GARANCHOSOS
CAPÍTULO CINCO
Celina, acompanhada do casal de
namorados, iria assistir ao ensaio do boi Garantido. Sentia-se como se fosse
uma vela, dizia sorrindo. E os três seguiam alegres, em busca de aventuras. Como
turistas, Rodolfo e Lorena, queriam desfrutar ao máximo, de todas as
oportunidades de conhecer a riqueza do folclore local. Celina disse aos dois
amigos que iriam de transporte alternativo, simples, rápido e barato.
- Aqui tem Uber? Perguntou o
rapaz.
– Pode-se dizer que sim, espere
para ver. Retrucou a moça.
Os três, com roupas de cores
neutras, saíram de casa dizendo que eram Garanchosos, isto é, metade Garantido
e metade Caprichoso. A moça, conhecedora
do local, havia dito que as pessoas de fora, quando não queriam se comprometer,
diziam que eram Garanchosos. Essa era a melhor identidade para entrar nos dois
galpões. Já na rua, Celina deu com a mão para um estranho triciclo, que encostou
na guia.
– O que você está fazendo?
Perguntou Rodolfo. Ela sorriu e disse:
- Vamos, este é o nosso transporte
alternativo, o Uber de Parintins. O casal ficou surpreso, mas trataram de subir
no veículo. Ocuparam o banco de madeira, depois Celina se acomodou e perguntou
ao condutor se dava para levar três. E o condutor respondeu:
-Sim madame, vamos seguir em
frente. No entanto, era visível o esforço que ele fazia para pedalar o triciclo,
sentado sobre a roda traseira.
O veículo era coberto com lona para proteção contra o Sol e com um banco que levava até três pessoas de médio porte. Os três gostaram do transporte, que os protegia dos raios solares e ainda podiam receber uma leve brisa de vento, naquele calor escaldante.
O veículo era coberto com lona para proteção contra o Sol e com um banco que levava até três pessoas de médio porte. Os três gostaram do transporte, que os protegia dos raios solares e ainda podiam receber uma leve brisa de vento, naquele calor escaldante.
Chegaram ao galpão do Garantido
e ali havia muita gente trabalhando para terminar os estandartes e o carro alegórico
principal. Todos empenhados em construir uma bela apresentação folclórica.
Depois, os três amigos foram ao barracão do Caprichoso e chegaram à conclusão,
de que seria um duelo de gigantes, dada a complexidade dos carros alegóricos,
fantasias, alegorias e acessórios; todos de uma beleza incontestável.
As músicas, tocadas por quatrocentos ritmistas, falavam ao coração com os ritmos e sons da floresta Amazônica. As letras das toadas enalteciam as lendas, mitos e histórias da região norte do Brasil.
As músicas, tocadas por quatrocentos ritmistas, falavam ao coração com os ritmos e sons da floresta Amazônica. As letras das toadas enalteciam as lendas, mitos e histórias da região norte do Brasil.
Uma festa com a presença da
cultura indígena; carros alegóricos enormes, que são montados dentro da arena,
pois, não conseguiriam entrar se estivessem prontos. Muitas penas e cores
compondo as alegorias, onde se destacam as cores básicas de cada grupo. Na
composição são acrescidas as cores vibrantes da floresta, tais como: amarelo
ouro, laranja, verde, dourado, que estão presentes nos cocares, braçadeiras,
tangas, estandartes, brincos, colares e todos os tipos de enfeites.
Mas, o mais bonito é o
comprometimento das duas torcidas. A partir de um projeto gigantesco, para cada
boi, contando histórias, fábulas e lendas indígenas da floresta amazônica é
montado um cenário teatral de emocional intenso e magnífico.
Em sua confecção, esses projetos
contam com grande parte da comunidade, que trabalha duro para obter três dias
de glória. Cada grupo cuida de um núcleo pré-determinado. O trabalho, que ocorre
durante o ano inteiro, se intensifica e vara as noites na semana da
apresentação final.
Na quinta-feira, os três amigos
foram visitar a Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade e
outros lugares turísticos. A noite ficaram sentados em um barzinho na orla do
porto de Parintins observando os barcos, que chegavam à cidade para a festa do
folclore amazonense.
Celina encontrou um velho
conhecido e ficaram conversando, enquanto Rodolfo e Lorena curtiam um namoro ao
luar do rio Amazonas.
Já era tarde da noite quente do
norte brasileiro, quando os três voltaram para casa. Precisavam descansar para
vivenciar os três dias de duelo a céu aberto, que aconteceria no Centro
Cultural Amazonino Mendes, mais conhecido como Bumbódromo.
É um estádio em formato de cabeça de boi
estilizado, tem capacidade para trinta e cinco mil pessoas. Localizado na ilha
de Parintins no estado do Amazonas. É o local onde estarão concentrados todos
os olhares da população local e dos turistas, nas três noites do festival
folclórico.
As arquibancadas do estádio são
pintadas, a metade de azul e a outra metade de vermelho, assim, os turistas
deixarão de serem Garanchosos e terão que optar por seu boi de preferência. No
caso da família de Celina, a torcida é para o grupo do boi Caprichoso, da cor
azul.
Rodolfo e Lorena estavam encantados
um com o outro, fora um amor à primeira vista e parecia crescer a cada dia formando um amor perfeito, naquele local mágico da ilha de Parintins.
Um texto
de Eva Ibrahim Sousa.
Com
consultas ao Wikipédia e ao Youtube