COMPAIXÃO,
O AMOR MAIOR
CAPÍTULO
QUATRO
Andreia e Samuel tomaram fôlego, depois acompanharam o séquito, que seguia pela rua cheia de gente olhando. O casal
sentia o peso daquela roupa antiga, parecia carregada de dor e tristeza e se
mantinham a certa distância dos tumultos.
Por onde passavam, na sequência da
história da Paixão de Cristo, a maioria parava para tecer escárnios e alguns para
lamentar a situação do condenado. Entre tantas pessoas havia um grupo de
mulheres, que seguiam Jesus de Nazaré e o admiravam pelos seus ensinamentos.
Entre elas estava uma mulher chamada Seráfia, mulher de Sirac, membro do conselho
do Templo, que nutria profunda admiração e compaixão por Jesus.
Seráfia já havia sido repreendida por
seu marido, por se juntar às mulheres piedosas da localidade. No entanto, queria
aliviar as dores do condenado. Por isso, ela preparou uma bebida leve, a base
de vinho, e colocou em um cântaro, queria oferecer a Jesus e aplacar sua sede,
durante o caminho para o calvário. Saiu as ruas acompanhada de uma menina, que ela
havia adotado, esperando uma oportunidade de se aproximar e oferecer a bebida.
Porém, em sua primeira tentativa não obteve
sucesso, a multidão se aglomerava e os soldados romanos as repeliam, com
empurrões e açoites. Seráfia voltou para sua casa e resolveu aguardar até que o
séquito passasse por ali. Não pensava em desistir, a sua compaixão era maior
que o medo do perigo.
Ficou à espreita, e quando se
aproximavam, ela saiu de mãos dadas com a menina. Esta segurava a bebida
debaixo de seu manto, enquanto a mulher trazia um lenço pendurado em seu ombro.
Mais alguns passos e Jesus cambaleia e cai. Nesse momento, Seráfia se aproxima
dele, pois o acompanhava de longe e vendo o caído no chão, sentiu que era a
hora de demonstrar sua compaixão.
Aproximou-se tirando o lenço, que estava depositado em seus ombros, depois ajoelhou-se
e o ofereceu ao condenado, dizendo:
- “Permita-me enxugar o rosto do meu senhor”.
Jesus aceitou e limpou seu rosto, apertando-o
com sua mão esquerda e depois com as duas mãos. Em seguida, devolveu a peça para a mulher, que
estava manchada de sangue e suor. Serafia beijou o tecido, dobrando-o e
escondendo debaixo de suas vestes, em seguida levantou-se.
Nesse momento, a menina se
aproximou, tentando dar-lhe a garrafa com a bebida, mas foi impedida pelos
soldados romanos, que açoitando o ser divino, afastaram a mulher e a criança aos
empurrões. Logo após, o condenado prosseguiu com sua cruz. A mulher e a menina
entraram correndo para dentro de sua casa, deixando muita gente comovida com a
cena.
Andreia começou a chorar, era triste
demais presenciar tamanha atrocidade, então se recostou em seu porto seguro,
que era seu marido. Samuel a puxou para debaixo de uma árvore e tirando da
bolsa um copo de água, ofereceu à sua mulher. Depois seguiram o povo, acompanhando as estações do calvário.
A beata, entrando em sua casa,
estendeu o lenço sobre a mesa e caiu desfalecida no chão; a emoção fora
grande demais. A menina com o cântaro de vinho nas mãos ajoelhou-se, ao seu
lado chorando. Foram encontradas, depois de algum tempo, por um amigo da casa,
que fora visitar a família.
O homem ficou estarrecido ao constatar o rosto
de Jesus estampado no tecido, de uma forma maravilhosa e terrível ao mesmo
tempo. Tratou de reanimar a mulher e apontou para a face estampada no sudário, demonstrando
espanto. Seráfia se ajoelhou comovida exclamando:
- “Agora vou abandonar tudo, o
senhor deu-me uma lembrança”.
Naquela época era comum oferecer um lenço as
pessoas aflitas ou doentes, era sinal de compaixão. A partir desse dia, Seráfia
passou a ser chamada de Verônica, que quer dizer: (vera icon) verdadeira
imagem. Depois ela continuou a acompanhar seu senhor e estava presente durante
o suplício no Calvário, de Jesus de Nazaré.
Verônica mantinha o santo
sudário na cabeceira de sua cama, até o dia de sua morte, então foi levado para
a igreja.
Essa é a história da mulher que
conseguiu minimizar as dores do condenado, com um gesto de extrema coragem e compaixão.
Jesus está sempre presente em todas as
ocasiões que ocorrem dores e traumas insuportáveis. Esse fato demonstra a
importância da misericórdia e solidariedade entre os seres humanos. Andreia
suspirou e abraçando Samuel disse:
- Que honra teve aquela mulher ao
demonstrar amor e compaixão pelo filho de Deus.
- Sim, essa é a mais linda história
de amor vivenciada na terra. Apesar de fatos terríveis apresenta o maior amor
do mundo; o AMOR DE DEUS pelos seus filhos imperfeitos. Concluiu o marido.
Ainda faltava um bom pedaço para
chegar ao monte Gólgota.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa
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