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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

"BANDEIRA BRANCA, AMOR" (...) SAUDADE MAL DE AMOR, DE AMOR. SAUDADE DOR QUE DÓI DEMAIS. VEM MEU AMOR, BANDEIRA BRANCA EU PEÇO PAZ." CANTORA: DALVA DE OLIVEIRA. COMPOSITOR: MAX NUNES

A PESCARIA

CAPÍTULO DOIS
           O dia já estava terminando e Murilo não conseguia pensar em nada, para ficar fora de sua casa naquela noite. Sua esposa iria desconfiar, se ele saísse na noite de carnaval. Ultimamente, Lívia estava tentando agradá-lo, parecia estar pressentindo alguma coisa.

             Permanecia acordada na maioria das noites e o marido era quem arrumava desculpas, para não fazer amor. A situação tornara-se estranha, fora invertida. Muitas vezes, Murilo voltava de encontros calorosos com a amante e não tinha energia para novos desempenhos. Sua mulher cobrava mais amor, mais carinho e ele justificava a falta, alegando cansaço por trabalho exaustivo.

           Raquel havia telefonado marcando um encontro na Sapucaí, depois do desfile da escola, que ela representava como a rainha da bateria. O amante não poderia dizer não, pois também queria estar presente no desfile e ver sua amada brilhar.

             O mecânico ficava alerta e seu coração disparava ao pensar, que sua deusa estaria exposta ao público. Precisava vigiar ou não teria sossego e, assim que acabasse a apresentação, ele queria estar na dispersão, esperando por ela.

Quando já estava perdendo as esperanças, apareceu um amigo, que fazia tempo ele não via. Leonel era uma boa pessoa, que o mecânico conhecia desde criança e sempre, quando aparecia, era para pedir dinheiro emprestado, que pagava religiosamente.

 Dessa vez, era para passar uns dias na fazenda de um conhecido, em Minas Gerais. Fazia parte de uma turma de pescadores, que tinham o intuito de descansar e fazer retiro no carnaval.

                Dentro da cabeça do mecânico acendeu uma luz, era a solução para o seu problema e poderia render pelos quatro dias de carnaval.

             – Sim, eu empresto o dinheiro em troca de um grande favor. E abriu um largo sorriso. Leonel ficou surpreso e disse:

            - Claro, o que você precisar, lhe devo muitos favores.

            Murilo tratou de fechar a oficina e no caminho foi detalhando, aquilo que o rapaz deveria fazer.

              – Vamos até a minha casa e você vai dizer para Lívia, que me convidou para passar o carnaval em um rancho de pescaria, em Minas Gerais.

                 Leonel ficou espantado e perguntou:

              - O que você vai fazer?

             - Descansar pescando com você e a turma, somente isso. Estou estressado de tanto trabalhar.

                Em seguida, deu uma piscada e Leonel entendeu, não deveria perguntar mais nada. Sua missão seria convencer a esposa do amigo, que ele precisava descansar pescando com os conhecidos.

                Chegaram a casa de Murilo e com a cara mais deslavada do mundo, os dois, encenaram o ato de pobres pescadores em retiro de carnaval. A mulher ficou contente, em saber que seu marido iria descansar durante o carnaval.

             - Ele está precisando, pois, ultimamente anda muito nervoso. Concluiu Lívia.

                 Murilo pediu para sua esposa arrumar as malas e as crianças, porque a deixaria na casa da mãe dela, enquanto ele estivesse fora. Todos ficaram felizes. Lívia queria visitar sua mãe e matar as saudades. A casa da sogra de Murilo ficava do outro lado da ponte rio Niterói, na cidade do mesmo nome. Não era muito longe, mas era longe o suficiente, para o rapaz sentir-se livre.

                Foi uma correria até Niterói, mas o mecânico estava feliz, com quatro dias de liberdade para se divertir ao lado da mulher amada. Estava apaixonado e parecia um colegial ansioso pelos carinhos, do objeto de seus desejos.

             Levou suas coisas para a oficina, pois não poderia voltar para sua casa. Os vizinhos poderiam vê-lo e contar para Lívia. Era melhor se precaver, não queria problemas com sua mulher.

           Quando Murilo voltou de Niterói para o Rio de Janeiro, já era tarde, onze horas da noite de sexta-feira de carnaval, mas ele ainda teria tempo para se arrumar e ir ao encontro de Raquel. A escola de samba que ela participava, seria a terceira a desfilar, daria tempo de aplaudi-la.

           Depois, a noite seria apenas uma criança, nos braços de sua rainha. Murilo estava muito feliz, agora era desfrutar de toda aquela euforia, que existia na Sapucaí.

            Assim, ele chegou no Sambódromo, o mundo mágico das fantasias; ali era o local onde apenas os sonhos mais loucos, eram permitidos.

                 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
MEU MUNDO REINVENTADO.

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