AMOR
EM QUALQUER TOM
CAPÍTULO
DEZ
A semana acabou em grande estilo e
amanheceu uma segunda feira chuvosa, onde as pessoas estavam de ressaca da
festa de abertura das olimpíadas. E, não queriam sair do alojamento, precisavam
recuperar as forças. Benjamim percebeu que não poderia escapar naquele dia,
teria que aguardar o dia seguinte, onde teriam prosseguimentos os jogos das
equipes de seu país. Ficara desolado, Eloisa estava de férias e ele não queria
perder tempo, tinha urgência em ficar perto dela.
Foi
um dia cheio de frustrações; Benjamim não conseguiu falar com sua amada; havia
gente de sua equipe por perto o tempo todo. Desejou boa noite à Eloisa por mensagem
e sua noite foi péssima. Um dia perdido, para quem tinha tão poucos para
desfrutar com seu amor. Precisava planejar alguma coisa para poder ficar ao
lado dela na terça-feira.
Ele
soube pelos companheiros que o time de vôlei, principal time de seu país, havia
perdido na estreia. Isso era mais uma preocupação, pois havia a possibilidade
de voltarem para sua terra antes de terminar as olimpíadas.
Durante
dois dias ele precisou acompanhar sua equipe ao estádio e pouco antes do início
da última disputa, ele saiu sorrateiramente e foi encontrar-se com Eloisa. Já não aguentava mais esperar para
tê-la em seus braços.
Enquanto
as competições tinham prosseguimento, o casal de namorados deixou a vila
olímpica e seguiram abraçados sem rumo. Passaram a tarde juntos e no momento de
dizer até logo, Benjamim puxou Eloisa e de comum acordo seguiram para um motel.
O
amor que sentiam não poderia morrer em um simples adeus, pois o general sabia
que se a equipe de seu país perdesse naquele dia, eles retornariam no dia
seguinte à sua terra. Para os dois apaixonados, nada mais importava naquele
momento, nem a preocupação que o desaparecimento de Benjamim ocasionaria aos
seus companheiros.
O dia amanheceu e Eloisa sacudiu
o general, que adormecera profundamente. Ele deu um salto, não poderia ter
feito aquilo, seria punido, com certeza. Vestiu-se de qualquer jeito e saiu
puxando a moça pela mão. Entraram no primeiro ônibus que apareceu e seguiram
cada um para seu destino.
O último beijo teve sabor de
despedida, poderiam nunca mais se verem. A moça desceu primeiro e parou para
olhar o veículo se afastar; ficou sentindo uma sensação de perda irreparável.
Quando
Benjamim adentrou ao recinto das olimpíadas, os seus companheiros estavam
prontos para chamar a polícia, pensavam que ele poderia estar, até mesmo, morto
em uma cidade tão violenta.
Foi
uma surpresa muito grande ver que estava bem e sem jeito, pois não tinha
satisfação a dar. Seus companheiros não se cansavam de lhe cobrar explicações;
estavam realmente nervosos. Finalmente, ele balbuciou alguma coisa e disse que
adormeceu deitado na praia.
-
Estava com calor e acabou dormindo junto de uma barraca de cocos. Alguns duvidaram da explicação e
outros agradeceram aos céus por ele ainda estar vivo. Naquela noite, o avião
levando Benjamim e sua comitiva alçaram voo de volta para casa.
Os
dias foram passando e eles continuaram a se falar pelo Skype, mas a surpresa
apareceu dois meses mais tarde. Eloisa estava grávida de um filho do general.
Ambos ficaram felizes, mas ele só poderá conhecer pessoalmente o filho, quando
se aposentar.
Benjamim
acompanhou a gravidez de Eloisa pelo Skype e com muitas saudades de estar com
ela e ao lado dela. Todos os meses ele lhe mandava uma quantia em dinheiro para
ajudar nas despesas e finalmente o bebê nasceu, forte e saudável.
Um futuro general, segundo o pai coruja, que
aguarda ansiosamente sua aposentadoria para viver com Eloisa e o pequeno
Benjamim Brasil da Silva. Foi assim que ele quis que o seu filho fosse
registrado.
Quando a moça lhe mostrou o registro, ele
sorriu com seus dentes brancos e foi logo dizendo:
-
Que lindo! O meu pequeno casca dura brasileiro.
Um texto
de Eva Ibrahim