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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

"PLANETA ÁGUA" ÁGUA QUE NASCE NA FONTE SERENA DO MUNDO E QUE ABRE UM PROFUNDO GROTÃO. ÁGUA QUE FAZ INOCENTE RIACHO E DESÁGUA NA CORRENTE DO RIBEIRÃO. ÁGUAS ESCURAS DOS RIOS, QUE LEVAM A FERTILIDADE AO SERTÃO. ÁGUAS QUE BANHAM ALDEIAS E MATAM A SEDE DA POPULAÇÃO.(...)' COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES

A MAGIA DAS CORES

CAPÍTULO QUATRO
             Rodolfo estava perplexo com a história do Boto cor de rosa, mas ainda havia muitas coisas surpreendentes para serem vistas, na ilha de Parintins. Celina chamou a atenção dos amigos para as cores da cidade, no mínimo uma realidade inusitada. A metade da avenida, os canteiros centrais, inclusive as lixeiras, postes de luz e troncos de árvores, era pintada de azul e a outra metade era toda pintada de vermelho.

              O táxi ganhava outras ruas da cidade de Parintins e a magia das cores se acentuavam, ainda mais, quando se aproximavam dos redutos dos bumbás. Ali podia-se ver a força e a magia da cor azul ou vermelha, de acordo com o seu boi de referência.

            O comércio ostentava a metade, dentro de cada loja, nas vitrines e no lado de fora, em azul e a outra metade em vermelho. Em toda a cidade estavam presentes as cores azul e vermelho, na fachada dos Bancos, nos telefones públicos, nos bancos da praça e nas residências também; uma cidade em duas cores predominantes.

            Celina, que era a maior conhecedora do local, pois visitava sempre seu irmão, tentava explicar o motivo de colorir a cidade daquelas cores. Aquilo tudo tinha a ver com a paixão dos parintinenses, pelos bumbás. As torcidas apaixonadas de cada boi eram radicais e dividiam a cidade. Sendo assim, para não perderem os clientes, os comerciantes utilizavam as duas cores, vermelho e azul e se posicionavam com neutralidade.

            A moça estava empolgada e continuou explanando sobre o assunto tão interessante. Rodolfo e Lorena pareciam estáticos, ouvindo Celina. O motorista do táxi, que estava atento à conversa, desenvolvia uma velocidade baixa, para que os turistas pudessem apreciar as belezas da cidade. A moça continuava contando o que sabia sobre Parintins e a paixão do povo pelos bumbás.

           - Os dois bois rivais, que se enfrentam na arena do festival folclórico, que acontece todos os anos em Parintins, são: Garantido, cor vermelha e branco e Caprichoso, cor azul e branco. A cidade se divide nas torcidas dos bumbás e um não pode dizer o nome do outro porque, dizem, dá azar. Quando a turma do Caprichoso precisa se referir a alguém do Garantido, ou vice e versa usam a palavra “contrário”, para não falar o nome do adversário.

             - A paixão pelos bois é tão grande, que chega a dividir famílias e as vezes levam até a separação de fato. A cidade se transforma em uma grande festa, com a chegada de muitos barcos, cada um enfeitado com a cor da torcida do seu boi, azul ou vermelho. São turistas de todas as partes do país e até do estrangeiro, que visitam a ilha na ocasião do festival, que acontece no último final de semana do mês de junho, sexta-feira, sábado e domingo.

           - As belezas das ilhas do arquipélago Tupinambaranas encantam os turistas, além do festival folclórico. Parintins é cercada por uma infinidade de lagos piscosos e apresenta nas proximidades muitas praias de areias brancas. Na orla existe um calçadão com bares e restaurantes, onde as pessoas podem apreciar a vista do rio Amazonas, enquanto degustam as delícias da terra.

Lorena e Rodolfo estavam satisfeitos por estarem em Parintins e ter como guia uma amiga tão querida. O táxi parou, haviam chegado na casa do Gerson, irmão de Celina. Bateram e apareceu a Rosana, a dona da casa, que os convidou a entrarem. Depois das apresentações, Celina e Lorena foram para o quarto de hóspedes e para o Rodolfo fora arrumado o quarto da edícula, nos fundos da casa. Ele ficou satisfeito, assim teria um pouco de privacidade.

                Rosana era prestativa e logo que o marido chegou, ela chamou os hóspedes para o almoço. Depois foram descansar, para mais tarde, o grupo sair e comprar camisetas e adereços do Caprichoso, que era o boi preferido da família.

                O sono foi reparador, os três estavam cansados e após o jantar saíram para conhecer a cidade. Havia muito movimento ao redor dos barracões dos bumbás. Lá dentro, os seus componentes terminavam os preparativos para o duelo, que aconteceria no Bumbódromo, naquele final de semana.

            A essa altura já havia indícios de uma possível aproximação de Rodolfo e Lorena. Os dois andavam de mãos dadas e trocavam olhares comprometedores. No pescoço, nos cabelos e até nas orelhas carregavam os colares e adereços azuis do boi escolhido.

           Ao fundo, podia-se ouvir a bateria ensaiar a toada principal da apresentação do boi Caprichoso. Uma música envolvente, que fazia as pessoas se emocionarem.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a Wikipédia

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