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sexta-feira, 12 de maio de 2017

HÁ OLHOS QUE AGRADAM E ACARICIAM A GENTE COMO SE FOSSEM MÃOS". RUBEM ALVES

                           A LUZ DO SEU OLHAR

                                                           CAPÍTULO NOVE
            Benjamim não estava acostumado a fazer compras e muito menos, em locais tumultuados e impossíveis de se locomover. No Saara, as pessoas eram empurradas e levadas ao sabor do fluxo de pedestres, não havia lugar para escapar daquela massa de gente, que se mantinha por toda parte. Era necessário tomar cuidado para não se distanciar do acompanhante, porque corria-se o risco de não poder encontra-lo mais em meio à multidão. Por isso, Eloisa mantinha-se agarrada ao braço do general.

          –Não quero perde-lo meu amor, agora que o encontrei não quero que nada nos separe, disse a moça encabulada. O general sorriu com a proximidade do corpo dela, estava de bom humor e muito feliz, como jamais estivera antes.

            Depois de muitos empurrões, chegaram a uma loja onde Eloisa puxou Benjamim para dentro. Lá havia muita gente, mas dava para se locomover. A moça escolheu então, uma bermuda jeans, uma camiseta amarela, tênis esportivo e um boné azul. E, quando ele se vestiu, a moça sorriu; ele parecia um brasileiro nativo. Entretanto, o forte sotaque inglês denunciava sua procedência.

            Com as roupas originais na sacola saíram de mãos dadas; andaram até a estação do metrô e depois sentaram-se em uma lanchonete para tomar um refresco. Benjamim não se cansava de olhar para Eloisa, era a mulher de sua vida; alegre, decidida, amável e carinhosa.

               Sentado em frente ao mar e com a brisa quente lhe afagando o rosto, Benjamim sentia-se no paraíso. Era um sonho para o homem acostumado ao trabalho duro e nenhuma diversão. E, agora ele estava no Rio de Janeiro com a mulher de sua vida, usufruindo de momentos muito felizes.   

               Levantaram-se e saíram de mãos dadas para uma caminhada no calçadão. O general, cujo apelido era casca dura, se transformara em um namorado apaixonado e cheio de mimos com Eloisa. Andavam de mãos dadas e de vez em quando trocavam beijos calorosos. Seguiram por alguns quilômetros, pareciam dois pombinhos arrulhando.

            No entanto, teriam que voltar, então, tiraram os sapatos para molhar os pés nas águas, que a maré levava e trazia. Águas tépidas que muitas vezes chegava aos joelhos de ambos, que riam saltando as ondas.

               A noite chegou de mansinho e o general foi para suas acomodações na vila olímpica. Para sua sorte não havia ninguém lá, somente um bilhete dizendo que estavam no ginásio onde aconteceria o jogo de vôlei. Ficou satisfeito por não ter que se explicar, mas para deixar os companheiros tranquilos ligou no celular de um companheiro, dizendo que ficaria no quarto para se recuperar, pois, estivera em um ambulatório para ser medicado.

Benjamim estava feliz, tomou um banho e deitou-se, estava realmente cansado e queria conversar no celular com Eloisa, até adormecer. Esse disfarce de homem doente estava rendendo o suficiente e ele levaria a farsa até aonde fosse conveniente. Até comprara alguns medicamentos para o estômago, com o intuito de deixar sua história verídica.

 Precisava tomar cuidado para não ser desmascarado e sofrer as consequências de seu ato de insubordinação. Mas, nada o faria separar-se de seu amor; amava aquela mulher e queria viver sob a luz do seu olhar.

 Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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