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sexta-feira, 10 de abril de 2015

"DE QUALQUER JEITO, SEU SORRISO VAI SER MEU RAIO DE SOL". CHORÃO --- DEIXE A LUZ ENTRAR PELA FRESTA. EVA IBRAHIM

UMA FRESTA DE SOL
CAPÍTULO QUARTO
          Fernando dormiu como um anjo, depois da dose noturna de vários medicamentos e Celina apagou recostada na poltrona ao lado da cama do marido; estava exausta. Ela acordou com o barulho que o enfermeiro fez ao entrar no quarto, para verificar os sinais vitais do paciente. De sobressalto ela ficou em pé assustada, só então, lembrou-se que estava no Hospital.

         O clarão do novo dia a deixou confusa; por um momento pensou que estava em sua casa, entretanto, a realidade estava ali, nua e crua. Ela, o marido e o pessoal do Hospital, foi o que restou do seu casamento, que fora tão esperado. Ela não curtiu nada do dia mais importante da sua vida, saiu às pressas da Igreja direto para o Hospital. Não viu o bolo nem a festa, que havia sido preparada para o casal.

         Depois ficou sabendo que doaram os quitutes para um orfanato. Uma nostalgia tomou conta de Celina. De todos aqueles acontecimentos, pelo menos, uma coisa boa, fizeram a felicidade de muitas crianças carentes. Sua mãe lhe contou o destino da sua festa quando lhe entregou o casal de noivinhos, que estavam em cima do bolo e seus olhos encheram de lágrimas.

          Celina apertava os bonequinhos na mão e pensava que aquilo era uma grande ironia, os dois bonecos pareciam muito felizes e ela perdida em incertezas. Aquele dia que estava amanhecendo, seria o terceiro de um casamento muito sonhado, que havia sido freado pela doença repentina de Fernando.

               Celina foi ao banheiro e quando se olhou no espelho levou um susto, estava horrível; perdera o viço. Com certeza, aquelas duas noites passadas na poltrona do Hospital, não lhe fizeram bem. Estava ansiosa, preocupada e acima de tudo decepcionada, precisava desabafar com alguém ou explodiria a qualquer momento.

               Tentou conversar com o enfermeiro para ver se conseguia saber alguma coisa a mais, sobre o estado do marido, porém, o funcionário respondia por monossílabos, o que a deixou mais irritada. Tomou um banho e esperou para ajudar o marido tomar o café, depois iria dar uma volta, enquanto o enfermeiro cuidava da higiene de Fernando. A desculpa dada fora que iria comprar algumas revistas para passar o tempo. Estava muito triste e precisava desabafar, mas não poderia ser em frente ao marido. Saiu com destino certo, a Igreja onde se casara, o Padre poderia ouvi-la e lhe dar bons conselhos; era conhecido da família.

A missa já havia começado e ela sentou-se no banco dos fundos da Igreja; olhou para o lado e viu um cachorro deitado perto do altar de Nossa Senhora. Ficou comovida, ele também era uma criatura de Deus e como tal estava ali respeitosamente. Aquele pensamento alegrou seu coração, também precisava de Deus e certamente ele não a abandonaria. A missa estava no final e ela ficou esperando as pessoas saírem para se aproximar do altar principal.

Quando conseguiu chegar ao altar o padre já havia saído pela sacristia, então, ela se ajoelhou diante do Santíssimo e orou com fé entre lágrimas de preocupação. Queria o marido bom para retomar seu casamento, esperara muito por isso.

Ficou ali durante um bom tempo e quando saiu sua alma estava leve; com certeza Deus ouvira suas preces. Voltaria ao Hospital renovada e com algumas revistas na mão. O cachorro estava em frente à Banca de jornais e abanou o rabo quando ela passou; ficou cismada.

- Seria apenas um cachorro ou um anjo?

 Sua mãe sempre dizia que os cães são anjos disfarçados para ajudar os seres humanos. Foi caminhando em direção ao Hospital e quando chegou teve uma bela surpresa. Fernando poderia ir para casa, estava com alta médica.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.


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