SEMPRE AO SEU LADO
CAPÍTULO CINCO
Celina ficou eufórica, iria pedir ao
seu pai para busca-los, tinha pressa em ir para casa com seu marido.
Finalmente veria os presentes que ganharam dos parentes e amigos; ela queria
organizar seu novo lar. A lua de mel poderia esperar, o mais importante naquele
momento, era a saúde de Fernando. Tratou de arrumar as coisas do marido e ficou
aguardando o médico e suas recomendações.
Enquanto
ouvia as orientações do médico, sua alegria foi se exaurindo; agora tinha um
doente para cuidar e não um amante para ser feliz. A frase que o Padre disse
não lhe saia da cabeça: “Na saúde e na doença, até que a morte os separe”.
- Mas, ela não tivera nem um dia de saúde com
ele e, já teria que cuidar da doença? Pensou desconsolada a recém-casada.
Seu
pai chegou e Fernando saiu apoiado no sogro, enquanto sua mulher carregava as
bolsas e as receitas dos remédios que iria comprar. Sentia-se feliz, porém,
apreensiva; aqueles foram dias terríveis. Seu sonho de amor estava muito
prejudicado; ela precisava de um tempo para entender tudo o que acontecera.
Sentada
no banco detrás do automóvel, Celina olhava seu marido e constatava que ele
havia emagrecido durante aqueles três dias de Hospital. Fernando parecia
estranho, confuso e sonolento; ninguém saberia ou poderia dizer como seria a
vida deles dali para a frente; Celina sentiu medo. Somente Deus poderia
socorrê-los.
Começar
uma nova vida com tantas responsabilidades, ela nada entendia de remédios e muito
menos de epiléticos. Teria que procurar na internet, já que Fernando fora
diagnosticado como sendo epilético. O nome da doença soava como se fosse um
palavrão, afinal, estragara sua lua de mel. As palavras do médico pareciam
latejar em sua cabeça.
- “A epilepsia é uma doença do sistema
nervoso, facilmente controlada por medicamentos, entretanto, quem tem um
epilético em casa deve tomar alguns cuidados. Ficar atenta as crises, que podem
ser desencadeadas por ansiedade, cansaço, intoxicação, verminoses, febre alta,
ingestão de álcool e luzes intensas piscando. Estamos apenas começando um
tratamento que requer muita investigação e observação, precisamos de sua ajuda
para o bem de seu marido”.
-
Nossa, que enrascada! Pelo jeito, ela nunca mais teria sossego, precisava de muita fé e força
para ajudar o seu marido naquela fase difícil. Pensou a moça, apreensiva.
O pai abraçou a filha e disse que
poderia chama-lo a qualquer hora, tudo aquilo iria passar; era só uma questão
de tempo. A moça entrou com os olhos cheios de lágrimas, o marido estava
dormindo e ela teria que mexer em tudo aquilo sozinha.
Mais uma vez, seus planos deram errado,
ainda não sabia se Fernando poderia manter uma relação sexual saudável ou teria
convulsões em seus braços. Ela poderia esperar o marido ficar bem para iniciar
sua vida de casada, mas, não suportaria que os parentes e amigos sentissem pena
dela. Agiria de maneira normal, a partir daquele dia seria uma pessoa
dissimulada.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.