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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS"- PADRE MARCELO ROSSI- "(...) FALE COM DEUS, ELE VAI AJUDAR VOCÊ. APÓS A DOR VEM A ALEGRIA, POIS DEUS É AMOR E NÃO TE DEIXARÁ SOFRER. (...)"

A CORDA E AS ROMARIAS

CAPÍTULO QUATRO

            O rapaz chegou trazendo um pouco de conforto para Edileusa, cuja alma vivia num turbilhão de incertezas. Só Caetano conhecia o problema, que sua namorada estava amargando. Com ele, ela podia se lamentar e até chorar, que tinha um ombro para colocar sua cabeça; ele era seu porto seguro.

             O tema da festa do Círio de Nazaré de dois mil e dezenove era: “Maria, Mãe da Igreja”. A cidade estava em alvoroço, muitos turistas por todos os lugares, havia uma previsão de mais de um milhão de pessoas para participar dos festejos daquele ano. Edileusa não se cansava de admirar a evolução, que a festa do Círio tivera nos últimos anos. Era filha da terra e já nem se lembrava mais da beleza das comemorações.

              À noite, sentados no abrigo da casa da mãe de Edileusa, viram passar, ali em frente, dois enormes caminhões carregados com cordas. Caetano ficou surpreso e perguntou:

               - Para que serve tantas cordas? De onde estão vindos esses caminhões?

             Helena, a mãe, sorriu e disse:

              - Essas cordas vêm de Santa Catarina, viajam dias para participar da festa. São um dos símbolos da devoção do povo, quiçá o mais importante, depois do manto da virgem. Somam oitocentos metros de corda de sisal, que são financiadas por anônimos, que fazem esse ato de caridade para homenagear a Virgem de Nazaré.

           Caetano, então, prosseguiu:

               - Como isso é possível? Onde ficam essas cordas?

              A mulher sorriu novamente e continuou: 

              -Desde o século passado, nos idos de um mil oitocentos e oitenta e cinco, houve uma tempestade e uma enchente na hora da procissão. A berlinda, onde estava a Virgem de Nazaré, ficou atolada e os cavalos não conseguiam puxar o andor. Os animais foram soltos e um comerciante do local emprestou uma corda, para que os fiéis puxassem a pequena carruagem. Desde então, a corda é utilizada como o elo entre a população e a santa.

            - A corda vem dividida em duas partes, quatrocentos metros são usados na transladação e os outros quatrocentos na procissão do domingo. Todos querem segurar na corda, ou até mesmo tocá-la para pagar promessas e receber as bênçãos da Virgem de Nazaré.

            A festa acontece durante quinze dias, durante a chamada quadra Nazarena e culmina no segundo domingo de outubro, não tendo uma data fixa. O Círio é uma grande vela, que acompanha a Virgem durante a procissão, de um lugar para outro. Existem vários objetos simbólicos, que atraem as pessoas para admirar e acompanhar o desenrolar da festa religiosa.

           Um deles é a berlinda: um andor em forma de carruagem, que abriga a imagem da Virgem. É carregado de flores, que enfeitam o nicho onde a Santa fica durante o translado e a procissão. Tem, também, além da corda, as romarias, o rosário, o manto, as crianças vestidas de anjos e outros.

             O translado acontece na sexta-feira e marca o percurso da imagem da Virgem de Nazaré pelas ruas de Belém até a Igreja Matriz da cidade de Ananindeua, município vizinho de Belém do Pará. O percurso é feito em carro aberto, no qual a imagem da Santa recebe muitas homenagens e passa a noite na Igreja sob vigília dos fiéis. Essa romaria acontece na sexta-feira para sábado, que antecede o domingo do Círio.

             No dia seguinte, de madrugada acontece a missa antes da partida da imagem da santa. A romaria rodoviária se dá ainda na madrugada e os fiéis, em grande número, aguardam a passagem da comitiva, que é composta de carros oficiais e de romeiros, até a vila de Icoaraci.

            Ali, então, é iniciada a romaria fluvial, que leva cerca de cinco horas em um trajeto pela baia do Guajará. É uma festa muito grande com barcos de todos os tipos e tamanhos, que são enfeitados de flores, fitas coloridas e bandeiras, colorindo a baia em homenagem à Santa.

          Caetano estava admirado, com tantas novidades encontradas naquele lugar. Abraçou sua namorada e a beijou na testa, era um sinal de proteção. Ali existia amor verdadeiro. Estavam ali para uma missão especial, precisavam de um milagre.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa. 

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