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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

"BUSCAMOS, NO OUTRO, NÃO A SABEDORIA DO CONSELHO, MAS O SILÊNCIO DA ESCUTA; NÃO A SOLIDEZ DO MÚSCULO, MAS O COLO QUE ACOLHE." RUBEM ALVES---A VIDA É UM MISTÉRIO A SER VIVIDO. EVA IBRAHIM



O BEM MAIS PRECIOSO

 CAPÍTULO CINCO
        Alcir abaixou a cabeça, a emoção tomou conta de sua voz, então, ele começou a gaguejar e as lágrimas desceram fartas de seus olhos. Dirceu levantou-se e pegou um copo com água da moringa, que ficava na mesinha perto do beliche, dentro da cela. Enquanto o companheiro sorvia o líquido, Dirceu perguntou se ele queria parar por ali.

       –Não, de jeito nenhum. Gaguejou o rapaz com a voz embargada.
Ele precisava contar tudo para se livrar do peso que trazia na alma. O sofrimento reprimido por oito anos e a armadura que usava para se apresentar a todos, estava lhe fazendo muito mal; iria contar tudo até o final.
      Respirando fundo, Alcir continuou sua história.

      - Amava a sua mulher com toda a força de seu coração. Respirou fundo e tomando fôlego, continuou.
      Era um sentimento verdadeiro, que viera de um jeito que doía seu peito, o coração disparava quando pensava nela. Ela representava a luz do Sol, a alegria de viver; um sorriso dela encantava seu dia. Desde o momento que a viu pela primeira vez, Sila tornou-se o centro de seu Universo. Gostava de vê-la caminhar em sua direção, balançando seus fartos cabelos louros e quando se aninhava em seus braços ele ficava completo; era seu bem mais precioso.

     Os dois saíram da casa nova com o Sol brilhando alto e, quando chegaram à casa de Sila, a mãe dela os estava esperando, sentada na varanda da casa. A mulher apresentava as feições endurecidas pelo semblante fechado. Levantou-se e com as mãos na cintura perguntou se tinha cara de palhaço. Alcir abaixou a cabeça dizendo que não e Sila começou a chorar.

      - Com certeza estavam pensando que o mal feito ficaria escondido. Disse a mulher irada, em seguida prosseguiu.
     Por enquanto, somente ela sabia que os dois tornaram-se amantes, mas, Alcir teria que marcar a data do casamento naquele mesmo dia, ou ela contaria ao pai e aos filhos, que certamente tomariam providências danosas para ambos.

     Enquanto a moça chorava, o noivo aquiesceu.
     - Casaria com Sila a qualquer momento, já tinham casa para morar.
      Diante de tanta veemência, a mulher depôs as armas, esperaria até a noite para acertarem as datas. Contava com a presença dos pais dele, para se certificar de que estava falando sério.

      Alcir não cabia em si de tamanha felicidade, Sila era seu bem mais precioso e a levaria para o altar com muito amor. Os pais do noivo foram pegos de surpresa e pediram um prazo de dois meses para que tudo fosse arrumado para o casamento. A data foi marcada para a véspera do carnaval, assim eles poderiam viajar e curtir a lua de mel.

      A mãe chamou a atenção da filha com dureza, para a realidade que a aguardava.
     –Será que ela não estaria jogando sua sorte pela janela? Era muito jovem, ainda não estava formada e o noivo parecia muito ciumento. Temia que ele não deixasse ela terminar os estudos, enfatizou a mulher.

     Sila ouviu calada, a mãe poderia ter razão, porém, não queria pensar nisso naquele momento. Estava feliz com a novidade, também amava Alcir e queria desfrutar dessa fase de sua vida, o casamento.

      O dia do casamento chegou e a felicidade estava estampada no rosto dos noivos. Tudo saiu perfeito, a cerimônia, a festa e a saída estratégica do casal de noivos para a viagem ao litoral; Sila queria aproveitar o calor para curtir a praia.

      O carnaval acontecia nas ruas e salões e os dois passeavam agarradinhos pela orla marítima, depois iam dormir de conchinha. Alcir nunca foi tão feliz, queria permanecer ali para sempre. Foi uma semana inteira de muito amor, depois voltaram para casa. Era chegada a hora de enfrentar a realidade que os esperava, cheia de novos compromissos.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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