SOLIDÃO
CAPÍTULO
QUATRO
Adele chegou à sua casa e foi para o
quarto, não sabia o que fazer de sua vida. E, no escuro do ambiente ela sentiu
que seu futuro mais parecia um borrão cinzento, então, deitou-se na cama;
estava triste e cansada de todos aqueles acontecimentos, que lhe roubaram o
marido.
Precisava ficar só e refletir na mudança que a morte de Rafael
provocaria em sua vida. Solidão era a definição para aquele momento, uma dor
profunda de perda inesperada; uma mudança sofrida e nunca pensada.
Agora, Adele era viúva e aquela
palavra lhe parecia uma carga pesada e escura; precisava encontrar uma saída
para não entrar em depressão. Naquele momento, o que lhe restava era chorar. As lágrimas corriam pelo seu rosto molhando o
travesseiro, no entanto, serviam para aliviar a dor que apertava seu peito.
- Por que eu? O Rafael sempre foi o grande
amor da minha vida, o que farei sem ele?
A mulher, depois de algum tempo, foi
vencida pelo cansaço e adormeceu em um sono agitado; sentia mágoa do mundo e
queria desaparecer.
O dia amanheceu limpo e com uma luz
brilhante, Adele estava com os olhos inchados de tanto chorar, mas não poderia
ficar indiferente a beleza do dia que se apresentava naquela manhã. Foi tomar
banho para melhorar sua aparência, teria que tomar algumas providências
práticas referentes a morte de Rafael.
A tristeza tomava conta de seu
coração, estava de luto e sentia que precisava buscar Deus. Fez café e
sentou-se para sorvê-lo; procurava um novo sentido para sua vida. Estava
absorta em seus pensamentos e, distraidamente, levou a xícara aos lábios
queimando a língua, em seguida, de um pulo levantou-se e foi tomar água...
Adele
sabia que precisava ficar forte, pois tinha duas filhas adolescentes que
precisavam dela. No entanto, sentia que para sobreviver teria que ter um apoio
espiritual; iria procurar o padre para aconselhá-la. Na Igreja encontraria um
pouco de consolo, estava muito carente.
Quando saiu de casa os vizinhos foram lhe dar
uma palavra de conforto e Adele começou a chorar, não conseguia falar dos
últimos acontecimentos. Era muita angustia que a sufocava impedindo-a de
conversar, então, teve que retornar à sua casa para poder se acalmar. Ela não
queria a piedade de ninguém, estava acuada em sua dor.
Suas filhas tentaram acalmá-la,
porém, teriam que esperar a mãe viver todas as fases do luto; seria prematuro
tentar impedir seu sofrimento. As duas meninas deixaram a mãe sozinha para
curtir a sua perda; nada poderiam fazer. Eram jovens e ainda não entendiam o
drama que estavam vivendo.
Um
texto de Eva Ibrahim
Continua
na próxima semana.