VITÓRIA É O SEU NOME
PRECISO DE AJUDA
CAPÍTULO UM
Mateus estava preocupado, dirigia
devagar, para que Daniela pudesse observar a paisagem. Ela estava empolgada com
a situação, pois ficaram noivos na sexta-feira à noite e receberam de um amigo,
a chave da casa dele, para passarem uma semana na praia. Os dois estavam de férias,
que juntos haviam planejado para descansar e se divertir muito.
Trabalhavam na mesma indústria
farmacêutica, ele na administração e ela no Recursos Humanos. Conheceram-se nos
corredores do refeitório, no horário do almoço. Fazia seis meses que estavam
namorando e a moça havia descoberto uma gravidez inesperada.
Daniela fez o teste de farmácia em sua
casa e quando deu positivo, ela chorou.
Depois, não se cansava de olhar os dois
riscos vermelhos na fita do teste. Dormiu chorando, seus pensamentos voavam
entre seu amor por Mateus e seus familiares.
No dia seguinte, contou para o
namorado e mostrou a fita com o resultado positivo. Mateus ficou sério, estava
surpreso. Ela esperou sua reação com lágrimas nos olhos, estava temerosa e
emocionalmente fragilizada.
Então, o rapaz a abraçou e
simplesmente disse:
- Tenha calma meu amor, estamos
juntos para o que der e vier.
- Ela se aninhou em seus braços e
chorou todas as lágrimas, que estavam presas na garganta. Depois voltaram ao
trabalho, conversariam mais tarde.
O médico dissera, após uma ecografia,
que ela estava gestante de oito semanas. A moça queria dar a notícia aos seus
pais somente depois do casamento, ou sofreria severa censura. Os pais eram
pessoas do interior de Minas Gerais e não gostariam que sua caçula fosse mãe
solteira, a filha sabia disso.
Quando Daniela se mudara para a cidade
grande, foi alertada por todos, sobre os perigos que encontraria longe de casa.
No entanto, a moça insistiu, queria trabalhar, estudar e vencer na vida. Por
isso, não poderia voltar para sua família grávida e solteira. Ela não queria dar nenhum desgosto aos pais já
idosos, e os dois namorados resolveram se casar.
A região era belíssima, Caraguatatuba
é uma cidade turística, no litoral norte do estado de São Paulo. Um lugar onde o
mar azul fica em frente as montanhas, lá há casas luxuosas com acesso ao mar,
formando praias particulares. A casa onde se hospedaria o casal, ficava em uma
pequena vila a uns vinte quilômetros dali: Maresias, um lugar famoso, por suas
belas praias.
A casa do Rui, o amigo de Mateus,
não era luxuosa, mas um pequeno sobrado situado nos arredores da cidade. E, nas
encostas dos morros podia-se observar casas de invasão, crescendo por ali. As
montanhas tiveram as encostas desmatadas para construções e havia perigo de
deslizamentos de terra e desabamentos de casas, já que havia muitas construções
em área de risco.
- A civilização avança nesse paraíso
de maneira desordenada, é uma pena! Daniela fez essa observação com
desapontamento.
- É a maneira, que os menos
favorecidos encontram para viver nesse lugar lindo! Respondeu Mateus.
E, seguiram em frente extasiados
com a beleza do lugar.
O verão se aproximava e os dias estavam
muito quentes. Com altas temperaturas, as nuvens negras se formavam rapidamente
e despejavam muita água na região. Os pequenos agricultores de verduras e
hortaliças ficavam animados com a possibilidade de boas colheitas. Era um local
que enchia as vistas com suas belezas naturais, e estava sempre cheio de
turistas.
Chegaram e logo começou
a chover forte. Trataram de tomar banho e comer um lanche, que compraram no
caminho e depois foram se deitar. A energia foi interrompida, por causa de
raios e trovões assustadores. A chuva caia torrencialmente e Daniela se agarrou
em Mateus, eram muitos relâmpagos e trovões. Apesar do barulho da tormenta,
acabaram adormecendo, pois estavam cansados.
Já era tarde da noite, quando a moça acordou
gritando, estava com fortes dores abdominais. Mateus acordou assustado e
perguntou o que estava acontecendo. Daniela disse que estava com
muitas dores no pé da barriga, enquanto isso, de seus olhos despencavam lágrimas de dor. Depois ela relatou, que estava perdendo algum
líquido, que molhava sua roupa.
Em meio ao escuro, o rapaz pegou
o celular e acendeu a luz traseira, para ver o que era o líquido referido. A
cama estava suja de sangue vivo, então ele levou a moça para o banheiro, queria
que ela tomasse um banho. Depois chamou a polícia, pois não sabia o número da
emergência local. Em dez minutos, a viatura estava diante da casa para socorrer
a moça.
Enrolada em uma coberta, Daniela
foi levada pela viatura a caminho do Pronto Socorro mais próximo. O percurso
foi interrompido por uma queda de árvore na estrada. Ficaram cerca de uma hora
esperando que os bombeiros desobstruíssem o caminho. A moça se contorcia em
cólicas no banco de trás do veículo. Mateus segurava a noiva nos braços, mas
nada podia fazer.
Finalmente, quando chegaram ao
Pronto Socorro foi constatado um processo de aborto em curso, a paciente
deveria ficar internada no hospital.
A moça não se aguentava de
cólicas e nem conseguiu protestar, apenas queria que parassem aquela dor.
Mateus permanecia ao seu lado segurando suas mãos, era tudo o que conseguia
fazer naquele momento; estava assustado. A gestante foi conduzida ao quarto,
onde deveria ficar em observação, até que expelisse o feto; pois o aborto fora
confirmado.
A chuva torrencial continuava firme e forte lá fora.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa