PARECIA
UM RAMALHETE
CAPÍTULO
DOIS
A
menina usava um vestido florido de fundo vermelho. As flores do campo coloridas
pareciam jogadas aqui e ali em toda a extensão do tecido. Trazia nos cabelos um
pequeno buquê de flores alaranjadas, que a deixavam com ar de ramalhete.
Uma jovem cuja beleza despontava
docemente em sua inocência de menina moça. Enquanto a música sertaneja era
tocada na vitrola, as pessoas chegavam e adentravam ao recinto. Cada um
procurava o melhor lugar para assistir de perto os trabalhos dos cavaleiros e
toureiros.
Entretanto, Raquel não arredava pé do
local, queria ver o toureiro. Quando alguém tocava no nome do toureiro, os
olhos dela brilhavam. Era um toureiro espanhol legítimo, todos comentavam.
Manolo, o homem tão esperado pela
menina, finalmente chegou; estava caracterizado com uma roupa verde e dourada.
Usava uma capa preta e uma boina colocada de lado na cabeça. E, a menina se
encantou imediatamente, ele representava todos os seus sonhos.
Era um jovem atleta, alto, moreno,
esguio e muito corajoso, pois, se colocava em frente ao touro sem medo. Seu
histórico era de um valente toureiro, nunca fora ferido em combate. A menina adentrou
ao recinto e se sentou na primeira fila que dava para a arena.
Na arena havia dois homens vestidos
de palhaços, que ficavam dentro de sacos de palhas andando de um lado ao outro.
Tinham a função de distrair o touro se investisse em Manolo.
A música parou e o apresentador
iniciou os trabalhos daquela noite de estreia. Balões subiram aos céus e sob
aplausos e gritos de “Olé”, Manolo ensaiava seus passos de matador em frente ao
touro. Com uma capa vermelha ele desafiava o touro bravo, que bufava e batia o
pé no chão. Raquel sentia medo, porém queria assistir a luta entre o homem e o
animal até o fim.
Ali não haveria morte, pois, no Brasil não existe
sacrifícios de animais, mas o ritual era o mesmo. Uma dança louca, que deixava
os olhinhos de Raquel extáticos. Manolo era exímio toureiro e por diversas
vezes tirou suspiros da plateia.
E, quando o show terminou, o
toureiro pegou uma rosa que haviam atirado na arena e jogou para a menina,
pois, ele havia reparado em seu encantamento. A partir daquele momento, a
garota de apenas quinze anos, passava a ser cativa de Manolo.
Raquel saiu dali com a rosa na mão
e quando seu pai lhe perguntou quem lhe dera a flor, ela respondeu que pegara
do chão. Aquele era um segredo seu, que ninguém poderia interferir. Ela estava
nas nuvens. Sua cabeça rodava de emoção e seu coração lhe dizia, que aquele era
seu príncipe encantado.
A rosa foi colocada em um vaso na
estante da sala; era seu troféu. Naquela noite os seus sonhos foram embalados
pela música e o toureiro rodopiando com ela na arena de touros.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.