ME
ENGANA, QUE EU GOSTO.
CAPÍTULO
CINCO
A partir desse dia, Lívia abriu
seus olhos e ouvidos, não tinha vocação para ser traída. Sentia que havia outra
mulher entre ela e seu marido. Murilo estava estranho, tentava agir normalmente,
mas não convencia. Mostrava-se preocupado com a aparência e estava usando
perfumes para trabalhar. Ele sempre fora um homem simples e bastante desleixado, até a pouco tempo; a mudança era visível.
Toda vez, que ela se encostava nele
à noite, ele se retraia e inventava uma desculpa. A rejeição à esposa era
sentida e magoava Lívia. O mecânico agradava os filhos, mas tratava a mulher com
reservas; queria se esquivar de suas obrigações matrimoniais.
Lívia estava atenta e alguns dias
depois do carnaval, o marido avisou que iria chegar mais tarde, pois tinha
muito serviço para entregar no dia seguinte. Ela deixou as crianças com a
vizinha e pegou um táxi, para verificar a veracidade da situação. Quando chegou
em frente à oficina, ela viu seu marido saindo com uma mulher, então, voltou
para casa. Iria espera-lo para uma conversa.
A amante de seu marido era uma
morena bonita e vistosa, capaz de tirar qualquer homem de sua família. Saíram
abraçados, estavam rindo e pareciam felizes. No entanto, ela não deixaria que
isso acontecesse. As crianças precisavam do pai e, não seria qualquer uma, que
estragaria sua vida.
Quando
o automóvel adentrou à garagem, já passava das vinte e três horas. Era fato que
Murilo estivera com sua amante durante, pelo menos, quatro horas. Lívia
queimava de raiva por dentro, mas resolveu manter a calma. Respirou fundo e
recebeu o marido com um beijo, o verdadeiro beijo de Judas.
Percebeu que Murilo estava cheiroso, era loção
de barba com perfume feminino. Se estivesse trabalhando, estaria fedendo a
graxa e óleo, mas estava com a roupa de domingo e quando abria a boca, cheirava
a cerveja.
-
A farra, com certeza, fora muito intensa, mas, daria o troco. Concluiu a mulher
traída.
Lívia
correu para a cama e ficou esperando o marido, que demorava para se deitar, certamente, estava esperando ela dormir. Quando o relógio bateu meia noite, ele
foi para o quarto. Chegou lentamente, para que ela não acordasse. Virou para o
lado contrário e ficou quieto. Entretanto, sua mulher estava acordada e o
agarrou exigindo dele, seu papel de homem.
O homem gaguejou, tentou fugir dizendo estar
cansado, porém não adiantou, sua mulher estava insaciável. Lívia não deixou o
marido dormir, queria deixa-lo exausto. Passava das quatro horas da manhã,
quando Murilo pode dormir, agora estava, realmente, cansado.
A
esposa sentia-se vingada, ele teria que ser um super-homem, para aguentar o
trabalho e duas mulheres em uma atividade intensa. Era o que ele merecia,
estava enganando sua esposa descaradamente. Então, ele iria sentir na pele,
quem era a mãe de seus filhos. Lívia era uma mulher pacata, mas se tornava uma
guerreira, quando se tratava de defender sua família.
O
relógio marcava sete horas da manhã e a esposa chacoalhou seu marido, para que
se levantasse, era hora de trabalhar. Murilo resmungou, não iria trabalhar,
pois estava muito cansado.
- Você vai trabalhar de qualquer
jeito, a oficina está com muito serviço e os funcionários estão esperando por
você. A mulher foi taxativa.
Murilo arregalou os olhos, nunca
sua mulher falara daquela maneira durante todos aqueles anos de casamento. E,
ela continuava em pé ao lado da cama. Então, o marido resolveu se levantar para
ir trabalhar.
Saiu da cama resmungando e foi
para o banheiro, enquanto isso a mulher se mantinha em pé na porta. Começava o
jogo duro e, o homem não teria saída, tinha que trabalhar e comparecer à noite
com seus deveres matrimoniais.
Lívia
começava a vasculhar as roupas do marido, precisava juntar provas para dar um
xeque mate.
Naquela
noite, Murilo chegou cedo em sua casa e depois do banho caiu na cama, estava
muito cansado. Apagou a luz e deixou seu celular em cima do criado-mudo; depois
se entregou a um sono profundo. Lívia pegou o celular e foi até a sala, iria vasculhar
o aparelho. Tinha a certeza que descobriria os podres de Murilo.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa