ANSIOSO
DE VOCÊ
CAPÍTULO
QUATRO
Benjamim foi convocado, em caráter
de urgência, para uma missão perigosa. Ficou nervoso, pois precisava avisar Eloisa.
Deixou uma mensagem no Skype, não havia outro jeito para avisá-la. Passou o dia
e a noite pensando nela, mesmo com o perigo rondando a sua tropa, nunca se
esqueceu de Eloisa.
Esteve
sobrevoando os piores lugares dos esconderijos dos rebeldes, sofreu algumas
baixas, mas saiu ileso e com a certeza de que a vida é breve e deve ser vivida
intensamente.
Quando
retornou, a primeira coisa que fez foi ver se havia alguma mensagem de sua
amada. Para sua felicidade havia votos de bons augúrios. Eloisa dizia para ele
se cuidar, que estaria esperando por ele. O general ficou feliz e tratou de ir
para sua casa, precisava descansar para rever a sua Eloisa na madrugada.
No
entanto, ele adormeceu profundamente; estava exausto por muitas horas de alerta
contra os rebeldes. E, quando acordou o Sol já havia nascido fazia tempo.
Benjamim não se conformava, como pudera adormecer e perder a hora de ver o seu
amor? Estava desolado. Naquela hora do dia a moça já estaria trabalhando e
deveria estar com muita raiva dele. Faltara com seu compromisso e agora não
sabia o que fazer.
Passou o resto do dia de mau
humor descontando em todos que se aproximavam dele, distribuindo ofensas e
palavrões. Parecia estar com raiva do mundo, um verdadeiro ogro. Antes de sair
para sua casa foi ao computador e não havia nenhum recado da moça. Ele, então,
desabou.
-Será que ela não quer mais falar
comigo? Pensou acabrunhado, o homem estava apaixonado.
Ficou um tempo sentado coçando a cabeça;
depois resolveu deixar uma desculpa, seguida de uma breve explicação para
tentar comover Eloisa.
- Meu amor, me perdoe, ontem não
pude lhe falar porque houve uma terrível tempestade e acabou a energia
elétrica. Ficamos sem internet durante toda a noite e parte da manhã. Estarei
aqui no horário de sempre, beijos, seu general.
Então, respirou aliviado, Eloisa
teria que entender a situação. Foi para sua casa e colocou o despertador sobre
o criado mudo; não poderia perder a hora novamente. Estava ansioso e muito
nervoso, não queria desapontar a moça. Dormiu e teve pesadelos horríveis com os
rebeldes, que raptaram a sua amada. Acordou suando, pouco antes do relógio
despertar.
Tomou um banho frio e saiu madrugada
a dentro para rever Eloisa. O general carrancudo e frio tinha um coração quente
e cheio de amor, que pulsava em segredo. Dirigia rapidamente, pois temia um
ataque dos rebeldes, que eram imprevisíveis e constantes.
Quando
a moça apareceu na tela do computador ele olhou para ela e sorriu com o
coração. Estava completamente indefeso, a mercê dos desejos de sua amada.
Então, ele lhe disse:
-
Estou ansioso de você, e sorriu mostrando os dentes brancos sob o bigode preto.
Era a mais pura verdade, seus olhos pregados na moça demonstravam um encantamento
pleno.
- Ele é um homem bonito quando sorri, pensou
Eloisa.
E
ela, displicentemente, perguntou:
-
Você me ama?
-
Muito mais do que você pode imaginar, por você sou capaz de fazer loucuras. Então,
ficou olhando e sorrindo para ela, estava extasiado. De repente ele fechou a
tela e ela ficou brava.
-
Por que fechou a câmera? Não gosta mais de mim?
-
Gosto tanto que preciso apagar para poder respirar, estou ansioso demais para
me controlar. Me perdoe, depois conversamos.
-
Aceita minha chamada velho turrão; eu quero vê-lo.
- Amanhã conversaremos mais, preciso
descansar, eu te amo. E, se foi.
- Velho turrão mil cruzes, ficou
gritando a moça. Nunca mais quero vê-lo.
Um texto de Eva Ibrahim