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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

"A FELICIDADE" "(...) A MINHA FELICIDADE ESTÁ SONHANDO NOS OLHOS DA MINHA NAMORADA. É COMO ESTA NOITE, PASSANDO, PASSANDO, EM BUSCA DA MADRUGADA. FALEM BAIXO, POR FAVOR PRA QUE ELA ACORDE ALEGRE COM O DIA, OFERECENDO BEIJOS DE AMOR". VINÍCIUS DE MORAES

BATE CORAÇÃO

CAPÍTULO CINCO
              Os dias se sucediam e os enjoos e vômitos se multiplicavam. Daniela já perdera alguns quilos nos dois primeiros meses da gestação e até precisou ficar internada, para controlar a hiperemese gravídica. Mas não reclamava, fazia tudo que o médico mandava. Deitada, apalpava a pequena barriga, que despontava em seu ventre, queria muito sentir a presença do bebê.

            O casal chegou à conclusão de que não poderiam esperar mais, ou todos iriam perceber a gravidez prematura da jovem. Mateus tinha apenas um irmão, que morava em outra cidade com sua esposa e dois filhos. Então, marcaram o enlace para a pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde morava a família de Daniela.

            O enlace aconteceu no domingo, antes do Natal. A noiva entrou na igreja pelos braços de seu pai, estava muito bonita em seu vestido branco. Ninguém percebeu nada, pois estava mais magra do que o costume. Essa condição era devida aos constantes enjoos e vômitos no início da gestação.

                Na hora de receber os cumprimentos na porta da igreja, Daniela ficou pálida, sentiu a visão turva e teve que ser amparada para não desmaiar. Algumas convidadas cochicharam.  
           
                – Será que a noiva está gravida?  E outras afirmaram:

              - Não, ela não teria coragem de fazer isso com seus pais, que são conservadores ao extremo.

            No entanto, agora estava casada e seus pecados seriam perdoados, era assim que sempre acontecia por aquelas bandas. O pai poderia ficar algum tempo sem falar com ela, mas quando visse a carinha do bebê, seu coração perdoaria tudo e Daniela sabia disso. Acreditava que seus pais a amavam e não a abandonariam por seu deslize, por isso estava tranquila.

               A cada dia que passava ela temia que, mais uma vez, sua gestação não desse certo. A gravidez corria cheia de apreensões, pois a moça não ganhava peso e continuava com vômitos frequentes. Mateus se desdobrava para atender a todos os seus pedidos. A futura mamãe carregava a frustração da primeira gravidez e o peso das incertezas da segunda gestação.

              Ela estava ansiosa para saber o sexo da criança, pois com o primeiro filho ficou uma grande interrogação, o bebê nem sequer tinha nome. A moça pensava nele como sendo um anjo, apenas isso.

              Finalmente chegaram ao terceiro mês e os enjoos diminuíram, ao ponto de ela ganhar alguns quilos. Daniela estava melhorando e já começara a comprar roupinhas para o recém-nascido. Mateus a acompanhava às compras e as consultas médicas, estavam esperançosos.

                Logo foi marcado o primeiro ultrassom, poderiam ver o sexo do bebê. O casal estava empolgado e foi emocionante ouvir o coraçãozinho, batendo dentro de sua barriga. A gestante não conseguiu conter as lágrimas, enquanto isso o marido segurava suas mãos. Em dado momento o médico, sorriu e perguntou:

              -Querem saber o sexo do bebê?

             - Por favor doutor, estamos ansiosos. Respondeu Mateus.

            – É uma menina e está tudo bem com ela, afirmou o médico.

           Daniela não conseguiu segurar as lágrimas, estava muito feliz. Faria tudo para que sua filha nascesse com saúde, já a amava intensamente.

           E, assim foram passando os dias, alguns piores e outros melhores. Daniela precisou ficar internada mais duas vezes, por vômitos persistentes. A gestante já estava no sexto mês e mal aparentava sua gestação, tinha um pequeno volume aumentado na região do abdômen. Fazia quatro meses que se casara e somente agora, seus pais ficaram sabendo que seriam avós.

            Na última visita, o médico disse estar preocupado, pois o desenvolvimento do bebê estava aquém do esperado. Passou vitaminas para Daniela tomar e incentivou uma alimentação mais frequente, depois marcou retorno em quinze dias, para um novo ultrassom.

             A gestação completara vinte e oito semanas e o bebê apresentava baixo peso, deixando todos apreensivos. O médico demonstrara sua preocupação e o casal saiu dali, bastante abatido. Mais cinco semanas se passaram e quando a gestante entrou na trigésima semana, surgiu uma dor na região lombar.

             Dois, três dias e as dores tornaram-se constantes. A moça foi internada para analgesia e observação. Mais uma semana se passou e ela teve alta hospitalar. Foi afastada do trabalho e em casa passava a maior parte do tempo em repouso.

              Assim, a moça conseguiu levar a gestação mais um pouco. Com trinta e uma semanas, ela amanheceu com cólicas e um pequeno sangramento. Daniela estava aflita, não poderiam perder a filha, precisavam de ajuda.

            Mateus a levou para o hospital, onde ficou internada, com início de trabalho de parto prematuro.

            O médico disse que a criança era muito pequena e teria que ficar na incubadora, mas tinha possibilidades de ficar bem. Enquanto cuidavam de sua esposa, ele sentou-se na sala de espera e começou a rezar, precisava do olhar bondoso do pai celestial. Clamava baixinho por misericórdia, precisavam daquela criança para continuar a vida, pois Daniela não aguentaria outro golpe.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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