A LUZ DO SEU OLHAR
CAPÍTULO NOVE
Benjamim não estava acostumado a
fazer compras e muito menos, em locais tumultuados e impossíveis de se
locomover. No Saara, as pessoas eram empurradas e levadas ao sabor do fluxo de
pedestres, não havia lugar para escapar daquela massa de gente, que se mantinha
por toda parte. Era necessário tomar cuidado para não se distanciar do
acompanhante, porque corria-se o risco de não poder encontra-lo mais em meio à
multidão. Por isso, Eloisa mantinha-se agarrada ao braço do general.
–Não quero perde-lo meu amor, agora
que o encontrei não quero que nada nos separe, disse a moça encabulada. O
general sorriu com a proximidade do corpo dela, estava de bom humor e muito
feliz, como jamais estivera antes.
Depois de muitos empurrões,
chegaram a uma loja onde Eloisa puxou Benjamim para dentro. Lá havia muita
gente, mas dava para se locomover. A moça escolheu então, uma bermuda jeans,
uma camiseta amarela, tênis esportivo e um boné azul. E, quando ele se vestiu,
a moça sorriu; ele parecia um brasileiro nativo. Entretanto, o forte sotaque
inglês denunciava sua procedência.
Com as roupas originais na sacola
saíram de mãos dadas; andaram até a estação do metrô e depois sentaram-se em
uma lanchonete para tomar um refresco. Benjamim não se cansava de olhar para
Eloisa, era a mulher de sua vida; alegre, decidida, amável e carinhosa.
Sentado em frente ao mar e com a
brisa quente lhe afagando o rosto, Benjamim sentia-se no paraíso. Era um sonho
para o homem acostumado ao trabalho duro e nenhuma diversão. E, agora ele estava
no Rio de Janeiro com a mulher de sua vida, usufruindo de momentos muito felizes.
Levantaram-se e saíram de mãos
dadas para uma caminhada no calçadão. O general, cujo apelido era casca dura,
se transformara em um namorado apaixonado e cheio de mimos com Eloisa. Andavam
de mãos dadas e de vez em quando trocavam beijos calorosos. Seguiram por alguns
quilômetros, pareciam dois pombinhos arrulhando.
No entanto, teriam que voltar, então, tiraram os sapatos para molhar os
pés nas águas, que a maré levava e trazia. Águas tépidas que muitas vezes
chegava aos joelhos de ambos, que riam saltando as ondas.
A noite chegou de mansinho e o
general foi para suas acomodações na vila olímpica. Para sua sorte não havia
ninguém lá, somente um bilhete dizendo que estavam no ginásio onde aconteceria
o jogo de vôlei. Ficou satisfeito por não ter que se explicar, mas para deixar
os companheiros tranquilos ligou no celular de um companheiro, dizendo que
ficaria no quarto para se recuperar, pois, estivera em um ambulatório para ser
medicado.
Benjamim
estava feliz, tomou um banho e deitou-se, estava realmente cansado e queria
conversar no celular com Eloisa, até adormecer. Esse disfarce de homem doente
estava rendendo o suficiente e ele levaria a farsa até aonde fosse conveniente.
Até comprara alguns medicamentos para o estômago, com o intuito de deixar sua
história verídica.
Precisava tomar cuidado para não ser
desmascarado e sofrer as consequências de seu ato de insubordinação. Mas, nada
o faria separar-se de seu amor; amava aquela mulher e queria viver sob a luz do seu olhar.
Um texto de Eva Ibrahim