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sexta-feira, 20 de maio de 2016

"QUE MINHA SOLIDÃO ME SIRVA DE COMPANHIA, QUE EU TENHA CORAGEM DE ME ENFRENTAR. QUE EU SAIBA FICAR COM O NADA E MESMO ASSIM, ME SENTIR COMO SE ESTIVESSE PLENA DE TUDO". CLARICE LISPECTOR -- NÃO POSSO CAMINHAR SOZINHA... EVA IBRAHIM.

SOLIDÃO
CAPÍTULO QUATRO

           Adele chegou à sua casa e foi para o quarto, não sabia o que fazer de sua vida. E, no escuro do ambiente ela sentiu que seu futuro mais parecia um borrão cinzento, então, deitou-se na cama; estava triste e cansada de todos aqueles acontecimentos, que lhe roubaram o marido.

           Precisava ficar só e refletir na mudança que a morte de Rafael provocaria em sua vida. Solidão era a definição para aquele momento, uma dor profunda de perda inesperada; uma mudança sofrida e nunca pensada.

            Agora, Adele era viúva e aquela palavra lhe parecia uma carga pesada e escura; precisava encontrar uma saída para não entrar em depressão. Naquele momento, o que lhe restava era chorar.  As lágrimas corriam pelo seu rosto molhando o travesseiro, no entanto, serviam para aliviar a dor que apertava seu peito.    

          -    Por que eu? O Rafael sempre foi o grande amor da minha vida, o que farei sem ele?

          A mulher, depois de algum tempo, foi vencida pelo cansaço e adormeceu em um sono agitado; sentia mágoa do mundo e queria desaparecer.

           O dia amanheceu limpo e com uma luz brilhante, Adele estava com os olhos inchados de tanto chorar, mas não poderia ficar indiferente a beleza do dia que se apresentava naquela manhã. Foi tomar banho para melhorar sua aparência, teria que tomar algumas providências práticas referentes a morte de Rafael.

           A tristeza tomava conta de seu coração, estava de luto e sentia que precisava buscar Deus. Fez café e sentou-se para sorvê-lo; procurava um novo sentido para sua vida. Estava absorta em seus pensamentos e, distraidamente, levou a xícara aos lábios queimando a língua, em seguida, de um pulo levantou-se e foi tomar água...

 Adele sabia que precisava ficar forte, pois tinha duas filhas adolescentes que precisavam dela. No entanto, sentia que para sobreviver teria que ter um apoio espiritual; iria procurar o padre para aconselhá-la. Na Igreja encontraria um pouco de consolo, estava muito carente.

Quando saiu de casa os vizinhos foram lhe dar uma palavra de conforto e Adele começou a chorar, não conseguia falar dos últimos acontecimentos. Era muita angustia que a sufocava impedindo-a de conversar, então, teve que retornar à sua casa para poder se acalmar. Ela não queria a piedade de ninguém, estava acuada em sua dor.

            Suas filhas tentaram acalmá-la, porém, teriam que esperar a mãe viver todas as fases do luto; seria prematuro tentar impedir seu sofrimento. As duas meninas deixaram a mãe sozinha para curtir a sua perda; nada poderiam fazer. Eram jovens e ainda não entendiam o drama que estavam vivendo.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
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