ALÉM
DAS ESTRELAS
CAPÍTULO
TRÊS
Sila tinha outras prioridades, antes de
pensar em casamento, entretanto, Alcir tinha pressa; parecia que pressentia
algo de ruim se não agarrasse a moça de uma vez. Discutiram, algumas vezes, por
esse motivo. Ela queria terminar os estudos, arrumar um emprego melhor e depois
montar sua casa do jeito que sempre sonhou.
–Não, de jeito nenhum, ele não
conseguiria esperar tanto tempo, ela faria tudo isso estando junto dele, dizia
o rapaz com convicção.
Conversa vai, conversa vem e muita
pressão de Alcir que ela acabou cedendo.
–
Iria ficar noiva, porém, o casamento teria que esperar.
Alcir ficou radiante, depois de noivos tudo
seria mais fácil; Sila cederia aos poucos, até se tornar sua mulher. Esse
pensamento povoava sua cabeça, não conseguia focar em outra coisa. Ser feliz,
para ele, era uma necessidade urgente.
Sua avó construíra uma casa, com
dinheiro de uma herança, para alugar e completar sua aposentadoria. Era uma
construção simples, mas bem feita e ficava perto da casa de seus pais, então,
Alcir foi pedir à sua avó se poderia alugar para ele e ela concordou. A noiva
não gostou da pressa do rapaz, ele estava atropelando os seus planos e ela não
iria se submeter aos seus caprichos, seria melhor dar um tempo.
A discussão foi fervorosa e Alcir saiu
da casa de Sila muito bravo, ela não o amava, por isso não queria se casar.
Passou em um bar, encontrou uns amigos e beberam até o bar fechar. No dia
seguinte ele não foi trabalhar, estava com enxaqueca e de mal com o mundo; não
queria ver ninguém.
Sila não o procurou, queria um tempo
para pensar; casamento era coisa séria e ela só tinha vinte anos de idade.
Amava seu noivo, porém, ele teria que entender que ela queria o melhor para
ambos e casar as pressas não estava em seus planos.
Alguns dias se passaram e
Alcir não resistiu, foi à procura de Sila; não poderia viver longe dela.
Conversaram muito e ele concordou em esperar o ano acabar para falar em casamento
novamente, estavam no mês de maio.
Ele não disse nada à noiva, mas tinha um
plano para ela se entregar a ele, mesmo sem se casar. Os dois, sempre conversavam
sobre a futura casa e como seriam os móveis. Um dia eles estavam passeando e
ela parou em frente a uma loja de móveis mostrando a ele as coisas que ela
queria comprar. Foi o suficiente para ele se antecipar e colocar os móveis na
casa que ele mantinha sem ela saber. De maio a dezembro ele economizou tudo que
pode e o restante financiou. Na véspera de Natal a casa estava toda mobiliada,
como ela queria e ele suspirou aliviado.
Alcir estava feliz e convidou sua noiva
para ver a casa que ele pretendia comprar e como uma teia ele foi envolvendo a
moça. Ela ficou surpresa com o empenho dele, além de gostar da casa percebeu o
grande amor que Alcir lhe dedicava. Na casa tinha vinho e salgados, que ele
levara mais cedo para que a surpresa fosse completa.
Os dois ficaram vendo
televisão e bebericando até tarde, a conversa fluía fácil; estava tudo
perfeito. Já era tarde para sair e eles foram ficando ali, inebriados pela
bebida; depois foram levados pela paixão até o quarto, onde ela se esqueceu de
seus propósitos e se rendeu ao amor.
O dia amanheceu com Alcir fungando em
meio aos cabelos louros de sua amada, estava realizado; Sila se tornara sua
para sempre. Quando a moça acordou, deu um salto.
- Como iria se explicar? Seus pais ficariam
furiosos. Alcir ponderou que:
- Seria melhor não dizer nada para não
magoá-los; diga que dormiu na casa de uma amiga; a festa acabou tarde e todos
estavam bêbados.
Ela concordou, afinal, era dia de Natal e
os familiares de Alcir iriam comemorar
com um almoço na casa dos pais de Sila. Aconteceria à reunião das duas
famílias, uma aproximação necessária para a felicidade dos filhos. O amor
desfrutado seria um segredo entre os dois, um presente de Natal, que os
conduziu além das estrelas.
Foi ai que o rapaz teve que engolir seco
e limpar as lágrimas que caiam de seus olhos. Dirceu o abraçou, entendeu a
emoção do companheiro, tinha sentimentos parecidos. Entretanto, tanto um como o
outro usavam uma armadura para mostrar à sociedade.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.