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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"ALGUMAS VEZES É PRECISO SILENCIAR, SAIR DE CENA E ESPERAR QUE O TEMPO NOS TRAGA AS RESPOSTAS". AUTOR DESCONHECIDO.-- O SILÊNCIO É UM GRANDE AMIGO. EVA IBRAHIM.

                    QUERO COLO
             CAPÍTULO QUATRO
       Clara estacionou o automóvel na garagem e chamou o marido, que dormia com a cabeça recostada no vidro do lado do passageiro. Marcos abriu os olhos e, surpreso, viu que haviam chegado a casa. Desceu do automóvel dizendo que a bebida que tomara era forte demais, não estava acostumado; apenas acompanhara os amigos. A mulher sorriu e o abraçou pela cintura aconchegando seu corpo ao dele, que não a repeliu.
Ele parecia estar embriagado e entrou no banheiro para tomar um banho antes de se deitar. Sua mulher sentiu que a oportunidade de se aproximar de Marcos havia chegado e não hesitou, despindo-se e entrando no banheiro também. Tomaram banho juntos, como nos velhos tempos e depois do amor, foram dormir abraçados. Ele adormeceu logo, mas Clara ficou saboreando aquele momento. Seu marido estava de volta ou talvez fosse consequência da bebida; uma nuvem negra surgiu em seu pensamento.
-Não, ela não iria estragar aquele momento; estava feliz.
Passou a mão nos cabelos do marido fazendo um carinho e tratou de adormecer agarrada a ele.
 Sara cuidara de tudo e depois do café pronto, a moça saiu, precisava voltar para casa. Clara ouviu o portão bater, levantando-se a seguir. Ela estava alegre como há muito tempo não se sentia. Foi ver seus filhos, que ainda dormiam e depois voltou ao quarto para se arrumar. Queria ficar bonita para agradar seu marido quando ele acordasse, precisava reconquistá-lo, mas ainda não sabia como agir.
Esperava ansiosa que ele acordasse de bom humor e a tratasse com carinho, ou ela ficaria triste para sempre. Clara amava seu marido, embora ele a tenha feito sofrer muito no último ano. A presença dele ainda fazia seu coração acelerar; o amor estava adormecido pela indiferença sofrida. Muitas vezes ela pensava que odiava o marido, mas era sentimento passageiro, que andava junto com o amor.
A mulher pensava em Selma, queria que o marido a despedisse, porém, como ela poderia abordar esse assunto sem provocar a ira de Marcos? O risco de ser abandonada era grande, ele parecia enfeitiçado.
 Poderia afastá-lo de vez e jogá-lo nos braços da moça, que era vivida e muito esperta. Teria que ser prudente com as palavras e atitudes. Pensou em João e Renata, que não imaginavam o drama que a mãe estava enfrentando. Eles eram sua esperança em manter seu casamento em pé, porque Marcos amava os filhos, disso ela tinha certeza. Precisavam da mãe e do pai juntos, pois, João tinha doze e Renata dez anos. Admiravam os pais e os tinha como exemplo de vida; não poderiam sofrer uma decepção com seus pais nessa idade, pensava Clara, preocupada.
A mulher tinha uma vida tranquila e farta; os filhos, uma bela casa, automóvel, joias e Sara. A moça que era, também, sua secretária e ultimamente sua confidente. Marcos nunca questionava o que ela gastava, confiava na mulher. Um casamento estável, de provocar inveja em outras mulheres. Sua vida desmoronou com a admissão da nova secretária, que transformou sua vida num inferno.
As crianças acordaram e com o barulho o pai também acordou. Levantou-se e foi tomar café com os filhos e sua mulher, parecia normal. Estava alegre e convidou a família para passar o dia no Clube de Campo. Todos concordaram, iriam à piscina enquanto o pai e a mãe se juntariam aos amigos, que sempre estavam por lá.
Enquanto as crianças pegavam a mochila, Clara e Marcos subiram ao quarto para trocar as roupas e ela aproveitou para beijá-lo. Ele correspondeu e, em seguida, saíram felizes; estava tudo bem. A mulher agia como se nada tivesse acontecido, fazia algumas colocações sobre as crianças e comentários sobre a paisagem. Nada que pudesse lembrar os fatos sobre as traições de Marcos com sua secretária.
Chegaram ao Clube e foram ao encontro de um casal amigo, que estava sentado ao redor de uma mesa, conversando e tomando um aperitivo. Ficaram bebericando e jogando conversa fora durante algum tempo, Clara olhou para o relógio e concluiu que, estava quase na hora do almoço e Marcos levantou-se dizendo que iria ao banheiro. Clara esperou um pouco e levantou-se para chamar as crianças, saindo pelos fundos do salão.
A mulher ficou muda e extática quando viu um casal se beijando em um canto do jardim. Era o seu marido beijando a amante com a mão em sua cintura. Os cabelos louros e fartos da moça não deixavam campo de visão para Marcos e eles não viram a mulher parada na porta.
   Clara retrocedeu, estava pálida, quase desmaiando, mas conseguiu retornar à mesa. Os amigos perguntaram se estava bem e ela disse que não; iria para casa assim que o marido voltasse do banheiro.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana..
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