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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

"ANJOS DE DEUS" - REFRÃO: "...TEM ANJOS VOANDO NESTE LUGAR. NO MEIO DO POVO E EM CIMA DO ALTAR. SUBINDO E DESCENDO EM TODAS AS DIREÇÕES. NÃO SEI SE A IGREJA SUBIU OU SE O CÉU DESCEU. SÓ SEI QUE ESTÁ CHEIO DE ANJOS DE DEUS. PORQUE O PRÓPRIO DEUS ESTÁ AQUI..."PADRE MARCELO ROSSI


                                  PRECISO DE VOCÊ

                             CAPÍTULO CINCO
         Quando Cirilo Artur voltou ao quarto, Olívia não havia chegado, demorou um pouco para voltar da radioterapia. Então, ele sentou-se na poltrona enquanto aguardava. O quarto estava na penumbra e Cirilo Artur ficou imaginando o que poderia fazer para animar sua esposa. Olívia estava triste e parecia definhar a cada dia. Aquela situação estava deixando-o arrasado.

            A moça chegou cansada, trazia as marcas em tinta azul na região da clavícula, parecia um mapa mal traçado. Cirilo Artur olhou e perguntou se estava doendo, mas, diante da negativa ele se absteve de comentários. Aproximou-se e fez carinho em seus cabelos longos, depois beijou sua mulher; ela era seu maior tesouro.

Em seguida, vencido pelo cansaço, recostou-se no sofá e acabou por adormecer, também estava exausto. Dormiu um sono agitado e sonhou com aquele rapaz careca, Jonas, que não saia de sua cabeça. Acordou quando o carrinho de comida entrou no quarto e fez barulho.

 No sonho, teve uma sensação muito boa e lembrou-se de sua infância. Sua mãe sempre dizia, que Deus fala com os seus filhos através de outras pessoas, por isso deveriam prestar atenção quando alguém falava com eles. Tinha convicção nisso.

- O Jonas seria um mensageiro de Deus? Pensou Cirilo Artur.

  Depois do encontro, ele estava com algumas ideias que poderiam ajudar sua amada; teria que pensar e dar corpo à sua imaginação. Pediria à sua mãe para fazer companhia a Olívia e, depois do trabalho iria ao centro da cidade, para investigar a possibilidade de concretizar sua ideia.

            Retornou alegre, porque o seu desejo era de fácil conclusão. Só teria que convencer sua mulher, a cortar seus cabelos na altura do pescoço. Quando estavam sentados jogando conversa fora, ele resolveu falar. Aproximou-se e pegando em suas mãos foi dizendo:

- Olívia, hoje eu fui ao cabeleireiro que fabrica perucas e expus o seu caso. Ele disse que pode fazer uma peruca do seu próprio cabelo, que ninguém vai desconfiar que não está implantado no seu couro cabeludo. Precisamos cortar o cabelo bem curto e levar para ele tratar, que até os seus cabelos caírem, a peruca já estará pronta.

- Não quero cortar meus cabelos, ela respondeu, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. 
- Não tenho lembrança da última vez que cortei os cabelos, deveria ser muito pequena; soluçou a moça.

A mãe do rapaz fez sinal para ele dar um tempo para Olívia pensar.

- Foi só uma ideia, se você não quiser, nada faremos, fique calma meu amor, e a abraçou com carinho.

No dia seguinte foram iniciadas as sessões de radioterapia e em seguida viriam as quimioterapias, que levariam à queda dos cabelos de Olívia. Ela teria algum tempo para decidir o que faria, pensou Cirilo Artur.

O primeiro dia da quimioterapia seria na sexta-feira e ele faria uma surpresa para seu amor. A mãe de Olívia passou a quinta-feira com ela e no final da tarde, o marido iria busca-la para Cirilo Artur passar a noite ali. Então, entraram no quarto, o seu pai, o irmão e Cirilo Artur, todos de cabeça raspada.
A surpresa foi tão grande que ela gritou.

 – Que loucura! Por que fizeram isso?

  - Em solidariedade a você, porque a amamos e não queremos que sofra.
            Olívia não conteve as lágrimas e agradeceu a todos; seriam quatro carecas e não apenas ela.

            Os dias passaram e ela já ostentava queimaduras na pele por causa da radioterapia. Sentia-se enfraquecida e com náuseas. E, a tendência era piorar com o início da quimioterapia, todos sabiam disso.

 Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.