CAPÍTULO
QUATRO
O rapaz ficou no hospital até escurecer,
não queria deixar sua namorada sozinha no Pronto Socorro. Mas, não teve jeito,
acabaram por dar um ultimato a ele, ou saia ou chamariam a segurança do local.
Contra a vontade, ele se retirou e voltou para a casa da prima, estava
desolado.
Pedro não jantou e foi direto para seu
quarto, se jogou na cama e chorou, como a muito tempo não fazia. A prima foi
ver o que estava acontecendo e o convenceu a comer alguma coisa antes de
dormir.
Foi uma noite de pesadelos, acordou várias
vezes assustado, não se conformava com a situação. Amanheceu, o despertador
tocou e ele deu um pulo, tomou banho e saiu apressadamente, queria passar no
hospital antes de ir trabalhar.
Chegando ao Pronto Socorro, ele
encontrou a enfermeira, que os atendera no dia anterior e conseguiu entrar, por
cinco minutinhos, em companhia dela. Lá
encontrou a namorada acordada:
- Minha cabeça dói, parece que está
inchada, mas estou melhor, disse ela.
Com dez pontos no couro cabeludo e
o braço engessado, Gilda deu a seguinte notícia:
- Eu terei alta após o almoço e o meu pai virá
me buscar. Vou me recuperar no interior. Pedro ficou pálido:
- Como? Eu quero estar perto de
você e preciso trabalhar. Não, por favor.
- Não posso fazer nada, meu pai
virá me buscar e minha mãe vai cuidar de mim. Mas, você poderá ir me visitar no
final de semana, vou falar de nós dois para eles.
O rapaz ficou pensativo, estava visivelmente
contrariado. Seu semblante se fechara e depois de algum tempo disse:
- Sim, eu irei sem falta, me
aguarde, estava mais conformado.
Beijou a namorada e voltou ao
trabalho. Não conseguia se concentrar, pensava no assalto e na amada, que
acabou levando a pior. Pedro conseguiu sair mais cedo do trabalho e foi
correndo para o hospital, queria ver Gilda, antes que ela fosse embora.
Os pais da moça e a tia estavam
aguardando a alta, para levar a moça para Piracicaba. Pedro se apresentou como
colega de trabalho da filha deles, deixaria ela dar a notícia do namoro.
Precisava ter cautela para não parecer intrometido.
A paciente apareceu de cadeira de
rodas, estava acompanhada de um profissional da saúde, que lhe desejou
melhoras. Gilda levantou-se e deu um abraço no Pedro, depois subiu no
automóvel. Estava abatida com os acontecimentos recentes, não estava em
condições de explicar nada naquela hora.
De dentro do veículo, ela disse que esperava por
ele, no final de semana. Sua mãe olhou espantada, mas não disse nada.
Desconfiou que ali havia alguma coisa além de amizade.
O veículo partiu deixando Pedro com
os olhos cheios de lágrimas, sentia-se frustrado. Não conseguira proteger seu
amor, do ataque dos bandidos. Agora a solidão o esperava. Uma nuvem escura se
abateu sobre ele, que seguiu cabisbaixo.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa