempre foi assíduo frequentador
da igreja evangélica, ajudava no que fosse preciso e tocava violão para
acompanhar os cantores de música gospel. Aprendeu a tocar o instrumento com seu
tio, que percebendo o interesse do sobrinho, resolveu comprar um violão para
ele. O menino ficava encantado ao observar o velho tio, tocar as músicas da
igreja. E, agora era sua paixão, tocava com prazer para acompanhar os cantores
da igreja.
Não namorava ninguém, dizia que estava
esperando a prometida de Deus para ele e, que quando ela chegasse ele saberia.
Em seus sonhos ele via uma moça bonita, de cabelos longos e sorridente, que
seria sua mulher para sempre. Levava a vida como um bom crente que era; sério,
trabalhador e honesto. Se formara em administração de empresas e trabalhava em
um escritório de contabilidade.
Certo dia, sua igreja estava em
festa e, esperavam receber uma caravana de irmãos da cidade vizinha para uma
confraternização. O rapaz trabalhou, durante uma semana, todas as noites depois
do expediente, para ajudar nos preparativos; estava eufórico, gostava de ver a
igreja cheia de gente.
No domingo, ele acordou cedo, vestiu sua
melhor roupa para ir ao culto e receber à caravana de irmãos em Cristo. Havia
preparativos de salgados, doces, bolos e refrescos no salão de festas da
congregação, para oferecer aos visitantes.
Logo cedo, chegaram dois ônibus
cheios de moços e moças da cidade vizinha, que processavam a mesma fé. Entraram
e foram sentando nas cadeiras reservadas a eles, eram cem pessoas ao todo. Em
sua maioria jovens de todas as idades, alegres e curiosos.
A música começou a tocar e só
parou ao sinal do pastor, que iniciou a pregação dando as boas-vindas aos
irmãos. Então, Cirilo Artur descansou o violão e ao mesmo tempo que prestava
atenção nas palavras do pastor, corria seus olhos para ver os recém-chegados.
Parou
quando viu uma jovem sentada na terceira fila, seu coração acelerou. Tinha que
chegar perto dela, era do jeito que ele imaginava. Estava vestida de azul,
tinha a aparência de um pedacinho do céu. Seu coração disparou e ele saiu de
mansinho dizendo ao companheiro que precisava usar o banheiro.
Lavou
o rosto com água fria para ver se melhorava um pouco e até tomou um gole da
água da torneira. Em seguida, respirou fundo para voltar ao palco, onde ficava a
banda e o púlpito.
Entrou vitorioso quando percebeu que
a moça o seguia com os olhos. Cirilo Artur não entendeu nenhuma palavra que o
pastor dissera, estava com todos os sentidos pregados na terceira fila do
auditório. Finalmente o culto terminara, na verdade durara um século pela
avaliação da ansiedade do rapaz.
A última música foi tocada e ele
tratou de guardar o violão e posicionar-se onde a jovem deveria passar. Ela
estava acompanhada de outra jovem, que era sua irmã mais velha e sorriu quando
viu Cirilo Artur. Ele todo atrapalhado foi logo dizendo:
– Eu sou Cirilo Artur, muito prazer,
qual é seu nome? E estendeu a mão para cumprimenta-la.
- Olívia, muito prazer. E,
apertou a mão do rapaz.
-
Preparamos uma mesa com lanches para vocês, vamos, que eu as acompanho. Não
poderia existir um rapaz mais solícito do que Cirilo Artur. Esbanjava simpatia
e felicidade, bem diferente do rapaz tímido que era.
As
horas praticamente voaram, Cirilo Artur estava nas nuvens e não deixou Olívia
sozinha em nenhum momento. Havia uma ligação entre eles, estavam encantados um
com o outro. Parecia que eram velhos conhecidos, a conversa fluía fácil e havia
um entrosamento estranho entre eles.
E,
quando o ônibus partiu de volta à sua origem, Olívia e Cirilo Artur já estavam
comprometidos, embora fosse apenas com o olhar. Ele ficou na calçada acenando
para seu amor e já sentindo solidão ao ficar sozinho.
O
rapaz disse a Olívia que iria visitar a sua igreja na semana seguinte e lá
queria encontra-la novamente. Havia muitas promessas no ar.
Um
texto de Eva Ibrahim