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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

"NÃO APRENDI DIZER ADEUS" LEONARDO "NÃO APRENDI DIZER ADEUS. MAS DEIXO VOCÊ IR SEM LÁGRIMAS NO OLHAR. SEU ADEUS ME MACHUCA. O INVERNO VAI PASSAR E APAGA A CICATRIZ". COMPOSITOR: JOEL MARQUES

                                         UM CASO SÉRIO 

CAPÍTULO ONZE

           No hospital, Otávio se contorcia em dores. Os analgésicos tiravam suas dores momentaneamente, mas logo, voltavam a atormentá-lo. A parte da pele que fora atingida pelo ácido, latejava o tempo todo, para dormir lhe davam sedativos potentes. O pouco que dormia, tinha pesadelos horríveis com o ataque de Liana. Ela o odiava e queria vê-lo morto, disso ele tinha certeza. 

            Seu olho esquerdo fora afetado parcialmente. Os exames acusaram lesões sérias, mas parciais, pois em um ato instintivo, ele fechou os olhos na hora do ataque, assim, o líquido não o cegou totalmente. O oftalmologista disse que ele poderá se tornar um deficiente visual, mas terão que esperar, para ver a extensão da lesão. 

           - As feridas no rosto foram profundas e em alguns lugares, necessitam de enxertos. Quanto a orelha, a situação é muito pior; terão que retirar a parte necrosada e ele ficará somente com a aba superior da cartilagem. O rapaz terá um longo tempo de internação e cuidados especiais do cirurgião plástico.    

      Essas informações obtidas por Júlia, foram dadas pelo médico, que atendeu o paciente e o acompanhou nos primeiros socorros, e ela repassou para Neiva. 

            - Diante dessa situação, Otavio mantem a queixa contra sua noiva, jamais a perdoará. A moça fez uma pausa, estava emocionada com a situação do seu amor. Assoou o nariz e prosseguiu:    

            - Ele está revoltado, disse que nunca poderia imaginar que Liana tivesse coragem, de praticar uma agressão tão grave.  O médico dissera que ele ficará com cicatrizes para o resto da vida. A cirurgia plástica fará tudo para minimizar as marcas, mas será difícil, diante da gravidade do quadro, prometer alguma coisa.

           Neiva manteve-se calada, não sabia o que dizer diante de fatos tão graves. Seu silêncio demonstrava sua tristeza, ela sentia que sua sobrinha estava encrencada pra valer. 

              Antônio, o pai de Liana, chegou a São Paulo quando já estava escuro, precisava arrumar um advogado, mas a noite seria difícil.  Deixaria a filha dormir mais uma noite na prisão, assim, ela teria tempo para refletir.

              O homem, revoltado com o problema criado, foi ao hospital, precisava saber da gravidade e extensão do ato praticado pela filha. Lá encontrou-se com a mãe de Otávio, que chegara mais cedo e estava furiosa. O chefe do rapaz, também, estava lá prestando solidariedade. 

              – O que será do meu filho agora? Ele estava feliz com o novo emprego. E começou a chorar. 

              O homem não sabia o que dizer, eram conhecidos de longa data e ele não poderia apoiar o ato insensato de sua filha e nem a traição do rapaz. No entanto, Antônio se comoveu com o sofrimento da mulher e tentou acalmá-la. 

            – Vamos tentar contornar essa situação, em que posso ajudá-la?

 Vera, era o nome da mãe de Otávio, não conseguia falar, estava tomada pela emoção e o homem tratou de pegar um copo com água e oferecer a ela. O desespero maior da mulher era não poder ver seu filho, por causa da pandemia. 

            Depois de algum tempo, a mulher concordou em acompanha-lo até a pensão, em que Neiva estava hospedada. As duas mulheres se acolheram com os olhos cheios de lágrimas; eram conhecidas de longa data. Neiva acompanhou Vera até o apartamento do filho, onde estava Júlia. 

          Antônio foi ao escritório de um advogado, indicado pelo chefe de Otávio para acompanhá-lo até a delegacia. Iria pagar a fiança e libertar sua filha no dia seguinte. Esteve na delegacia e disse isso a ela, a noite não seria possível, pois dependiam de documentos, que seriam obtidos no cartório.

            A moça chorou, mas não teve jeito e tratou de se acomodar no canto do beliche para dormir. Estava arrependida pelo ato praticado, ainda amava Otávio. As duas companheiras de cela ficaram vigiando a moça. 

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

 


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