MISSÃO CUMPRIDA
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CAPÍTULO TRÊS
O profissional de implantodontia
nada pensava além de, como recolocar o dente em seu lugar de origem. Com o
objeto precioso na mão, ele precisava de soro para manter o dente em boas
condições até chegarem à sua clínica. Entretanto, ali não havia nenhum líquido
estéril e depois de olhar tudo a sua volta, ele viu um coco da Bahia dentro da
geladeira. Não teve dúvidas, pegou a fruta, que já estava gelada e cortou a
parte de cima introduzindo o dente naquele líquido, que ainda estava intacto.
Em seguida todos correram para
os dois veículos que estavam estacionados no pátio e saíram em desabalada
corrida. Havia muita pressa e o dentista precisava passar em sua casa para
pegar a chave da clínica. Ana olhou em seu relógio, já se passara uma hora do
acontecido; uma ruga de preocupação surgiu em sua testa.
Celso, Artur, Saulo e Ana foram no
primeiro veículo e os outros no automóvel do pai do acidentado. O dentista
seguia rápido, havia urgência naquele caso e ele não queria perder tempo. Então, ele começou a falar sobre o assunto,
parecia dizer para si mesmo, como se fosse um mantra conhecido.
- O segredo para o sucesso na
recolocação de um dente é reimplantá-lo no local de onde saiu, o mais rápido
possível. Cada minuto perdido, células importantes da raiz morrerão, comprometendo
o êxito da pequena cirurgia. Olhando o relógio, Celso continuou falando alto:
- O êxito do reimplante é maior
durante os primeiros trinta minutos, com boas chances até duas horas após o
trauma. Já perdemos uma hora, porém, Artur é jovem, saudável e conseguiremos
recolocar seu dente. E, olhando para Ana disse:
- Precisamos ter fé; com a ajuda de
Deus tudo ficará bem.
Ana
segurava o coco como se fosse a maior relíquia já conquistada, ali dentro
estava parte de seu filho, ou seja, o seu dente da frente. Tanta coisa passava
pela cabeça da mulher, enquanto olhava o buraco deixado na gengiva de seu
menino. Entre uma oração e outra ela olhava para Celso, que naquele momento era
um Deus, pronto para ajudá-la. Então, com um solavanco o automóvel parou,
haviam chegado à clínica.
Adentraram ao recinto rapidamente e o
dentista acostumado ao procedimento, foi logo tomando as providências
necessárias. O menino parecia assustado e a mãe o acalmava permanecendo ao seu
lado. Saulo ficou em segundo plano, caso o pai precisasse de alguma coisa, pois
ele estava com luvas estéreis, trabalhando em um campo estéril. O coco estava
colocado de maneira estratégica para que o dente fosse pinçado e colocado em
soro fisiológico antes de ser depositado em seu leito natural, na gengiva do
menino.
O pequeno Saulo tinha orgulho de seu
pai e naquele momento sentia-se importante, já que a auxiliar de Celso estava
de folga. Assim, ele se tornara um ajudante ocasional.
Serena
ouvia o relato de sua amiga e mal podia acreditar na situação que todos
viveram; gostaria de ter podido ajudar também.
Depois de trinta minutos, o dente
estava novamente em seu lugar e Celso respirou profundamente. Usou de toda sua
experiência e obteve êxito. Tirou a máscara, as luvas e dando a mão ao paciente
o sentou na mesa cirúrgica; depois, sorrindo disse:
- Seu dente está no lugar, agora
temos que tomar alguns cuidados para que ocorra a osseointegração do implante
de seu próprio dente. Deverá ser igual ou melhor do que em pacientes de mais
idade, visto que, as respostas de organismos mais jovens são melhores.
Artur sorriu e apareceu seu dente no
lugar certo, é bem verdade que estava um pouco inchado. No entanto, aquela
situação era passageira; disse Celso aliviado.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.