CAPÍTULO
DEZ
O cenário mudou totalmente, outros
carros alegóricos, outras cores e outras luzes, estava começando a apresentação
do boi Caprichoso. Começava a segunda etapa da noite decisiva, na qual seria
apurado o novo campeão de Parintins. Era hora de apagar as luzes das
arquibancadas, reservadas para o boi Garantido e acender as luzes do lado
reservado ao boi Caprichoso.
O mesmo respeito recebido, seria
oferecido agora. A torcida do boi Garantido ficaria calada no escuro, assistindo o desempenho do
adversário. Um jeito peculiar encontrado, naquele local, para manter as duas
torcidas empenhadas em vencer, com justiça.
As
apresentações do boi Caprichoso mantiveram o nível do boi concorrente. A arena
se tingiu de azul, o boi preto com uma estrela azul na testa, fazia evoluções e
a plateia aplaudia incessantemente. Uma outra história sobre a Amazônia foi
contada entusiasticamente, prendendo a atenção de todos.
Rodolfo
e Lorena assistiam o grande teatro de Parintins, abraçados e felizes; era a
última noite da grande festa. Mantinham-se firmes na torcida do boi branco, com
um coração vermelho na testa.
O festival que promove a disputa entre os dois
bois, que se preparam durante o ano inteiro e que envolve quase toda a
população da cidade, serviu de cenário para despertar o amor. Um sentimento que
nasceu forte, entre Rodolfo e Lorena. Celina também estava satisfeita, pois foi
através da amizade dela, que os dois se conheceram. Seria a madrinha daquela
união, com muito prazer.
A expectativa crescia, à
medida que o tempo da apresentação chegava ao fim. Era muito difícil prever,
quem seria o novo campeão. As duas apresentações foram dignas de receber a
taça, e todos ali sentiam isso. A decisão seria conhecida somente na apuração
dos últimos quesitos e com uma margem muito pequena de diferença. A soma das
notas aconteceu e já era um novo dia, quando saiu o resultado.
A vitória ficou com o boi Garantido, que
venceu por poucos décimos e a plateia aplaudiu calorosamente. O Boi Caprichoso
também recebeu os aplausos da plateia, se fosse possível, dariam louros para os
dois bois, pois são campeões de perseverança, empenho e criatividade. Quem
ganhou foram todos os presentes, com um belo espetáculo a céu aberto, na ilha
de Parintins.
Os turistas que participaram da
festa, já faziam planos para voltar, aquela é a terra dos bois Garantido e
Caprichoso, cheia de encantos e peculiaridades. A ilha Tupinambaranas ficou
conhecida pelo grande sucesso do festival dos bois bumbás, o boi branco apresenta
um coração vermelho na testa e o boi preto tem uma estrela azul na testa.
Terminada a festa na arena, o público se retirou. Os vencedores iriam comemorar
noite afora, no barracão de base de seu boi.
Lorena e Rodolfo estavam
felizes, mas cansados de muitas emoções, então foram para casa dormir. Pela
manhã, tinham o compromisso de voltar para Manaus, o mesmo barco que os
trouxera, os levaria de volta. Os dois dormiram juntos, de conchinha, nada mais
havia para esconder, estavam juntos para qualquer coisa. O amor falou mais alto
e seria muito difícil a separação.
As nove horas da manhã, os
três amigos estavam no porto esperando para embarcar, a viagem de volta seria
longa, pelo leito do rio Amazonas. As pessoas entraram no navio e foram logo
armando suas redes, aparentavam cansaço, pois a maioria estava voltando do
festival de Parintins.
Celina, Rodolfo e Lorena foram
para os camarotes, no terceiro piso. A reserva fora comprada com direito a ida
e a volta. O barco conseguiu zarpar as onze horas e trinta minutos e a viagem
levaria cerca de dezoito horas, com tempo bom. Então, chegariam a Manaus no dia
seguinte pela manhã. Os pais de Celina os esperariam no Porto, na hora da
chegada.
Trataram de se alimentar e
foram dormir, estavam cansados. Celina ficou sozinha em seu camarote, a amiga
foi para junto de seu amor, aquela viagem estava sendo sua lua de mel.
Acordaram com fome, já era hora do jantar, então desceram e foram para o
refeitório, depois sentaram-se no convés.
Os três queriam tomar um pouco de
ar fresco, jogar conversa fora, e relaxar depois de tantas emoções. A tarde se
despedia num forte calor do norte brasileiro, podia-se sentir um bafo quente,
da brisa vinda das águas do rio.
O Sol se punha no horizonte
lentamente, e a noite chegava de mansinho, tomando conta de todos os lugares. A
Lua apareceu brilhante no céu límpido, não havia previsão de chuvas para as
próximas horas.
O barco avançava rio adentro e
podia-se apreciar um mar de águas brilhantes, que mais parecia um espelho
encantado, levando os três amigos de volta para casa. Levava também dois
corações apaixonados e cheios de sonhos para serem realizados.
Parintins jamais será esquecida, pois foi o
cenário perfeito, para despertar um amor duradouro entre Rodolfo e Lorena. E,
viva o boi branco com um coração vermelho na testa, que conquistou a taça e o
casal de namorados.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa.
Com consultas ao Youtube.