A MAGIA DAS CORES
CAPÍTULO QUATRO
Rodolfo estava perplexo com a
história do Boto cor de rosa, mas ainda havia muitas coisas surpreendentes para
serem vistas, na ilha de Parintins. Celina chamou a atenção dos amigos para as
cores da cidade, no mínimo uma realidade inusitada. A metade da avenida, os
canteiros centrais, inclusive as lixeiras, postes de luz e troncos de árvores,
era pintada de azul e a outra metade era toda pintada de vermelho.
O táxi ganhava outras ruas da
cidade de Parintins e a magia das cores se acentuavam, ainda mais, quando se
aproximavam dos redutos dos bumbás. Ali podia-se ver a força e a magia da cor
azul ou vermelha, de acordo com o seu boi de referência.
O comércio ostentava a metade,
dentro de cada loja, nas vitrines e no lado de fora, em azul e a outra metade
em vermelho. Em toda a cidade estavam presentes as cores azul e vermelho, na
fachada dos Bancos, nos telefones públicos, nos bancos da praça e nas
residências também; uma cidade em duas cores predominantes.
Celina, que era a maior conhecedora
do local, pois visitava sempre seu irmão, tentava explicar o motivo de colorir
a cidade daquelas cores. Aquilo tudo tinha a ver com a paixão dos parintinenses, pelos bumbás. As torcidas apaixonadas de cada boi eram radicais e dividiam a
cidade. Sendo assim, para não perderem os clientes, os comerciantes utilizavam
as duas cores, vermelho e azul e se posicionavam com neutralidade.
A moça estava empolgada e continuou
explanando sobre o assunto tão interessante. Rodolfo e Lorena pareciam
estáticos, ouvindo Celina. O motorista do táxi, que estava atento à conversa,
desenvolvia uma velocidade baixa, para que os turistas pudessem apreciar as belezas
da cidade. A moça continuava contando o que sabia sobre Parintins e a paixão do
povo pelos bumbás.
- Os dois bois rivais, que se
enfrentam na arena do festival folclórico, que acontece todos os anos em
Parintins, são: Garantido, cor vermelha e branco e Caprichoso, cor azul e
branco. A cidade se divide nas torcidas dos bumbás e um não pode dizer o nome
do outro porque, dizem, dá azar. Quando a turma do Caprichoso precisa se
referir a alguém do Garantido, ou vice e versa usam a palavra “contrário”, para
não falar o nome do adversário.
- A paixão pelos bois é tão grande,
que chega a dividir famílias e as vezes levam até a separação de fato. A cidade
se transforma em uma grande festa, com a chegada de muitos barcos, cada um
enfeitado com a cor da torcida do seu boi, azul ou vermelho. São turistas de
todas as partes do país e até do estrangeiro, que visitam a ilha na ocasião do
festival, que acontece no último final de semana do mês de junho, sexta-feira, sábado
e domingo.
- As belezas das ilhas do
arquipélago Tupinambaranas encantam os turistas, além do festival folclórico. Parintins
é cercada por uma infinidade de lagos piscosos e apresenta nas proximidades
muitas praias de areias brancas. Na orla existe um calçadão com bares
e restaurantes, onde as pessoas podem apreciar a vista do rio Amazonas,
enquanto degustam as delícias da terra.
Lorena
e Rodolfo estavam satisfeitos por estarem em Parintins e ter como guia uma
amiga tão querida. O táxi parou, haviam chegado na casa do Gerson, irmão de
Celina. Bateram e apareceu a Rosana, a dona da casa, que os convidou a
entrarem. Depois das apresentações, Celina e Lorena foram para o quarto de
hóspedes e para o Rodolfo fora arrumado o quarto da edícula, nos fundos da
casa. Ele ficou satisfeito, assim teria um pouco de privacidade.
Rosana era prestativa e logo que
o marido chegou, ela chamou os hóspedes para o almoço. Depois foram descansar, para mais tarde, o grupo sair e comprar camisetas e adereços do Caprichoso, que era o
boi preferido da família.
O sono foi reparador, os três estavam cansados
e após o jantar saíram para conhecer a cidade. Havia muito movimento ao redor
dos barracões dos bumbás. Lá dentro, os seus componentes terminavam os preparativos para o
duelo, que aconteceria no Bumbódromo, naquele final de semana.
A essa altura já havia indícios de
uma possível aproximação de Rodolfo e Lorena. Os dois andavam de mãos dadas e
trocavam olhares comprometedores. No pescoço, nos cabelos e até nas orelhas carregavam os colares e adereços azuis do boi escolhido.
Ao fundo, podia-se ouvir a bateria ensaiar a
toada principal da apresentação do boi Caprichoso. Uma música envolvente, que
fazia as pessoas se emocionarem.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa
Com
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